Artur havia descoberto que Inês tinha um caso com um colega de outra delegacia e nesse dia discutiram muito.
Juliette e Rodolffo por coincidência não estavam. Juliette estava nas aulas e Rodolffo na época vivia em casa da mãe.Artur fez-lhe um ultimato para ela sair de casa sem escandalos. Ela pediu uns dias para arranjar onde ficar, depois de suplicar o perdão dele.
Ele conhecia bastante bem o outro. Casado, pai de um menino pequeno, aparentemente com uma vida estável. Quando o confrontou, ficou a saber que tinha sido apenas uma vez e que jamais pensou em abandonar a família. Pelo que Artur percebeu, Inês não significava nada para ele.Juliette entregou a carta ao pai depois de abraçá-lo. Este olhou o envelope e começou a rasgá-lo em pedacinhos.
- Não queres saber o que dizia?
- Não me interessa, filha. Essa mulher está fora das nossa vidas. Agora sou só eu e vocês dois.
Rodolffo voltou da rua e tomou conhecimento do sucedido.
- Aquela mulher deixou-te aqui sózinha numa cadeira de rodas? Que miserável.
- Eu estou bem. Agora o importante é o pai.
- Também estou bem, meus filhos. Sigamos em frente nós três. O resto vamos dar conta.
- Vamos sim. Pai, eu sinto as minhas pernas. Se Deus quiser logo estarei a andar.
- Isso é que é uma boa notícia, Ju. - diz Artur abraçando a filha e Rodolffo veio também abraçar os dois.
Rodolffo instalou as barras na sala e Juliette fazia exercícios todos os dias. Ao fim da primeira semana ela já conseguia dar alguns passos com a ajuda de duas muletas. Não eram muitos, pois cansava-se rápido, mas era um grande avanço.
- Queres ir à rua, ao jardim?
- Tenho medo de cair. Lá o piso é muito irregular.
- Eu estou ao teu lado e não te deixo cair. É só para apanhares um pouco de sol.
Juliette pegou nas muletas e muito lentamente saiu de casa. Caminhou por um pequeno passeio de pedra até ao deck. Teve que subir 2 degraus e Rodolffo teve que a ajudar, mas lá seguiu até chegar ao sofá debaixo da pergola.
- Senta agora. Vês o tanto que caminhaste?
- Fui bem, não fui?
- Muito bem, meu amor.
- Estou com pena do pai. Ele faz-se forte, mas está a sofrer.
- Depois converso com ele. Agora quero saber quando a menina pretende regressar às aulas?
- Assim neste estado? Rodolffo, eu não quero ser empecilho para ninguém lá na faculdade. Eu vou ver se posso assistir on-line enquanto não andar direito.
- Ok. Segunda feira vemos isso em conjunto, agora quero um beijo que eu estou com saudades.