sad woman.

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Carol Gattaz

-Caroline ou você se acalma ou eu vou ser obrigada a te dar alguns meses de férias com antecedência-aquele tom italiano misturado com o português clássico do Nicola indicava que estava nervoso-Porra Capitã,brigar com a estreante do nosso rival?Nem Brasil e Cuba meteu uma dessa que tu fez.

-Pera lá,você escutou o que ela disse?-perguntei ainda com um tom aramagurado mas segurando a risada com o lance do Brasil e Cuba.

-Todos nós escutamos,Gattaz-Júlia que estava ao meu lado disse-Mas desde de quando você dar ouvidos a esse tipo de comentário?Por que esse tipo de coisa não é a primeira vez que você escuta.

-Claro que não vou dar ouvidos-menti pra mim mesma.

-Se não desse realmente ouvidos não tinha feito que fez-Thaisa mais uma vez vindo de pagar de zen.

-Porra,já entedi caralho perdi a cabeça,acontece com todo mundo-gritei com ambas.

-Vamos time,vamos voltar não temos mais tempo a perder-o técnico com sua prancheta disse reunindo as meninas e eu prontamente me levantei-Caroline,você não entra mais!

-Mas-fui cortada sem antes poder argumentar.

-Nem mais nem menos,não entra e ponto final-finalizou-Kudiess entra no teu lugar e assume a titularidade-olhei para Julia que já se levantava e ia se juntar com as meninas que sibilou um "desculpas" e no mesmo tom eu disse que estava tudo bem,olhei para o meu lado esquerdo e vi uma Thaisa que olhava bem no fundo dos meus olhos,ali estava meu porto seguro.

-Thai,o que eu faço da minha vida?-perguntei abaixando minha cabeça na altura do meu joelho tentado repreender as lágrimas que ameaçavam vim-Está tudo desmoronando aos poucos e eu não tô dando conta.

-Carol,sobre a Arielle,você sabe a minha opinião,uma desconfiança boba não te levará a lugar nenhum ao não ser a uma insegurança incurável,conversa com ela,diz o que está passando pela sua cabeça,fala dos teus sentimentos-fez carinho nas minhas costas,meus soluços já estavam constantes-Olha pra mim,Carol-eu estava com uma sensação terrível no meu peito,não tinha coragem de levantar meu rosto-Carol olhe para mim-olhei nos seus olhos o que fez a mesma recair seu olhar para mim sentindo dó da minha cara de choro-Me fala,o que está acontecendo fora isso?Eu nunca te vi tão nervosa,fora de si,fica calada do nada,fica fora do mundo com uma facilidade,sem contar nessa sua facilidade de chorar,você não é assim,vem cá.-me puxou pelo braço me levando até o vestiário e sentamos no banco que lá havia-Me fala não vem ninguém nessa altura do jogo.

-Você sabe,rotina de atleta profissional não é nada saudável e a gente assume esse risco por amor ao esporte,por fazer o que amamos-suspirei e ele prestava atenção em cada palavra que saia da minha boca-Eu não abro mão de nada e nem me arrependo de nada que fiz para estar aqui e tem tanta coisa acontecendo esse ano,tem a semifinal e final,vem aí a VNL,ano que vem é ano olímpico e você mais do que ninguém o quanto eu brigo e quero o ouro eu estou sedenta por isso,eu mato e morro pelo vôlei,faço o possível e o impossível e ultrapassei,quer dizer ultrapasso todos os meu limites-susurrei a última frase.

-Carol,desculpa mas eu não tô entendendo aonde você está querendo chegar-me olhou com uma cara de dúvidas.

Respirei fundo,era a primeira vez que ia verbalizar aquilo para outra pessoa desde que recebi o diagnóstico.

-Eu tô com uma Burnout.-falei.

-Meu Deus-olhou nos meus olhos novamente e me puxou para um abraço firme e apertado-Por que você não contou para ninguém?Como você deixou chegar nesse nível?Carol por que você nunca veio me falar que se sentia assim?

-Eu não sei te responder nem uma dessas perguntas-limpei meu rosto-Eu descobri vai fazer dois meses,desde então eu venho tentado repreender essa coisa,eu não estou no tratamento,por que o psicólogo teria que entrar em contato com a equipe Minastenista e eu não estou disposta a abrir mão da minha vaga na seleção,eu não quero parar de jogar, Thaisa-minha voz saiu falha.

-Vem cá-abriu os braços e me deixei chorar em seus braços e no seu peito-Você nunca vai deixar de jogar,Carol,mas para que isso não aconteça,você tem que se cuidar,tem que tratar isso.-fez cafuné nos meus fios do rabo de cavalo-Todas nós aqui sabemos da sua capacidade física de jogar umas quatro olimpíadas e um monte de mundial por aí,e me quebra em três mil pedacinhos saber que você estava se sentido assim.-secou minhas lágrimas-Não faz isso com você mesma,você está se desrespeitando,você esta se maltratando,eu não vou te dizer que não vale a pena ficar assim,por que quando a gente tem a sede de jogar,não se cansa nunca,eu sei o inferno que sofri com essa lesão,mas foi necessário para me fortalece como pessoa e como atleta.

Era uma mãe mesmo,sempre achei graça em as pessoas chamar ela de "mãe de uma nação" mas era a mais pura verdade,e é engraçado pensar que as vezes esqueço o tamanho dessa lenda do esporte,no qual sou grata por ter ela como companheira.

-Sua chance de se tornar bicampeã olímpica é mais viva que nunca-ela me soltou do abraço e um sorriso gigante apareceu em meios as lágrimas com aquelas palavras.

-E você de se tornar Tricampeã,tem noção disso,Thaisa?-olhei nos seus olhos de volta.

-E esse sonho só vai ser completo se você estiver comigo em Paris-falou e foi suficiente para eu explodia de amores.

Nos abraçamos novamente e voltamos ao banco de reservas conversando minorias afastando aquela conversa que havíamos tido a instantes atrás,prestando atenção no jogo.

-Olha lá a China da Jú-apontou para a quadra-Com quem será que ela aprendeu?

-Claro que com a mãe,aqui,orgulho da filhota-sorri mandando beijo para ela.

Quebra de tempo.

Graças ao meu Senhor Jesus,o jogo foi virado por nós,teríamos ainda a semi e a final,vindo,pulando numa comemoração,chegou a hora de cumprimentar as jogadoras debaixo da rede,opa dessa parte eu não lembrava.

-Parabéns Capitã,mais uma semi para a conta-Carolana disse apertando minha mão e me puxando para um abraço-Não esquece é vôlei,não boxe-cochichou no meu ouvido o que resultou em uma troca de gargalhadas.

Assim que terminei minha breve conversa com ela,Rosamaria era a próxima que eu teria que cumprimentar,ok Gattaz você consegue.

-Bom jogo,Gattaz-apertamos a mão uma para a outra-Me desculpa pela minha fala escrota e sem noção,veio no calor do momento-abaixou sua cabeça com vergonha.

-Tudo bem,Maria-abracei-não esquece do que eu te disse,não deixa a soberba te cegar.

Gente,esse Cap rendeu,viu?
Beijinhos💙🏐
















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