01 - ΔΙΑΒΟΛΟΣ [DIAVOLOS]

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A neblina da madrugada se tornava mais densa no alto das colinas aonde se encontravam os bosques de pinheiros, a mulher com seu vestido vermelho tingido por sangue de animais se ajoelhou perante o pentagrama com runas que a maioria desconhecia.

Ela pegou a adaga de prata e posicionou-a contra sua mão, arrastando o objeto para baixo o mais forte que conseguia. Não teve tempo de ver o corte de forma clara, o sangue escorreu quase que imediatamente de forma abundante, se a adrenalina não tomasse todo seu corpo, já estaria desmaiada há muito tempo.

A terra absorveu seu sangue em uma velocidade anormal e o círculo começou a pegar fogo de forma que qualquer cético se ajoelharia e pediria misericórdia à criatura que estava prestes a aparecer.

Quando as sombras e trevas tomaram forma na frente da mulher, ela conseguia sentir seu coração querer sair pela boca, de imediato, se curvou à imagem turva de uma criatura humanoide com chifres enormes, pouco mais de 2 metros e garras ameaçadoras.

— Diga, a que devo a honra, Amélia? — O estômago da mulher se embrulhou ao ver que a figura sabia seu nome, sentia que ia gaguejar, mas pôs-se a falar mesmo assim.

— Fui abandonada por meu marido, ele me trocou por uma mulher fértil, não importa se sou rica, bonita ou cobiçada, nunca vou ser completa sem uma criança em meus braços.

A criatura riu em divertimento, ver o sofrimento estampado no rosto da mortal era seu maior entretenimento.

— Quer ser fértil?

— Mesmo que crie fertilidade agora, o homem que me deixou não voltará, quero apenas gerar uma criança.

— Certo... Lhe darei o que quer. — ele falou com sua voz grossa, e além de um arrepio correr a espinha da mulher, um fio de esperança também surgiu em seu corpo. Satã podia ser tão bondoso assim? — Mas haverá um preço, você já sabe disso.

Como se lesse seus pensamentos, reafirmou sua hipótese, ele não era tão caridoso.

— Já sei disso, estou disposta a te dar a minha alma, desde que ele nasça com saúde e beleza.

— Ele? — Satanás questionou a linda mulher de cabelos negros e olhos tão azuis quanto um lago em seu dia mais limpo.

— Quero que seja um menino. — ela exigiu, ainda que com a voz carregada de receio, quase inaudível.

— Certo, mas não vou querer só sua alma, Amélia. Quero seu ventre também. — A figura maligna falou e Amélia sentiu seu corpo entrar em combustão.

— Não sei se entendi.

— O filho também será meu, Amélia. A criança nascerá bela e com saúde, mas também será meu herdeiro, quero que dê a luz ao anticristo, garotinha. — Amélia sentiu seu corpo esquentar, ela precisaria dormir com o capeta para ter seu filho, não conseguia sequer olhar em seu rosto, imagina ficar pelada na sua frente.

Antes que pudesse dar a resposta à Lúcifer, olhou para seu rosto, a curiosidade em saber como ele se parecia era maior que seu instinto de sair correndo daquele lugar.

O homem — se é que podia ser chamado de homem — como ela já tinha reparado, era muito alto, mas ela jamais tinha visto um rosto com tamanha beleza, não era humana. O demônio possuía cabelos ondulados e sem melanina alguma, fios totalmente brancos, seus olhos tinham uma tonalidade lilás e seu sorriso sádico também carregava sensualidade, com dois caninos protuberantes e afiados.

— Não precisará se deitar comigo, Amélia. — Ele falou e, ao mesmo tempo que ela sentiu um enorme alívio, também sentiu um pouco de descontentamento.

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