Esse trabalho é uma punição para os dois

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Não era incomum alguém morrer no escritório de Mori Ougai

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Não era incomum alguém morrer no escritório de Mori Ougai.

De acordo com os registros da Máfia do Porto, exatas cinquenta e oito pessoas foram mortas dentro daquele cômodo desde que o médico se tornou líder da organização. Era normal encontrar alguma almofada manchada de sangue, furos no papel de parede causados por balas ou pequenas marcas de lâminas gravadas no assoalho de madeira. Por isso, o barulho de um tiro ali dentro não chamou atenção de ninguém, e todos da organização continuaram seu trabalho como se nada tivesse acontecido.

Mas isso não aconteceu com Chuuya. Para ele, o mundo congelou naqueles segundos após o disparo de Dazai contra a própria têmpora.

Osamu Dazai estava morto.

Chuuya não gritou; o som involuntário que saiu de sua garganta mais parecia com um engasgo de susto do que pânico.

Ele também não chorou, não porque não quisesse, mas porque nem sabia como fazer isso. Afinal, crianças que crescem na solidão não têm ninguém que as ensinem a chorar.

Ele apenas ficou imóvel, os olhos fechados com força e os ouvidos zumbindo, incapaz de encarar o tapete branco sob seus pés lentamente se tornar carmesim pelo sangue do garoto suicida.

A verdade era simples: Chuuya sempre torceu pelo fracasso de Dazai. Torceu que ele não sucedesse em seu trabalho, que perdesse discussões e que apanhasse nas lutas de rua. Mas, acima de tudo, Chuuya sempre desejou que ele fracassasse em suas tentativas de suicídio.

Mas, pelo jeito, os desejos de Chuuya mais uma vez não foram atendidos.

Ele respirou fundo, inalando o ar com dificuldade. Suas mãos tremiam, mas mesmo assim ele se forçou a abrir os olhos.

Ele precisava ver o que aconteceu. Precisava engolir suas emoções confusas, fingir indiferença ou até mesmo satisfação com a morte do rival e então matar Mori com suas próprias mãos.

Chuuya precisava fazer isso por Dazai.

Porém, quando abriu os olhos, tudo que enxergou foi fumaça. Como uma neblina, uma fumaça branca e densa preenchia o escritório inteiro, escondendo a mesa, as cadeiras e até mesmo as paredes do cômodo.

A única coisa visível naquele espaço estava bem na frente de Chuuya, com um sorriso travesso despontando dos lábios e uma pistola nas mãos.

Os ouvidos dele ainda zumbiam, mas mesmo assim ele conseguiu escutar perfeitamente as palavras de Dazai quando este se aproximou de seu rosto.

- Que pena. Você não vai se livrar de mim tão fácil, Chuuya.

"Dazai tem muitos inimigos", pensou Chuuya, incapaz de verbalizar em voz alta qualquer pensamento tamanho seu choque, "mas a Morte sem dúvidas é o pior deles".

- Meu Deus, Dazai - disse uma voz abafada tossindo, a pessoa ainda oculta pela fumaça. Mori. - Vai levar semanas para esse cheiro sair do escritório.

- Meses - corrigiu Dazai. Seu cabelo estava despenteado e com mechas brancas por conta do tiro falso, mas ele não parecia se importar. - Vai levar meses. Não é a primeira vez que faço isso.

Last Mistake - uma fanfic soukoku aos 17 anosOnde histórias criam vida. Descubra agora