(S/N on)
Me viro imediatamente para a fonte da voz e encaro Mateus. Confesso que esta é a parte que mais me deixara apreensiva ao voltar para a fazenda. Encará-lo, mesmo que não com a mesma proximidade de antes, me deixa desconcertada, ainda mais quando sei que o machuquei.
(S/N) - Oi, Mateus.
Mateus - Preciso falar contigo, (S/N). Agora.
Suas palavras me deixam ainda mais ansiosa. A urgência em seu tom de voz é clara, e ressalta que nem tudo está bem entre nós ainda. Faço um sinal afirmativo para Mateus e o mesmo pede pra que eu o siga. Passamos por diversos corredores, agora já levemente familiares, até nos estabelecermos em uma sala grande, com diversos sofás. Mateus acena para que eu me sente, e eu obedeço. Logo após, ele se senta no sofá que está posicionado à minha frente.
Mateus - Eu num sei muito bem como começar a falar tudo isso, mas... a gente nem teve a chance ne conversar, né? Foi tudo meio rápido. Me desculpa por isso, eu devia ter te ouvido. Mas você me chateou, não só por ter ficado com meu primo, mas por ter feito isso pelas minhas costas. Eu entendo que você escolheu ele e não eu, e embora eu esteja chateado, eu aceito isso. Só num precisava esconder isso de mim, prin... (S/N).
(S/N) - Me desculpa, Mateus. Eu fui covarde, fiquei com medo de como você iria reagir, e optei por ir pelas suas costas. Você tem minha palavra de que não vai acontecer de novo.
Mateus - Só tem mais uma coisinha que precisa ser acertada entre nóis. O público ainda acha que eu namoro você.
O pensamento de ter que esconder meu namoro volta à tona, me deixando angustiada. Mateus já sabe, o que é meio caminho andado, entretanto, não acredito que seus fãs teriam uma boa reação ao saber que "terminei" com seu ídolo para ficar com seu primo.
(S/N) - E o que nós vamos fazer quanto a isso?
Mateus - Era isso que eu tava pensando. Eu realmente não sei. Vou falar que terminamos pro meu agente, e ele vai dar um jeito. Mas enquanto isso, num fala pra ninguém de fora que ocê tá com o Felipe, tá bom? E lembra, eu ainda tenho um carinho por ocê, apesar de tudo. Se precisar de qualquer coisa, eu tô aqui, viu?
Em resposta ao gesto carinhoso de Mateus, dou-lhe um abraço apertado. É sempre bom saber que podemos contar com alguém.
Saímos do quarto, demos um rápido "adeus" um ao outro e seguimos nossos caminhos separadamente. Estava descendo as escadas quando encontro Alice, que diz que o jantar está sendo servido.
(S/N) - Maravilha! Você quer ajuda com algo?
Alice - Ah, como você é fofa! Se não for te atrapalhar, você pode levar a lasanha, que está na cozinha.
Faço como Alice mandou. Ao chegar na sala de jantar, reparo que a mesa está cheia. Alguns olhares se encontram com os meus, surpresos ou até mesmo felizes.
Mateus se vira pra mim e me dá um sorriso reconfortante, que eu retribuo. Entretanto, sinto falta de Felipe. Aparentemente, o emo não perdeu o costume de comer no quarto. Meus pensamentos são interrompidos pela voz de Alice.
Alice - Bora comer, gente!
E assim fazemos. Jantar novamente com essas pessoas, conversar e compartilhar momentos, era algo que eu sentia falta quando estava fora. Não faço questão de comer rápido, quero apreciar a companhia de todos nesse instante, que eu achei que nunca viveria novamente.
Ao terminar de comer, saio da sala de jantar, e me deparo com alguém me esperando. Felipe está escorado no piano, com um sorriso afetuoso.
Felipe - Demorou, hein? Tenho uma surpresa para você, vem.
(S/N) - Não sabia que você era do tipo romântico.
Felipe - Eu sou um cavalheiro, você vai ver.
Ele se desencosta do piano e vem em minha direção. Meu corpo instintivamente caminha ao seu encontro. Rapidamente, estamos tão próximos que podemos sentir a respiração um do outro.
Felipe arqueia as sobrancelhas, dá uma risada convencida e me dá um breve selinho, logo em seguida segurando minha mão e me puxando para fora da fazenda. Ele me guia até um carro preto, abrindo a porta do passageiro para mim.
(S/N) - Você tem um carro?
Felipe - Algumas coisas mudaram enquanto você esteve fora.
(S/N) - Tô vendo.
Felipe fecha minha porta e se encaminha para o banco do motorista. Antes de dar partida no carro, ele olha para mim com um sorriso irônico.
Felipe - A senhora gostaria de algo? Água, balas, ar condicionado?
(S/N) - Não, obrigada, senhor motorista.
Seu sorriso se transforma em algo mais malicioso.
Felipe - ...Um beijo?
(S/N) - Ah isso não dá pra negar.
Com feição de vitorioso, Felipe se aproxima de mim lentamente, e eu faço o mesmo. Nossos lábios se encontram gentil, mas apaixonadamente. Foi breve, mas o suficiente para demonstrar o quanto nos amávamos.
