O show (cap. 5)

163 12 20
                                    

(S/N on)

Permaneci estática com a afirmação, quase que em completo choque. Com os últimos momentos que passei com seu primo, esqueci totalmente de meus compromissos com o Mateus.

(S/N) – O-ok.

Mateus me entrega algumas roupas e diz que sairemos em 30 min. Vou para o meu quarto me trocar e, enquanto o faço, penso em minha situação atual, percebendo a tremenda enrascada em que me encontro. Por um lado, eu preciso manter meu relacionamento falso para viver nessa fazenda. Contudo, não sinto que estou sendo justa com o Felipe fazendo isso. Ele merece muito mais do que um namoro às escondidas. E eu odeio não poder dá-lo tudo que lhe é merecido. Esses pensamentos ocupam minha mente de uma forma que, sem ao menos perceber, já estou com as roupas para o show.

Começo a me encaminhar para a entrada da casa para me encontrar com Mateus, mas quase que instintivamente resolvo fazer uma parada antes. Ao me dar por mim, estou batendo na porta de Felipe. Ele abre a porta, quase que instantaneamente voltando seu olhar para minhas roupas.

Felipe – Oi. Vo-você tá linda.

A afirmação me preenche de alegria. Só de lembrar que verei mais deste lado dele, carinhoso e atencioso, eu me motivo a ficar aqui.

(S/N) – Obrigada, Lipe. Posso ficar aqui um pouquinho? – indago, olhando além da porta para ver se havia alguém nos observando.

Felipe faz um sinal afirmativo e libera a passagem. Assim que a porta se fecha atrás de nós, puxo-o para um beijo rápido, porém apaixonado. Assim que me afasto, Felipe passa a exibir um sorriso de canto, satisfeito, porém irônico.

Felipe – E a que devo a honra dessa paixão toda, surtadinha?

(S/N) – Eu preciso... desabafar. Com você.

(Felipe on)

Suas últimas palavras me atingem como um raio. Minha mente vagueia por alguns segundos, se perguntando se ela se sentia infeliz com algo, ou pior, se eu fiz algo de errado. A única coisa que sai de minha boca é:

Felipe – Ok.

(S/N) – Eu vou ter que me apresentar como namorada do Mateus hoje, no seu show.

Repentinamente, me sinto dormente. Começo a perceber onde me meti. Deveria parar e ponderar sobre o que isso representava, todavia, meu pensamento não se encontrava racional. Tudo que veio à minha mente foi frustração e, embora tenha vergonha de admitir, raiva.

Felipe – O-o quê? Por quê?

(S/N) – Eu não tenho escolha quanto a isso, Lipe. Eu faço parte de um namoro falso com seu primo, você sabe disso. E às vezes eu precisarei fazer coisas assim.

Perco completamente a capacidade de responder. Começo a hiperventilar, incapaz de processar qualquer pensamento coerente. Tudo que escapa à minha boca são palavras soltas.

Felipe – Eu... não é... justo...

(S/N on)

Me desespero internamente ao ver o estado de Felipe. Isso é tudo que eu não queria. Não é culpa dele minha situação, mas de certa forma é minha culpa colocá-lo no meio dela. Agora, tenho apenas a opção de acalmá-lo e pensar numa maneira de tornar tudo isso mais tolerável. Ou... não. Não quero pensar nisso agora.

(S/N) – Felipe, me desculpa, eu realmente não quero nada disso. Mas não tem nada que eu possa fazer. Eu não tenho um plano B, me manter nessa fazenda é a única opção que eu tenho. E esse é o meio.

Felipe – Tá... tudo bem. Eu só preciso... de um tempo.

Aceno positivamente com a cabeça para Felipe e me direciono para a porta, Abro-a e, antes de sair, murmuro algumas palavras.

(S/N) – Me desculpa, Felipe. Mesmo.

Em meio a quase lágrima, me dirijo à porta da casa. Abrindo-a, vejo que Mateus me espera, na frente de um carro.

Mateus – Ô princesa, cê demorou hein! Quase tava indo sem ocê, mesmo cê sendo a estrela do show.

Me sinto inquieta. A cada passo que dou, mais eu penso que não queria estar aqui. Nunca quis ser famosa. Nunca quis namorar um famoso. E, acima de tudo, eu tenho alguém agora. E essa situação está fazendo mal para ele.

Mateus deve ter percebido meu rosto, pois imediatamente comenta:

Mateus – Tá tudo bem, princesa?

(S/N) Tá sim, Mateus... vamos?

Mateus acena com a cabeça e abre a porta do carro para mim. Ao nos sentarmos, ele passa sua mão sobre meus ombros. O carro começa a viagem, e meu estômago se revira. Não pois estou ansiosa, mas com medo. Medo do que será meu namoro depois de virar uma figura pública, de como lidarei com tudo isso. E, principalmente, da saúde mental do Felipe. Não sei como ele manejará isso, mas será desgastante. O carro para ao lado do camarim, e eu tomo uma decisão. Não é fácil. Mas é o melhor a se fazer. Para todos.

(S/N) - Mateus...

Mateus – Fala, minha princesa.

(S/N) – Eu não quero continuar com isso. Não vou me apresentar no seu show. Não quero mais fingir ser sua namorada.

Aquele agroemo (Felipe X Leitora) - Entre Laços e AmassosOnde histórias criam vida. Descubra agora