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No dia seguinte, Vienna acordou com a casa silenciosa, encontrando apenas um bilhete assinado por Grace explicando que levaram os meninos para um passeio na cidade e não quiseram acordá-la.

Enquanto Vienna cantarolava pela cozinha, preparando o café da manhã, seu olhar vagava para o jardim, onde sua árvore estava, chamando para ser escalada.

Max acordou com o som do canto de Vienna lá embaixo. Martin tentou acordá-lo por dez minutos para se juntarem à saída, mas, sem receber resposta, o DJ acabou desistindo e deixando Max dormir.

Descendo as escadas em direção à cozinha, Max ficou surpreso ao encontrar o primeiro andar vazio. Ele notou a porta do jardim entreaberta e correu para lá, seguindo os rastros de Vienna.

"Quantos anos você tem mesmo?" Max gritou para Vienna lá de baixo, para que ela pudesse ouvi-lo, seus olhos arregalados, como se não acreditasse no que seus olhos viam.

"Vamos, Maxie!" Vienna falou antes de olhar para baixo, ela sabia que era o Max e ficou surpresa por encontrá-lo ali. "Não seja tão medroso assim, vem aqui em cima comigo." Agora sim ela olhou para baixo, gritando para ser ouvida.

"Não!", ele riu. "Eu não tenho mais 7 anos, Vi."

Embora não quisesse admitir, mesmo aos 7 anos, ele nunca escalou árvores. Nunca lhe foi ensinado, nunca foi permitido viver a infância como deveria.

Vienna desceu calmamente a árvore que havia escalado tão rapidamente.
"É inadmissível você vir até minha casa e não escalar essa árvore comigo," ela disse com um toque de drama e brincadeira na voz, revirando os olhos, mas Max sabia que parte disso era verdade. Ela já havia compartilhado o quanto amava a árvore no jardim do que um dia chamou de lar.

Vienna colocou as mãos na cintura e encarou Max. Quando percebeu que ele não cederia, virou as costas e entrou na casa novamente. "Já volto."

Ela abriu a geladeira e pegou duas garrafas d'água. Apesar de ser apenas dez horas da manhã, o sol da Austrália não perdoava.

Enquanto isso, Max aproveitou para se sentar à sombra da árvore. O jardim era realmente bonito, grande, e ao lado da árvore havia um balanço que parecia ter sido improvisado.

"Ficar reparando na casa dos outros é muito feio, sabia?" Vienna falou enquanto se sentava ao lado dele, oferecendo-lhe a outra garrafa d'água.

"Pare de reparar que eu estou reparando, então," ele respondeu, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.

Os dois riram da troca, percebendo que apenas algumas semanas atrás, isso teria sido motivo suficiente para começar uma discussão com muito drama.

Eles se apoiaram na árvore, bebendo água de suas garrafas, sem saber ao certo o que dizer um ao outro.

"Vi, é que eu... eu nunca escalei uma árvore antes," Max quebrou o silêncio, olhando para frente como se fosse a coisa mais interessante do mundo naquele momento.

Vienna teve uma realização repentina. Como nunca havia visto isso antes? Ela se perguntou como poderia ser tão tola a ponto de nunca ligar os pontos. Todos os comentários de Daniel sobre o pai de Max, coisas que leu online sobre ele, sabendo que não se davam bem, e ela, mesmo sem conhecer, não gostava do pai de Max, mas nunca pensou que toda uma infância tivesse sido roubada. Ele nunca escalou uma árvore antes porque nunca foi ensinado, nunca permitiram.

"Aos 7," ele continuou, "foi quando eu realmente comecei a correr, sabe? Eu já corria no kart, mas aos 7 comecei a competir em campeonatos maiores. Eu não tinha tempo para isso," ele gesticulou para a árvore.

"O primeiro campeonato que participei, perdi, obviamente. É muito difícil ganhar o primeiro que você tenta, fiquei em segundo. Naquele dia, meu pai parou para abastecer o carro e eu realmente, REALMENTE, precisava ir ao banheiro, então aproveitei a parada. Quando saí do banheiro, ele tinha ido embora. Cheguei em casa mais de 2 horas depois porque o pai de um dos meninos que competiu naquele dia parou para abastecer e me viu sozinho lá. Quando cheguei em casa, o Jos disse que naquela casa só havia espaço para campeões e que, se eu quisesse entrar após uma competição, era melhor eu ganhar. E foi o que fiz, para mostrar a ele que eu merecia um lugar naquela casa, comecei a ganhar corrida após corrida, só para mostrar que eu podia, que eu merecia o amor dele. Mas às vezes não conseguia a pole ou o primeiro lugar, se ele me deixasse entrar em casa, eu corria para me esconder no armário porque o castigo doía menos."

