Capítulo 01

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Aryane Campbell

— Eu não deveria ter vindo!

Emily solta uma risadinha, apertando ainda mais as minhas mãos, e me puxa pelo corredor estreito e escuro.

O cheiro é repugnante e eu me recuso acreditar que há uma festa acontecendo ali embaixo.

Subsolo; é o nome da não tão secreta festa que rola na cidade.

Você só entra com uma pulseira neon VIP, e Emily, minha melhor amiga, conseguiu duas para nós.

Como? Eu não faço ideia. Quando eu perguntei ela somente riu e disse para relaxar e aproveitar.

Não é como se eu tivesse muitas opções, estamos no segundo ano da universidade e essa é a primeira vez que aceito ir em uma festa com ela.

Antes que você julgue, não... Não sou essas mocinhas virgens dos livros que vão na primeira festa da universidade e se apaixona pelo bad boy.

Na verdade, inocência e Arya, não deveriam ser colocadas na mesma frase.

— Aryane, quem não te conhece vai até pensar que é tímida.

Emily diz parando e olhando para mim. Seu cabelo loiro está solto em volta do rosto oval, e olhos azuis delineados me fitam com diversão.

Somos completamente opostas fisicamente.

Seu corpo é curvilíneo nos lugares certos, e um vestido curto rosa, modela todas essas curvas. Enquanto meu corpo é magro e meu cabelo castanho às vezes fica indomável pelos cachos, minha pele morena contrasta com sua pele pálida.

Enquanto ela é a doida da diversão, eu sou a falsa tímida; Mas tão doida quanto ela.

— Você sabe que eu gosto de me expor só quando necessário.

Falo tentando manter uma postura de séria mas logo caímos na risada.

Puxando minha mão continuamos a caminhar pelo corredor escuro, até estarmos de frente a uma porta, onde ela bate três vezes e uma voz pergunta a senha.

Demolidor é poder!

Emily responde e a porta é aberta, logo batidas de músicas alta podem ser ouvidas.

Aperto a mão dela mais forte e nós entramos passando por um homem corpulento que nos olha de cima a baixo sem disfarçar a apreciação.

— Me senti um pedaço de carne agora, Emy.

Sussurro em seu ouvido e preciso piscar duas vezes para o que vejo à frente. O nome faz jus.

O subsolo é literalmente como um salão subterrâneo, uma escadaria nos leva ao nível abaixo onde vários corpos estão dançando juntos. Luzes coloridas piscam e o cheiro de maconha também é nítido no ar.

À esquerda, vários pole dance onde meninas seminuas dançam e se esfregam juntas. Pessoas se pegando em pequenos sofás e nas escadas enquanto descemos.

Um antro de depravações.

Interessante...

— Você está vendo isso!

O gritinho animado de Emy, me tira das observações ou julgamentos, pensem o que quiser disso.

— Acho que é impossível não ver.

— Essa com certeza vai ser a melhor festa de todas!

— Eu não chamaria isso de festa.

— E quem liga? Vamos curtir, Ary.

Passando por entre as pessoas vamos até o bar que fica nos fundos, achamos um espacinho na bancada que eu logo debruço.

Um dos barmen vem até nós com um sorriso discreto no rosto, nos olhando de cima a baixo.

— Olá, o que vão querer ?

— Pode ser você!

Tusso de surpresa me engasgando na própria saliva com a resposta de Emily, mas o barmem sorri ainda mais.

— Foi mal, Loirinha. Ainda não estou no cardápio, mas posso preparar a melhor bebida para vocês.

— Pode ser, obrigada.

Respondo no lugar de Emy, esqueci de avisar, sem filtro também é seu sobrenome.

O barmem prepara nossas bebidas com um sorriso amigável e desaparece para atender outros clientes.

Pegamos os copos e brindamos, deixando escapar um sorriso cúmplice entre nós.

— À noite inesquecível que está por vir! — Emily ergue o copo, e eu a acompanho, sentindo um misto de ansiedade e excitação percorrer meu corpo.

— Aos recomeços!

Tomamos nossos primeiros goles, deixando o gosto amargo da bebida queimar nossa garganta.

É uma sensação familiar, mas aqui, nesse ambiente pulsante e cheio de energia, parece diferente, mais intenso.

Observo ao redor, os corpos em movimento, as risadas ecoando pelas paredes úmidas.

É como se estivéssemos em um mundo à parte, onde as regras normais não se aplicam.

Emily me olha com um sorriso malicioso e balança os cabelos dourados.

— Vamos dançar, Ary?

Ela não espera minha resposta, já me puxando pela mão em direção à pista de dança.

Deixamos para trás o balcão do bar e nos misturamos à multidão em êxtase.

A música alta nos envolve, e eu me deixo levar pelo ritmo pulsante, soltando-me aos poucos.

Emily dança com uma desenvoltura natural, movendo-se com graciosidade entre os outros corpos em movimento.

Sigo seu exemplo, perdendo-me na batida frenética da música.

Sinto-me viva, livre de preocupações e responsabilidades, entregando-me ao momento presente.

Por um instante, esqueço onde estou, quem sou.

Somos apenas duas amigas, dançando loucamente em meio ao caos da noite.

E é exatamente onde eu quero estar.

🕳️ Entrelaçados 01🕳️

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Beijos da Ana.

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