𝄪 Capítulo III 𝄪

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— Você não vai acreditar! — bufou, irritado.

— Deixe-me adivinhar. Terminou com a Emi pela terceira vez? — ri de sua expressão ranzinza, provocando-o.

— Não só isso, mas ela dessa vez surtou legal — disse, desabando em uma das poltronas da sala. Não me preocupei muito; quando terminavam, isso sempre acontecia e, após quase um mês, já estavam juntos de novo.

— Você já pensou em procurar uma terapia? Quem sabe uma terapia de casal não possa ajudá-los — sugeri, embora conhecesse bem a opinião de meu irmão sobre o assunto. A terapia tem me ajudado, afinal.

— Gaara, aprenda uma coisa, quando um casal recorre à terapia é porque esse relacionamento já acabou há tempos — respondeu, demonstrando sua aversão ao assunto.

Dei uma olhada em direção à porta, procurando por Mikami. Péssima hora em que fui deixado sozinho em meu escritório. Agora teria que aturar o drama sentimental de meu irmão mais velho.

— Você devia ter visto! Ela pegou um, UM NÃO! Vários pães e os atirou em mim! Ela é maluca, Gaara. Ela é maluca — ele esfregava as têmporas engraçadamente.

Em toda minha vida, nunca vi gente mais complicada do que meu irmão. Nem mesmo Naruto parecia estar à sua altura, especialmente quando se tratava de assuntos românticos.

Vendo seu aperreio, levantei-me de minha mesa e caminhei em sua direção. Coloquei a mão em seus ombros e, após ponderar, procurei pelas palavras adequadas.

— Complicado. — Murmurei.

— Complicado é pouco! Mas dessa vez o término é para valer! Não voltarei com aquela maluca nem que me paguem! — Kankuro desabafou, exasperado.

Assenti, tentando ser o mais solidário possível. Mas a verdade é que muito pouco me importava com os relacionamentos de meu irmão. Ele sabia se virar, melhor do que muita gente. Melhor do que eu, inclusive.

— E digo mais! Cuidado para não arrumar uma maluca dessas. Se você arrumar uma Emi em sua vida, ficará pior do que eu.

Assenti novamente, deixando-o falar.

— Enfim, preciso deixar você trabalhar ou passará a noite em claro novamente. A demanda é alta.

— Nem me fale. — Murmurei, dando uma nova olhada ao redor.

Um pouco mais relaxado, meu irmão sibilou o barulho de um relógio. As horas se passaram rapidamente após sua chegada. E eu não havia feito quase nada de meu trabalho.

— Cara, você tem que viver. Você é um ser humano também, tire um tempo. — Disse-me ao notar a mesma papelaria que eu.

Suspirei, ciente de que em sua fala não havia erros.

— Bom, é quase noite. Vou indo nessa.

— Tudo bem. Até mais, Kankuro — respondi, acenando-lhe enquanto ele se dirigia para a porta.

Com a partida de meu irmão, o escritório voltou ao seu silêncio habitual. Apenas o som abafado dos papéis quando movidos quebrava o ambiente quieto. Resolvi seguir o conselho de Kankuro e tirar um instante para mim. Afinal, mesmo em meio ao caos, era importante lembrar que eu também precisava viver.

Doce DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora