(S/N on)
Faz uma semana que estou vivendo na fazenda do Mateus. E devo admitir, não é tão ruim assim. Claro, é um pouco estranho abdicar de toda a sua vida anterior e viver um relacionamento de fachada com um cantor famoso, mas conforme eu fui fazendo amizade com o pessoal e pegando o jeito de como ajudar por aqui, fica até divertido.
Voltando ao dia de hoje, acordei 5h30, como manda Alice. Tomei um banho rápido, me vesti e parti para a cozinha, para ajudar a ela e Felipe.
Quando Alice me viu chegando, abriu um sorriso de um canto ao outro da boca. Já Felipe, nem ao menos virou-se.
Alice - Oi (S/N)!
Felipe – Eae, surtada.
(S/N) – Oi vocês dois! E Felipe, eu agradeceria se você parasse com esse apelido bobo.
Felipe – Vai sonhando, surtada.
Alice – Ok, parou com isso! Vamos logo com o café da manhã.
O cardápio de hoje era composto de pão com mortadela, suco de laranja e bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Alice ficou encarregada dos pães, enquanto eu e Felipe nos ocupamos com o bolo. Enquanto fazíamos a massa, me perguntei se deveria puxar assunto com o agroemo, mas decidi que não. Não quero nenhuma resposta mal dada vinda desse pirralho.
Felipe – Então... como você se meteu nesse relacionamento com o Mateus?
Não acredito que ele está puxando assunto comigo. Falando desse jeito, até parece que ele é amigável. Mas eu é que não vou perder a chance de falar um pouco com esse projeto de agroemo.
(S/N) – Ah... eu conheci ele num bar, ele chegou em mim e meio que só aconteceu.
Nunca contei uma mentira tão deslavada na minha vida, mas não posso me dar ao luxo de fazer ninguém desconfiar da minha história. Se esse relacionamento de fachada for descoberto, a casa vai cair feio.
Felipe – Entendi... Engraçado, você não me parece do tipo que vai em bares.
(S/N) – Você precisa me conhecer melhor então.
Felipe - ...Se eu tiver sorte.
O que foi isso que ele falou? Não consigo dizer se foi um flerte ou algum tipo de ironia. Fico parada por alguns segundos tentando racionalizar a frase, mas decidi ignorá-la no fim. Passamos o resto da preparação do café em silêncio, eventualmente quebrando-o para pedir por algum ingrediente.
O resto do dia ocorreu de forma tranquila. Ajudei Vanessa a casquear um cavalo e fiz uma sessão de fotos com o Mateus, mas de resto apenas passeei e relaxei. Estava voltando ao meu quarto após o jantar quando Alice me para, segurando uma torta na mão.
Alice – Oi (S/N)! Estou com um pouco de pressa, você pode por favor entregar essa torta para o Felipe? Ele está no quarto dele.
(S/N) - ...ok? – Eu falei enquanto ela me entregava o prato e corria para outro canto.
Bom, enfrentar o moleque depois de um dia relaxante desses é um estresse que eu não queria ter, mas acho que não tenho escolha. Bato na porta e logo uma voz masculina grita de dentro do quarto.
Felipe – Quem é?
(S/N) – A polícia dederal.
Felipe – Engraçadíssimo, surtada. Entra aí.
Abro a porta, e me deparo com um quarto gigante, repleto de referências geeks e LEDs. Há um terrário enorme encostado na parede, onde habita uma cobra branca bem bonita. Sentado na escrivaninha se encontra Felipe, com um fone enorme na orelha. Ele o tira quando me vê.
Felipe – Sua sorte é que a partida acabou agora. O que você veio fazer aqui, além de encher o saco?
(S/N) – Vim te entregar isso aqui. – Estendi o prato para ele e ele o pega. – Mas e aí, tava jogando o quê?
Felipe – Valorant.
(S/N) – Nossa, que padrão. Eu sou mais do tipo Stardew Valley.
