Você é doce demais para mim

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Na noite em que os dois jovens mafiosos encontraram o cômodo secreto, Dazai carregava uma trufa de chocolate em seu sobretudo, como se fosse um amuleto da sorte

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Na noite em que os dois jovens mafiosos encontraram o cômodo secreto, Dazai carregava uma trufa de chocolate em seu sobretudo, como se fosse um amuleto da sorte. E, logo depois de ter desmaiado nos corredores da Máfia do Porto, ele sonhou exatamente com isso.

Aquele era o único passatempo que ele tinha durante as noites frias e solitárias no contêiner, especialmente naquelas em que se matar parecia ser a única saída para sua depressão. Ele já estava tão exausto de tentar encontrar algum sentido na sua própria existência que segurar uma pistola carregada com os dedos trêmulos contra sua têmpora se tornou algo quase rotineiro em suas madrugadas.

Porém, no último instante antes de apertar o gatilho, ele sempre pensava:

"Vou fazer uma trufa. Apenas uma trufa e eu me mato".

Então, preso na pequena caixa metálica em um lixão de Yokohama, ele começava a cozinhar na sua cozinha improvisada. Derretia o chocolate, misturava a massa e a enrolava cuidadosamente em esferas perfeitas. Enxugava as lágrimas que insistiam em escorrer silenciosamente pelo seu rosto para não molharem os doces. Colocava os bombons no frigobar barato e ficava sentado de pernas cruzadas no chão, esperando dar o tempo necessário para eles estarem na consistência certa.

E assim, mais uma vez, seu suicídio era adiado.

No entanto, o mais curioso disso tudo não era o fato de um mafioso adolescente ter como hobbie fazer trufas de chocolate; não, o mais estranho era que ele nunca provou nenhuma delas. Não por não estarem cheirosas ou bonitas (Dazai sempre se certificava de que elas parecessem ter saído de uma confeitaria cara), mas por não ter coragem de comê-las.

Dazai estava guardando aqueles bombons para serem provados em uma ocasião especial.

Uma ocasião que parecia nunca chegar.

Por isso, quando ele finalmente recuperou sua consciência, a primeira coisa que fez foi tentar apalpar os próprios bolsos para sentir se a trufa ainda estava ali. Porém, não conseguiu: ele vestia um roupão que não era seu e sua mão direita estava algemada em uma estrutura metálica.

Considerando o absurdo da situação, por alguns segundos Dazai pensou que talvez tivesse morrido.

O rapaz piscou os olhos com força, tentando acostumar sua visão à escuridão. Ele estava deitado em uma cama macia com lençóis caros, o que o fez ter certeza de que não estava em sua própria casa. Seu ombro baleado tinha curativos novos e não doía tanto, e ele percebeu que o roupão felpudo estava amarrado com cuidado ao redor de seu corpo. Suas ataduras nos braços, no pescoço e no rosto continuaram intactas, indicando que quem estava cuidando dele sabia que não deveria trocá-las sem seu consentimento.

Era tarde da noite e o quarto estava com as cortinas fechadas, então todo o ambiente estava iluminado com uma fraca luz avermelhada de um abajur. Um jazz suave tocava em outro cômodo. Os lençóis brancos cheiravam à lavanda.

Last Mistake - uma fanfic soukoku aos 17 anosOnde histórias criam vida. Descubra agora