EASE

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As perninhas balançavam de um lado para o outro no sofá. A pequena garotinha assistia o desenho animado que passava na televisão um pouca entediada.

― O que foi, filha? ― Abadia observou a filha com a cara emburrada.

― Esse desenho é chato, mãe, muda. ― A pequena Sarah resmungou com um bico enorme nos lábios.

― E qual você quer ver? ― A mulher levantou uma das sobrancelhas enquanto mudava os canais.

― Eu... ― A menina perecia pensativa balançando as pequenas perninhas ansiosa. ― ESSE! ― Gritou ao ver seu desenho favorito passar pela tv.

Abadia gargalhou com a animação da filha, se afastando de uma Sarah completamente entretida com o desenho.

Meia hora depois, Abadia carregava sua pequena Sarah adormecida até seu quarto. Acontece que a menina sempre dormia vendo desenho na sala. A mulher deitou a filha em sua cama confortável, deixando um beijo em sua testa.

― Minha pequena menina... eu te amo, nunca se esqueça disso.

8 de abril, 2016

Sarah sentiu sua primeira lágrima descer pelo o rosto, e logo depois mal conseguia respirar com tantas lágrimas que já desciam. Ela respirou fundo, ajoelhando-se em frente ao túmulo.

― H-Hey... ― Sua voz saiu baixa e tremida. ― Sinto muito não ter vindo visitá-la antes... ―Ela mordeu o lábio, lutando contra as lágrimas. ― Eu só... ― Abaixou a cabeça, deixando mais algumas boas lágrimas caírem. ― Eu sinto sua falta.

Sarah pressionou os olhos com força, seu queixo tremia e as lágrimas não paravam de cair um segundo sequer. Ela fitou a lápide de sua mãe em silêncio por alguns instantes.

SARAH LARGA ESSA GUITARRA E VEM ALMOÇAR AGORA!

A menina dos olhos verdes resmungou, largando sua guitarra na cama, dando um beijinho nela e sussurrando um "já volto".

― Lave as mãos antes de comer. ― Sarah bufou, indo até a pia e lavando as mãos. ― Com sabão, Sarah Andrade!

― Ai mãe, para de ser chata. ― Disse com a cara fechada.

― Me chame de chata de novo e você não verá sua preciosa guitarra nunca mais! ― A menina arregalou os olhos.

― Desculpa, desculpa, mamãe. ― A garotinha abraçou a cintura da mãe.

― Sente-se e coma tudo! ― Abadia falou sorrindo de canto, sem que a menina visse. ― Ou sua guitarra some por tempo indeterminado.

― Eu vou comer tudo, mamãe. ― Ela sentou rapidamente na cadeira.

Sarah respirou fundo novamente, sorriu em meio às lágrimas que não paravam de cair.

― Queria que estivesse aqui... Talvez não gostaria de ver meu braço. ― Soltou uma risada em meio a tantas lágrimas. ― Espero que não esteja me xingando a cada tatuagem que eu faço.

MAS QUE PORRA É ESSA SARAH ANDRADE?

― Mãe, é só um piercing, ok? ― Falou em puro tédio.

― Pode tirar essa merda agora! Se não eu mesma vou arrancar do seu nariz! ― Sua mãe gritava e Sarah revirava os olhos. ― Você acha o que, hein garota? Você só tem 15 anos!

― E daí, mãe?

― E daí que até você estiver trabalhando e se sustentando, eu não aceito essas palhaçadas no seu corpo! Pode tirar agora!

PILLOWTALK [ INTERSEXUAL ] SARIETTEOnde histórias criam vida. Descubra agora