Meu pai é um alfa

105 8 0
                                    



 Taehyung 🦁

11 de maio, terça-feira, Academia dance La Tour

Eu olho pelo visor da tela do notebook, tentando me concentrar nas notas e letras que preciso memorizar, com os passos da próxima performance para o próximo show. A pressão é constante, especialmente estando longe de casa. Mas é isso que me faz querer me superar a cada dia.

Continuo me acostumando com a arquitetura europeia, tão diferente da Coreia do Sul. Mas é uma mudança bem-vinda, uma pausa na rotina que me ajuda a encontrar inspiração. As grandes janelas me permitem ter uma ótima visão do interior do prédio, e eu seguro a respiração enquanto espero para ver a mágica acontecer.

Mas não acontece.

Que inferno!

Já é o meu décimo dia consecutivo de ensaio aqui. Talvez esteja um pouco elétrico.

— Acho que dessa vez, vai dar certo. - minha irmã diz, enquanto me entrega um envelope grosso. - Inclusive estamos planejando sua volta às palcos há anos. A sua discografia está completa e pronta para lançamento no final de junho como foi anunciada... e... Você está me ouvindo?

Espalho os papeis com manuscritos, que antes estavam separados igualmente. Confuso, pego o envelope e vejo o que tem dentro. Lá estão meus cento e cinquenta mil euros em espécie e um bilhete impresso em papel grosso. Um novo cache, desta vez para o México. Respiro fundo, tentando dissipar a tensão que se acumulou ao longo dos últimos dias.

— Estou sim. Na verdade, depois de tanto tempo, sinto que as pessoas ainda ficam olhando para mim. - reclamo, cabisbaixo.

— Seu charme deve agradá-los bastante, veja esse estilo, sim? - Sem esperar pela minha resposta, ela perguntou.

A atmosfera no escritório é de excitação e foco, mas também há uma pitada de nervosismo no ar. Todos estão cientes da importância desta minha próxima desempenho solo. É uma oportunidade única para conquistar novos fãs neste continente distante.

— Ainda penso em retornar a Coreia. Mas não sei se Jungkook vai aprovar a ideia de se mudar. O bairro que ele mora é meio terrível. Tenho que colocar meu carros uma rua acima para não correr o risco de ser roubado.

Eu me encosto na cadeira e agarro minha mesa.

— Jungkook? Sei, aquele por quem você veio se reconciliar. - ele fez uma barulho com a boca. - Talvez o preconceito não seja com o Jungkook em si. Não, mas com ômegas?

— É... eu gostaria de ter percebido isso antes. Essas pessoas... realmente... me deixam irritado. - digo, não percebendo que estou fazendo força o  bastante para massar o copo de café.

— Ei! O que está pensando! Que cara é essa de quem vai matar alguém? Sua filha vai chorar se o ver assim?

Olho para Jae Gyeon, que continua franzindo a testa e tentando entender do que eu estou falando.

Eu sorrio.

— Minha filha tem o mesmo jeito de ser dele... Até repete as mesmas palavras parecidas, e penteia o cabelo com as mãos esquerda...

— O caminho de carro até aqui foi tranquilo, eu suponho. - Ela diz isso, limpando a boca.

Balanço a cabeça e fico assistindo ao café escorrer pelo filtro da máquina. Sempre a mais sincera de nós. Minha irmã herdou todo o ceticismo de nosso pai, mas com um enorme bom senso.

— Quero encontrar um lar onde os dois estejam seguros...

Estou ficando nervoso de novo. Nós dois sabemos que o tom do Jae Gyeon quer dizer que alguém vai ser massacrado, e parece que esse alguém sou eu.

Waiting for you Onde histórias criam vida. Descubra agora