Meu pai está derretido

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Autora 1 // Pra quem pediu mais interações com os papais, aqui está! 

Se deliciem. 🤭❤️💞

A cidade estava toda cambaleava, úmida e quente, atravessando os últimos dias de agosto, agitados e pesados com sua névoa chapada. Pés d'água desabaram durante as semanas passadas, com chuvas pesadas que viraram as mesinhas dos camelôs, espalharam o lixo pela rua e deixaram o ar mais limpo por um momento. Mas logo a poluição, a fuligem e as folhas secas já estavam de volta.

Não deixo de olhar para as lojas sendo abertas logo pela manhã. Hyeon cantava uma música infantil no banco de trás, enquanto nos aproximávamos do caminho da escola.

Guardo meu celular no bolso, e saio do carro quando paramos na rua do portão. Não queria alarmar então me apressei para não correr o risco de não conseguirmos entrar. Com poucos minutos, voltamos para o caminho da escola seguindo para o pátio.

— Bom dia senhor Jeon. E bom dia Hyeon. - fomos recebidos por uma voz calma da diretora do período na entrada. Lá estava ela: um terninho de alta costura cinza austera, e as belas pernas torneadas naqueles sapatos feios.

— Eu tenho outro pai! - A empolgação de Hyeon resolve dar as caras. - O nome dele é Taehyung, e seus cabelos são da cor de chocolate quente de manhã. O melhor disso é que o meu papai fica todo derretido toda vez que vê ele.

— Hyeon! - eu a interrompo. - Essas crianças são tão... sinceras. O pai dela é mesmo um homem simpático.

Ela se cala por alguns segundos. Seria bom que não criasse tantas expectativas, porque Taehyung era um trem sem freios. Mas, ele também era o novo amor de minha filha.

— Oh, bom, os pais são sempre bem vindos. Me chamo Carmem. Sou a diretora daqui. É um prazer conhecê-lo... Finalmente.

Taehyung estava recostado no carro, fingindo ler um jornal, esperando as crianças começarem a formar uma fila para a sala de aula.

Certamente as mamães de plantão iriam falar, mas eu não importava. Que falassem. Nem ligava.

— Olá, muito prazer em conhecê-la também. - ele mostra um sorriso mantendo a expressão gentil.

— Filha... Por que não mostra a sua sala pro seu pai? - supus, indicando para as outras crianças que seguiam para suas devidas salas. - Quem é o meu amor?

— Eu sou a Hyeon, papai. - ela diz na defensiva, mordendo o lábio mostrando seus dentinhos cintilantes.

Me abaixo e dou um beijo em sua bochecha.

— Anda, vai estudar.

— Tá bom, mas vai ter que se virar sozinho. Por que eu não vou estar sempre com você, papai.

— Por que diz isso? -seguro em suas mãos com a cabeça inclinada. - Já sabe o que vai fazer quando acabar a escola?

— Quero crescer e trabalhar logo. Como você.

Pego o ar. Meu peito se enche de orgulho genuíno.

— Tchau! Até mais! - Ela se despediu e seguiu direcionando Taehyung para o segundo andar.

A senhora Carmem solta um gemido e se aproxima.

— Sabe, você tirou uma sorte grande. - disse ela. - Ele tem algum lugar para passar a noite?

— Ele é todo seu. - respondo sem me importar com o que fosse achar depois.

— Olha, não trate isso como um problema. - disse na tentativa de animar-me.

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