O coração de Vienna encolheu, despedaçado, tentando digerir o que Max acabara de lhe contar.

Ela sentiu tontura com a informação, enjoada, como se tivesse levado um tiro no peito, e só conseguia pensar em como fora tola, ingênua, inocente e estúpida por nunca ter realmente visto Max Verstappen, por nunca ter ligado os pontos que ele estava lentamente apresentando a ela, pouco a pouco, para que pudesse juntar o grande quebra-cabeça que ele era.

Max era um daqueles quebra-cabeças de 5.000 peças, com muitas cores, que quando as peças são apenas jogadas na mesa, não fazem sentido, mas quando você começa a montá-las, percebe que, se não desistir, será o quebra-cabeça mais complicado e maravilhoso que já montou em toda a sua vida. Vienna tinha tentado montá-lo de diferentes maneiras, de diferentes ângulos, mas sempre acabava faltando pelo menos metade das peças.

E agora, a maioria das peças faltantes, não todas, mas a maioria, estavam sendo entregues a ela, com o máximo cuidado.

Agora, a frase de Max de algum tempo atrás, depois de uma das muitas brigas deles, fazia sentido: "Nós só pedimos desculpas quando o que dizemos é mentira, por isso estou me desculpando, mas você não precisa." Deus, naquela briga ela havia dito que mesmo que decepcionasse seus pais, ela poderia voltar para eles sabendo que era muito amada pelos dois, ao contrário dele, ela era amada pelos pais e não precisava fazer nada em troca por isso.

A frase que Max disse a ela como desculpa tinha dado à garota uma bela noite de insônia, e agora finalmente fazia sentido.

Os dois ficaram sentados em silêncio por um tempo, digerindo o que acabara de acontecer.

"Por isso você sempre fala sobre os 7 anos?" Max olhou confuso para ela, e ela continuou: "você sempre usa o exemplo dos 7 anos, sabe? Quando Daniel e eu colocamos Irmão Urso para assistir, você disse que iria dormir porque não tinha mais 7 anos, quando te chamei para escalar a árvore você disse que não tinha mais 7 anos, você disse que às vezes eu te fazia sentir que tinha 7 anos de novo. Você me odiava tanto ao ponto de sentir que estava de volta nessa época horrenda da sua vida? Porque eu realmente não deveria ter te falado algumas coisas."

Os olhos de Max se arregalaram como dois pratos, e ele a encarou. "Não! De jeito nenhum", ele rapidamente disse com um risinho, "você me faz sentir como se tivesse 7 anos de novo porque me faz sentir como se realmente estivesse finalmente vivendo minha infância. O Max de 7 anos se sente realmente feliz sempre que assiste a um desenho animado ou ri alto, o Max de 7 anos finalmente é feliz", ele finalmente teve coragem de encará-la, e ela estava tão bonita, com os cabelos tão selvagens, à sombra daquela árvore e com um sorriso quase imperceptível após a última fala dele.

E Max queria tanto beijá-la. Por algum motivo, ainda desconhecido para ele, ele queria que ela soubesse cada pedacinho de sua vida, e Vienna, também sem saber o motivo, queria conhecer cada pedacinho de Max Verstappen.

Vienna também sentiu vontade de beijá-lo, para distrair seus próprios pensamentos, precisava tomar uma atitude rápida.

"Bom, então de pé, senhor Verstappen." Ela se levantou rapidamente e falava enquanto gesticulava para que ele fizesse o mesmo. "O Max de 24 anos vai aprender a escalar uma árvore pelo Max de 7 anos, e você não pode me dizer não."

Naquele dia, ela não disse nada ao piloto sobre o que ele havia contado sobre seu pai e sua infância, ela sabia que não era necessário, que não era o momento. Max precisava apenas falar e ser ouvido, e ele foi. E isso foi o suficiente.

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Oi galerinha!

Esse foi o primeiro capítulo que escrevi da história, e eu amo ele, acho ele bem sensível e é onde a Vi realmente entende o Max, apesar de já estarem se dando muito bem, é esse o ponto onde ele se abre pra ela o entender.

Max confiou muito na Vi e muito rápido.

Agora eles já estão começando a se olharem com outros olhos, já estão sentindo uma pontinha diferente ali, além da amizade estranha deles e isso só vai se intensificar mais com o passar dos capítulos 👀👀

Mas e o que vocês acharam desse capítulo?

O que estão achando da história?

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SEVEN || Max Verstappen M.VOnde histórias criam vida. Descubra agora