Pronunciamento (cap. 11)

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Eram diversas notificações, entretanto todas elas com o mesmo tema: O dia que havia passado com Felipe. Alguns posts incluíam fotos, mas o que mais me chocou foram os comentários. Vários, todos eles atacando a minha pessoa. Entre milhares de palavras, uma se destacava: "traição". E aí me dou conta, meu "namoro" com Mateus ainda não se encerrou, pelo menos para o público.

Corro ao quarto de Felipe para chamá-lo.

(S/N) - Felipe! Acorda, é uma emergência.

Felipe – Han?

Felipe se revira um pouco na cama, até olhar para mim com sono. Se senta na cama lentamente, enquanto estendia minha mão para mostrar as postagens. Ele pega o telefone de minhas mãos, lendo o que estava em sua frente. De sono, sua expressão passa a surpresa, chegando a desespero.

Felipe – Ai. Meu. Deus.

(S/N) – O quê a gente faz agora?

Felipe – A única coisa que a gente pode fazer é chamar o Mateus.

E assim fizemos. Apressadamente, andamos pelos corredores até chegar à porta do quarto de Mateus, e batemos violentamente.

Mateus abre a porta, de pijama e visivelmente com sono.

Mateus – Qui é, prin... (S/N)?

(S/N) – Olha o seu celular.

Mateus entra em seu quarto por alguns instantes, em busca do telefone. Ao checar as novas notificações, ele olha contrariado para mim e Felipe.

Mateus – Eu num te falei pra não fazer nada até meu assessor resolver isso? Agora ocês arranjaram mais problema pra minha cabeça.

Felipe dá um passo a frente, ficando bem próximo de Mateus. Visivelmente frustrado e com raiva, começa a proferir palavras agressivas.

Felipe – Olha só quem fala, pelo menos NÃO FUI EU quem trouxe uma namorada de fachada pra fazenda e ficou fazendo teatrinho. E outra, vai me impedir como de sair com minha namorada DE VERDADE? – Felipe dá mais um passo. – Vai fazer o quê, hein? Tá na cara que você ainda gosta dela, e quer atrapalhar nosso relacionamento a todo custo. Eu não dou a mínima pra merda desse seu assessor, faz uma publicação falando toda a verdade, pra ver se suas fãs malucas param de encher o meu saco e da (S/N).

Mateus está tão perto de Felipe que poderia nocauteá-lo apenas com uma cabeçada. Entretanto, ele apenas se entristece e abaixa a cabeça.

Mateus - Felipe, num é assim que funciona... Ocê num sabe como é, ser famoso. As pessoas não perdoam.

Felipe – Realmente, não faço ideia de como é ser famoso, mas você quis isso, não? Quis se a estrelinha dourada da família. Então arque com a porra das consequências e se pronuncie.

Mateus - ...Ok. Vou na primeira mídia 24h que eu achar e fazer um pronunciamento. Mas eu num esperaria uma boa reação se eu fosse ocês.

Felipe pareceu satisfeito. Deu dois passos pra trás, pegou minha mão e me levou de volta ao seu quarto.

(S/N) – Você pareceu alterado... tá tudo bem?

Felipe – Tá... mais ou menos. Eu vou proteger você, e tudo que a gente construiu, para sempre, não importa o que custar.

Minha resposta foi um abraço afetuoso e intenso, que pareceu durar horas. Ao nos separarmos, seus olhos continham o brilho característico de lágrimas, entretanto não consegui determinar se eram de felicidade ou tristeza.

Tentamos dormir, mas não conseguimos. Acho que toda a adrenalina da noite nos impediu de pegar no sono. Repenso tudo que aconteceu na última hora, com sentimentos conflitantes. De um lado, vou ter finalmente meu relacionamento com o homem que eu amo. De outro, não sei como o público reagirá a toda essa história de namoro falso e namoro verdadeiro. Sou interrompida no meio de meus pensamentos por um cutucão de Felipe.

Felipe – (S/N)? Tá acordada?

(S/N) – Sim.

Felipe – Escuta, nenhum de nós vai conseguir dormir. Vamos na cozinha fazer algo?

(S/N) - ...Algo? A gente tem um quarto, não é meio anti-higiênico fazer algo na...

Felipe instantaneamente cora, seu rosto ficando literalmente vermelho.

Felipe – NÃO! Não é isso, - Ele deixa escapar uma risada nervosa – Fazer um bolo, algo assim.

(S/N) Ah... claro. – Agora a risada nervosa foi minha. – Vamos lá, vai ser divertido.

Ele se levanta da cama, indo até meu lado e me ajudando a me levantar, logo após me dando um beijo delicado e suave. Com sua mão em meu quadril, ele me guia até a cozinha, onde decidimos fazer um bolo de leite ninho. Juntamos os ingredientes e começamos a fazer a massa. Ao tentar pegar a farinha de trigo, acabo por esbarrar minha mão na de Felipe, que olha para mim e dá um riso sincero, o que me faz lembrar da época em que ainda não namorávamos. Essa memória me deixa ainda mais apaixonada por ele, o que me faz puxá-lo apaixonadamente para um beijo enamorado.

A tensão do beijo foi aumentando, e em alguns minutos eu estava pressionada contra a parede com Felipe à minha frente, com uma mão em minha nuca e a outra em minha cintura. Paramos por alguns segundos para respirar e constatei que os olhos de Felipe transbordavam desejo. Bruscamente, ele me pega no colo, me colocando na bancada da cozinha.

Felipe – Só para você saber, eu não ligo de ser anti-higiênico...

Somos interrompidos pela TV, que mostra Mateus, com uma expressão séria, prestes a dizer algo.

Aquele agroemo (Felipe X Leitora) - Entre Laços e AmassosOnde histórias criam vida. Descubra agora