sad woman part2

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Carol Gattaz

A última coisa que queria para terminar meu dia era dar de cara com Arielle sentada no sofá me esperando com uma garrafa de vinho vazia e outra na metade,claramente bêbada.

—Chegou a grande do Minas ou quer dizer do boxe?—ela ria sozinha e cambaleava pela sala com uma taça na mão—Vem cá,amor.—veio em minha direção se jogando no meu pescoço.

—Porra Arielle,sai caramba—dei uma empurrão nela que caiu no sofá ainda rindo sozinha.

—Tô cheia de tesão te esperando—sua mão fez um passeio pelo seu corpo—ou vou ter que ir atrás de outra pra satisfazer?

Eu não estava nem um pouco afim de sexo naquele momento,aliás faz um bom tempo que eu não estava,nem me lembrava qual era a última vez que os beijos e os toques dela tinham me levado ao céu,ultimamente ela sem me tocar estava me levando para o inferno.

—Vamos tomar um banho,vem—tirei a taça de sua mão e coloquei em um balcão da cozinha,ela ainda me tocava e cambaleava.

—Não complica,Arielle—suspirei—faz o fácil.

—Sabe o que eu queria além de beber mais?—Sua voz saiu arrastada—Queria ela,aqui.

Quem?

—Você vai ter quem você quiser depois de tirar essa ressaca—falei sem nem ao menos pensar o que eu estava falando,ajudei ela a tirar a roupa e a joguei debaixo do chuveiro ela ria do vento.

—Como é o nome mesmo dela?—riu de novo—Girassol?Orquídeas?Maria?Rosa?Ah lembrei Rosamaria!Porra mó gostosa,Gattaz a única briga que eu pegaria com ela seria na cama.—não estava mais respondendo ela,ensaboei seu corpo e coloquei novamente debaixo do chuveiro—Ficou com ciúmes,foi?Aí Carolzinha saudades quando você era só minha e não tinha que ficar dividindo você com suas fãs loucas,saudades de andar na praça contigo,lembra da Sol?Saudades dela também,Saudades da Gattaz que me apaixonei perdidamente—ela falou e sua voz ainda saia rouca e algumas coisas eram incompreensíveis,mas seria loucura da minha parte dizer que ela parecia estar sendo sincera?

—Sinto falta da Arielle que eu conheci também—falei no mesmo tom dela só que mais baixo.

—Eu nem te conheço,te conheci quando seus fios ainda eram morenos—passou a mão gelada e úmida nos meu cabelo e fui surpreendida com um tapa seu no meu ombro—Sai daqui,eu nem te conheço,se afasta de mim,eu não te conheço—e sua sessão de tapas só se intesificou.

—Para com isso,você está me machucando—peguei nos seus pulsos—Você está completamente bêbada.

—Eu te odeio com todas as forças que existe no meu ser,eu te odeio pra caralho.—tentou me bater novamente mas dessa vez segurei seus pulsos mais fortes.

—Quer saber?termina sozinha.—joguei seus braços para longe de mim e coloquei sua toalha em cima da pia.

Sai do banheiro,cuspindo fogo,fui na cozinha tentar dar um jeito naquela bagunça que estava ali,juntei a garrafa de vinho,lavei as taças e a louça do almoço,ainda escutei barulhos vindo do banheiro,mas tentei afastar os meus pensamentos que vinham do meu subconsciente mandando eu ir ver se ela estava bem.

—Se controla,Caroline—sentia minha visão ficar turva e minhas mãos trêmulas—Não tem pra quê isso.

Pode haver gatilhos nessas próximas falas,se tem problema com ansiedade,depressão auto-mutilação recomendo pular.

Ela se sentia a mesma Carol mais nova,a Carol sensível,a Carol que se cobrava horrores,a Carol vulnerável,a Carol triste e a Carol que gostaria de ter enterrado a anos atrás,mas volta e meia e ela aparecia,volta e meia e aquele ataque de melancólica e aquela onda indescritível de tristeza e solidão afogava e impedia de voltar a margem,a respiração ofegante e as mãos trêmulas indicavam que aquela Carol nunca tinha desaparecido só dava um tempo e volta e meia aparecia.

Carol,você não precisa fazer isso você sabe que não.

Repetia freneticamente para si própria o que era completamente inútil,tentou se concentrar novamente em lavar aquelas louças,tomar um calmante e ir se deitar e era nisso que ela focava ou pelo menos tentava,por um instante ela se esqueceu da quantidade de taças que ali havia e seu antebraço trombou em uma das que ali estavam e o vidro se estelhaçou pelo chão sem chances que a mais alta que ali estava pudesse salvar.

—Merda,merda,merda—as lágrimas que antes ela havia repreendido com decisão,agora desciam e rolavam pela sua face indo até o pescoço com facilidade e sua vista novamente ficou turva.

Estava juntando um por um dos cacos e jogando na lixeira da pia quando se percebeu encarando um dos pedaços de vidros e esticando o braço direito olhando para ambos,encaixou o objeto cortante,em seu pulso e deixou que deslizasse,causando um arrepio e uma dor fina atacando ali,mas não deixava de ser prazerosa e uma cena doce ver o sangue escorrer pelo braço,permitiu-se fazer outro agora um mais intenso e que provavelmente daria trabalho para cicatrizar,mordeu os lábios sentindo a dor mais uma vez,sentiu o sangue descer e pingar pelo chão,levantou da posição que estava no chão,lavou para que parasse de sangrar e um ardor se fez ali presente e ela não pode evitar um grito de dor,sentia tão anestesiada,que mal podia em suas própria pernas optou por terminar a louça amanhã pela manhã e ir dormir,do jeito que estava nem calmante precisaria.

Caminhou se apoiando nos pilares da casa até chegar ao quarto e sua cabeça custou ao lembrar quem era que estava ali deitada,mas logo sua mente se refrescou e deu de cara com uma mulher que roncava baixinho,cabelos bagunçados em seu rosto e toda desengonçada na cama,por um instante Carol se perguntou se valeria a pena tirar a roupa do Minas,mas para dormir bem se fazia necessário,por sorte havia tomado banho no vestiário do clube,vestiu um blusão que nem sabia se era dela ou não ficou apenas de calcinha e assim que deitou não demorou mais que quatro segundos para dormir.

Pesado hoje,não tenho culpa se a noite baixa o espírito de criatividade.






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