Felipe começa a gargalhar. Pela primeira vez, a gargalhada dele não parece tão intimidadora, mas sim com um tom mais amigável.
Felipe – Você realmente se sente no direito de julgar o que eu jogo se você curte brincar de fazendinha?
(S/N) – Ei, é um jogo muito viciante e divertido, tá? Posso passer horas regando as plantinhas.
Felipe – Bom, vou te dar uma oportunidade de me mostrar o quão "bom" esse jogo é. Vamos jogar ele coop, que tal?
Por que ele quer jogar comigo? Sempre achei que ele me odiasse. Mas ele é até fofo assim, mais simpático. Pera, o que foi isso que eu acabei de pensar?
(S/N) – Claro, por que não? Instala ele aí.
Enquanto ele instalava o jogo, ele me mostrou a cobra no terrário. É um macho da raça Corn Snake, chamado Branquelo. Felipe me contou que o nome veio de uma peça que ele pregou em seu primo, Mateus. Ele parecia realmente muito amoroso com sua cobra.
Finalmente, com o jogo instalado, começamos a jogar. Ele pegou uma cadeira reserve que havia no quarto dele e pôs do lado da dele, para eu me sentar. No começo, ele parecia estar detestando, até fazia alguns comentários irônicos, mas conforme foi pegando o jeito, ele pareceu gostar cada vez mais do jogo. Ficamos duas horas jogando e eu nem vi o tempo passando.
Felipe – É, até que não é tão terrivel assim.
(S/N) – Eu te falei, Lipe!
Felipe cora um pouco, mas logo abre um sorriso irônico.
Felipe – Quem te deu o direito de me dar apelidos?
(S/N) – Você tem um pra mim, é justo.
Felipe – Não é não, é totalmente diferente!
Ficamos nesse debate por um tempo, até que uma das pernas da minha cadeira inesperadamente cede e eu caio bem em cima de Felipe. Ficamos alguns segundos parados, sem saber o que aconteceu, mas logo voltamos à tona e rapidamente saímos do arranjo que estávamos. Olho pra Felipe, e o mesmo está Vermelho como um tomate.
(S/N) – Des-desculpa. Eu devia ter notado que a cadeira ia desabar.
Felipe - ...Imagina. E-eu que devia saber que ela estava assim, esqueci de olhar.
(S/N) – Bom, agora não dá mais pra jogar, né? Acho que vou ir para o meu quarto, dormir.
Felipe – Ok... Ei, surtada.
(S/N) – O que?
Felipe – Foi divertido, jogar com você. Vamos fazer isso mais vezes?
Admito que isso me pegou de surpresa. Nunca que eu pensaria que ouviria isso desse emo. Mas fico feliz que ele não é mais tão emburrado comigo.
(S/N) – Claro, Lipe! Eu também gostei de jogar com você.
Felipe – Eu ainda não permiti que você usasse esse apelido comigo.
(S/N) – Agora mesmo que eu vou usar ele sempre. Boa noite, Lipe.
Felipe – Boa noite, surtada.
Volto ao meu quarto, coloco um pijama e vou pra cama, mas demoro a dormir. Estou repleta de pensamentos. Porque Felipe mudou de atitude comigo tão de repente? E por que eu gostei tanto disso?
(Felipe on)
Depois que a (S/N) saiu, voltei ao meu PC. Não vou conseguir dormir tão cedo. Parecia um bobão falando, mas pelo menos tive a coragem de jogar com ela. Ela nunca pode saber disso (e meu primo me mataria se soubesse), mas a verdade é que me apaixonei na primeira vez que meus olhos caíram sobre aquela garota.
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Aquele agroemo (Felipe X Leitora) - Entre Laços e Amassos
Fanfiction(originalmente postado no spirit) Você ainda está se acostumando com a vida na fazenda, após tudo ter virado de pernas para o alto. Entretanto, um certo emo passa a causar turbulências em seus pensamentos...