Meu pai é um dublê

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 Jungkook 🐰

Assim que chego em casa sinto o cheiro de flores. Trago para dentro, um enorme buquê de iris roxa com um bilhete escrito, com caligrafia aredondada: “Pegue-as, antes que elas morram - TH” 

Eu não tinha ideia sobre o que mais Taehyung poderia me dizer. Não sabia dizer no que me incomodava mais. Se era não saber? Ou se era querer muito saber. 

Aperto um botão na secretária eletrônica, e busco pelo histórico de uma semana atrás. 

"Oi, Jungkook... Eu to aqui na esquina, vejo que você chegou em casa. Hyeon está fazendo desenhos de novo, eles estão pendurados na janela do quarto dela. Atende, por favor. Liguei para o seu número cerca de cem vezes. Eu sei, que você sabe que sou eu. Eu, ah... Puxa. Bom, eu sinto sua falta. Não consigo parar de pensar em você. Sinto muito."


Precisar de alguém em sua vida era uma coisa, assumir seus sentimentos é outra. Coisas completamente diferentes. 

Gostaria de poder ser sincero com as palavras como Taehyung – mesmo que elas pareçam terem saído de alguma música dos anos 80 – Eu apenas me importo em rir, agora. Me recusando a acreditar. Era exatamente o que eu queria ouvir ele dizer, há dias atrasado. Sei que deveria ter ficado feliz e sair por aí saltitando de alegria. Mas, essa era a hora mais errada possível... 

Deito minha cabeça no sofá. Encaro o teto. De repente, minha vida perdeu a noção do tempo. Esfrego meu rosto. Todas as palavras ditas na hora errada. 

Meu passado tinha voltado muito rápido, e meu presente parado demais para avançar para outro lugar. 

O universo continua me testando, e me dando falsas esperanças. A razão por eu conviver com Taehyung cada vez mais, me entrega uma falsa esperança como um sonho.

Isso é uma tremenda merda!

Eu não sou do tipo romântico. Talvez, as coisas seriam diferentes se eu enxergasse pelo ponto de vista dele. Mas eu não poderia...

Estou bem com o que temos agora. Na verdade, tenho medo de nunca mais vê-lo de novo, e por isso, levar o nosso "relacionamento " a outro nível não será nunca o meu foco.

Existe uma linha que me separa de Taehyung. Não sei quem a colocou ali, ou se já estava antes mesmo de nos encontrarmos. Sinto que no momento que um de nós ultrapassarmos, tudo poderá desmoronar. Não posso cometer mais erros. Estabelecendo nossos limites... Assim terei uma distância segura.

Oh céus! Eu nem pude dizer nada.

Na manhã seguinte, fui para o trabalho, esquecendo-se completamente de tomar o café da manhã direito. Acreditei que sobreviveria até a hora do almoço com um simples pedaço de um pãozinho fresco com uma faia de queijo e café da noite anterior. Se tinha uma coisa que eu era bom, com certeza seria com horários. As roupas sujas estavam no cesto, a geladeira ainda tinha alguns alimentos de ontem a noite. Hyeon não teria aula pela manha, apos um engraçadinho ter colocado fogo na sala de teatro, isso não me deu muitas escolhas. Decido levá-la comigo.  

De metrô, demorei cerca de vinte minutos para chegar no set, antes que pudesse terminar a chamada. Me seguro no corrimão da escada. Sinto um grande incômodo na cabeça, começando a latejar por dentro. Sai praticamente correndo da saída da estação até lá.

Infelizmente minha mente não estava no trabalho. Fico sentado, obcecado em decorar o exato momento de cada movimento. Não me dei conta quando um colega perguntou se eu estava bem. Percebendo que seu interesse não seria genuíno, apenas faço um aceno que “sim” com a cabeça. Me controlando bastante, para deixar escapar um: Encontre outro ômega para lhe pagar um boquete, senhor. Hoje não. 

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