Finalmente, Felipe dá partida no carro e partimos para onde quer que ele esteja me levando.
Felipe - Escolhe uma música aí.
Inspirada pelo desejo repentino de zombar de sua cara, ligo o rádio na primeira estação de sertanejo que acho. Sua primeira reação é uma careta, logo após seguida de risadas de ambos. Passamos boa parte da viagem imitando a voz dos cantores, reclamando das letras e rindo de qualquer coisa besta.
Finalmente, o carro para. Estamos em uma cidade, no que aparenta ser o centro. À nossa frente, uma loja de jogos e eletrônicos.
Felipe - Chegamos.
Não posso dizer que estou surpresa com a escolha de encontro dele, mas aprecio o fato de que ele confia em mim para ser quem ele realmente é.
(S/N) - Eu precusava mesmo pegar uma cópia de Cyberpunk 2077, falaram que está muito bom agora, depois dos "patches".
Felipe - Só não gasta todo o seu dinheiro, essa não é nossa última parada. Na verdade, só parei aqui porque preciso de um monitor novo.
Entramos na loja, e imediatamente vejo a feição de Felipe mudando, quase que adentrando outro mundo. Tudo parecia o interessar, desde o lançamento de um novo console até a prateleira de jogos indies da década passada. Deixei-o em sua fascinação particular e rapidamente peguei minha cópia de Cyberpunk. Após pagar pelo disco, avisto Felipe do outro lado da loja, olhando fixamente para um monitor ultrawide. Me aproximo lenta e silenciosamente, e abraço-o por trás, fazendo o mesmo tomar um susto.
Felipe - Puta que p... ah, oi, (S/N). O que você acha desse monitor?
(S/N) - Ele é bonito.
Felipe - É, mas você é mais. - Diz ele, corando e virando a cabeça novamente para o monitor.
(S/N) - Vai levar ele?
Felipe acena com a cabeça, logo após indo até um atendente da loja para efetuar a compra. Passam-se alguns minutos e Felipe retorna, carregando em suas mãos uma caixa enorme.
Felipe - Já posso morrer feliz.
Saímos da loja e ajudo Felipe a colocar a caixa no porta-malas.
Felipe - Primeiro passo feito. Agora, falta o segundo. - Ele abre novamente a porta para mim.
Dirigimos por mais alguns minutos, até Felipe estacionar em um restaurante.
(Felipe on)
Minha ansiedade atinge o ápice quando chegamos no restaurante. Quero que ela aprecie o gesto, mas tenho medo de parecer exageradamente brega. Para minha surpresa, seus olhos se iluminam e ela me abraça bruscamente.
(S/N) - Você é um fofo, Felipe. E eu pensando que nosso primeiro encontro iria ser somente na loja de jogos.
Felipe - Eu disse que era um cavalheiro.
Saímos do carro em direção ao restaurante. Não era exatamente chique, a verdade era uma hamburgueria tradicional. Achei que ela gostaria mais do que um restaurante italiano clássico.
(S/N) - Eu amo hambúrgueres! Como você adivinhou?
Felipe - Telepatia. - Pura sorte.
Puxo a cadeira de nossa mesa para que ela se sente, antes de sentar em minha própria cadeira. Nesse momento, olhando no fundo de seus olhos, reparo na amplitude de sua beleza, e no quanto sou sortudo por possuir uma mulher dessa ao meu lado. Pedimos a comida e conversamos durante a espera toda, rindo sobre tudo e todos. Nada mais nos impede de ficarmos juntos, e é isso que importa.
A comida chega, e focamos nossa atenção nela. Comi meu hambúrguer em 10 minutos, mas (S/N) parecia não conseguir acabar o seu de forma alguma. Por fim, eu acabei pir comer o resto do seu também. Conversamos mais um pouco, comentando sobre como era bom finalmente ir em um encontro real. Pago a conta e nos levo até o carro. Na viagem de volta, não a deixo colocar sertanejo, colocando ao invés disso Taylor Swift, para apresentar essa pequena paixão minha a ela.
(S/N) - Você gosta de Taylor Swift?
Felipe - É... sim.
(S/N) - Eu acho fofo.
Sinceramente, queria que esses momentos durassem pra sempre. Infelizmente, logo chegamos novamente na fazenda, onde todos já estão dormindo.
Subimos silenciosamente até o quarto, trocamos de roupa e nos deitamos para dormir, enfim, como um casal cotidiano.
(S/N on)
Acordo no meio da noite. Demoro um tempo para raciocinar o que está ocorrendo, mas logo a volta à fazenda vem à tona. Sinto sede, e saio do quarto para ir buscar um copo d'água. Pego peu celular para usar a lanterna, e me deparo com diversas notificações de páginas de fofoca.
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Aquele agroemo (Felipe X Leitora) - Entre Laços e Amassos
Fanfiction(originalmente postado no spirit) Você ainda está se acostumando com a vida na fazenda, após tudo ter virado de pernas para o alto. Entretanto, um certo emo passa a causar turbulências em seus pensamentos...