Cap. XXV

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Artur havia descoberto que Inês tinha um caso com um colega de outra delegacia e nesse dia discutiram muito.
Juliette e Rodolffo por coincidência não estavam.  Juliette estava nas aulas e Rodolffo na época vivia em casa da mãe.

Artur fez-lhe um ultimato para ela sair de casa sem escandalos.  Ela pediu uns dias para arranjar onde ficar, depois de suplicar o perdão dele.
Ele conhecia bastante bem o outro.  Casado, pai de um menino pequeno, aparentemente com uma vida estável.  Quando o confrontou, ficou a saber que tinha sido apenas uma vez e que jamais pensou em abandonar a família.  Pelo que Artur percebeu, Inês não significava nada para ele.

Juliette entregou a carta ao pai depois de abraçá-lo.  Este olhou o envelope e começou a rasgá-lo em pedacinhos.

- Não queres saber o que dizia?

- Não me interessa, filha.  Essa mulher está fora das nossa vidas.  Agora sou só eu e vocês dois.

Rodolffo voltou da rua e tomou conhecimento do sucedido.

- Aquela mulher deixou-te aqui sózinha numa cadeira de rodas?  Que miserável.

- Eu estou bem.  Agora o importante é o pai.

- Também estou bem, meus filhos.  Sigamos em frente nós três.   O resto vamos dar conta.

- Vamos sim.  Pai, eu sinto as minhas pernas.  Se Deus quiser logo estarei a andar.

- Isso é que é uma boa notícia, Ju. - diz Artur abraçando a filha e Rodolffo veio também abraçar os dois.

Rodolffo instalou as barras na sala e Juliette fazia exercícios todos os dias.  Ao fim da primeira semana ela já conseguia dar alguns passos com a ajuda de duas muletas.  Não eram muitos, pois cansava-se rápido, mas era um grande avanço.

- Queres ir à rua, ao jardim?

- Tenho medo de cair.  Lá o piso é muito irregular.

- Eu estou ao teu lado e não te deixo cair.  É só para apanhares um pouco de sol.

Juliette pegou nas muletas e muito lentamente saiu de casa.  Caminhou por um pequeno passeio de pedra até ao deck.  Teve que subir 2 degraus e Rodolffo teve que a ajudar, mas lá seguiu até chegar ao sofá debaixo da pergola.

- Senta agora.  Vês o tanto que caminhaste?

- Fui bem, não fui?

- Muito bem, meu amor.

- Estou com pena do pai.  Ele faz-se forte, mas está a sofrer.

- Depois converso com ele.  Agora quero saber quando a menina pretende regressar às aulas?

- Assim neste estado?  Rodolffo,  eu não quero ser empecilho para ninguém lá na faculdade.  Eu vou ver se posso assistir on-line enquanto não andar direito.

- Ok.  Segunda feira  vemos isso em conjunto,  agora quero um beijo que eu estou com saudades.

Planos desfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora