𝄪 Capítulo VI 𝄪

10 3 5
                                    


Após uma rápida faxina, a rotina na padaria começou a se restabelecer lentamente. O sol agora brilhava com mais intensidade, iluminando a sala antes mergulhada em sombras emocionais sutis.

Eu me concentrei em reorganizar os pães, baguetes e doces, buscando trazer ordem ao caos deixado pela tempestade de emoções. Meu pai, mesmo com sua expressão preocupada, começou a massagear a massa do pão, indicando que era hora de seguir em frente.

A campainha da porta tilintou novamente, interrompendo meus pensamentos. Olhei por cima do balcão e meu coração saltou ao ver Shizuka, minha confidente desde os tempos de academia. Com seus cachos dourados e esvoaçantes, ela caminhou em minha direção com um sorriso reconfortante.

— Oi, Emi, como você está? — Questionou, visivelmente preocupada.

Olhei ao redor, não muito longe de onde estávamos, alguns clientes fofocavam e me lançavam olhares desconcertantes. Eu não esperava que um pequeno deslize pudesse causar tanto impacto.

Suspirei, sentindo-me terrivelmente desconfortável.

— Um desastre ambulante. — Respondi. — Mas estou aprendendo a lidar. A padaria, no entanto, não merece passar por isso.

Colocando seus braços em volta de meu pescoço, ela me abraçou com carinho.

— As coisas vão melhorar, Emi. E quanto ao Kankuro, você superará isso. É mais fácil do que pensa.

— Não sei se será mais fácil ou mais difícil. Só sei que o que eu menos quero no momento é pensar naquele bonecão de posto!

— Justo. — Ela colocou a mão nos quadris. — Então, o que planeja fazer agora?

— Como assim? Além de limpar a bagunça que fiz?

Shizuka olhou ao redor, notando que boa parte da organização ainda se encontrava em andamento.

Apesar de meu coração partido, eu estava decidida que era hora de retomar o controle não apenas da padaria, mas também da minha vida. De repente, uma ideia fresca iluminou minha mente. As vozes da minha cabeça pareciam querer trabalhar mais cedo hoje.

— Preciso me concentrar naquilo que realmente importa, Shizuka. A padaria é meu refúgio, e eu não deixarei que problemas pessoais a afetem. Além disso, tenho uma ideia para limpar essa bagunça, apagar esse erro da minha história, reconquistar a confiança de meu pai e de quebra atrair mais clientes.

Meus olhos cintilavam com fervura.

— E o que seria? — Ela levantou uma de suas sobrancelhas escuras.

Sorri, recuperando um pouco do meu otimismo.

— Vou criar uma receita, algo único e especial, como um novo tipo de bolo ou uma sobremesa inovadora. A ideia é que as pessoas compartilhem esse doce em momentos difíceis, para trazer paz e reconciliação.

Shizuka aplaudiu a ideia.

— Isso é genial, Emi! Tenho certeza de que as pessoas vão adorar. Além disso, é uma ótima maneira de virar a página após a dramática 'Chuva de Pães'.

— Bem, ainda tenho muito o que pensar, mas a ideia inicialmente pode ser o que estamos precisando para cortar essa tensão. — Passei os dedos pelas madeixas de meu cabelo.

Minha mente vagava pela ideia da construção dessa nova receita, precisava ser algo único, mas, ao mesmo tempo que fosse a cara da padaria.

Doce DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora