𝄪 Capítulo XIII 𝄪

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— Isso é algum tipo de piada? — Encarou-me, seus olhos varriam meu rosto assustado até as minhas mãos que seguravam um pequeno saco cheio de pétalas. 

"Ele não deveria estar aqui, de todas as pessoas, por que ele?"

A voz que cortou o silêncio pertencia a ninguém menos que meu ex cunhado. Seu olhar penetrante e as palavras afiadas me atingiram como um vendaval. Senti imediatamente meu rosto esquentar, e o pequeno saco de pétalas pareceu pesar em minhas mãos.

— Oi... — Comecei, com minha voz vacilante. — Quanto tempo... não, não, isso não é uma piada. Eu estava apenas... buscando algo...

Seus olhos intensos não pareciam me abandonar, era como se estivessem sondando cada um de meus pensamentos e intenção. O ambiente tenso pairava no ar e eu podia imaginar a temperatura subir descontroladamente.

— Buscando algo? — Gaara repetiu desconfiado. — Parece mais com uma busca pela invasão. O que você está fazendo aqui à noite, mexendo com as flores do jardim?

Um nó se formou em minha garganta. Não tinha uma explicação pronta que acalmasse a desconfiança do Kazekage.

Minha imprudência não havia me deixado sequer pensar nas possíveis consequências. E a verdade sobre a busca por ingredientes mágicos para a receita maluca da minha avó parecia muito estranha para ser compartilhada naquele momento.

— Eu... olha! Não põe a culpa totalmente em mim! Quero dizer, a culpa não é minha se a sua segurança é péssima!

Antes que ele pudesse responder, um barulho fora ouvido e logo ao meu lado um grupo de ninjas se fez presente. Aparecendo totalmente do nada ou quase do nada. Sei lá! Não entendo nada sobre Jutsus!

Praguejei em pensamento, mas é claro que o prédio do Kazekage não estaria totalmente desprotegido! Minha burrice deve ser crônica.

— Desculpe a demora, senhor. Queríamos ver até onde a ladra iria. — Disse um dos homens que grosseiramente tentou puxar a sacola de minhas mãos.

Coisa que rapidamente impedi, tirando-a de seu alcance. Havia ido em busca das pétalas e de forma alguma voltaria sem elas.

— Não há necessidade, Oshiro. Agradeço a preocupação, mas assumo daqui. — Gaara lançou-lhe um olhar severo.

— Tem certeza? A ladra pode ser perigosa...

— Ela é minha cunhada, não há perigo. — O interrompeu.

Parecendo descontente, Oshiro saiu com seus homens o mais rápido possível, mas não antes de fazer uma reverência a seu líder e direcionar um olhar de desprezo para mim. Se estivéssemos em outras circunstâncias, ele iria apanhar.

A noite ficou bem mais fria do que imaginei. Receosa, encarei seus olhos tão azuis quanto o céu do dia. Seus cabelos ruivos pareciam viver constantemente sendo bagunçados pelo vento.

Sem coragem de iniciar ou retomar a conversa anterior me mantive quieta, esperando o momento em que ele falasse algo por si só.

— Dizia algo sobre a minha segurança? — Murmurou depois de muito tempo.

— Eu... bem... — Tossi, na tentativa falha de limpar a garganta. — Você está errado sobre uma coisa.

Um meio sorriso pareceu se formar em seus lábios diante de minha confusão. Era como se estivesse zombando de mim. Coisa difícil de se imaginar, vindo dele.

"Mas que droga, Emi! Que ele é bonito já sabemos, mas você namorou o irmão dele, não seja tão safada!"

— E o que seria? — Questionou.

Ponderei em minha resposta, molhando os lábios aperreada. Não me recordo se ele sempre foi assim. Bom, a verdade é que diferente de outras garotas da vila nunca o dei tanta atenção. Até agora.

— Não sou mais sua cunhada. — Soltei de uma vez.

— Fiquei sabendo. — Falou quando fiz silêncio.

Apesar de sua resposta breve, eu podia sentir uma tensão invisível entre nós, como se palavras não ditas pairassem no ar ou talvez fosse apenas coisa da minha cabeça.

— Então, o que você está fazendo aqui? — perguntou, quebrando o silêncio desconfortável que se instalara entre nós.

— É uma longa história. — Respondi, lutando para manter a calma e encontrar uma desculpa plausível.

Seus olhos pareciam penetrar minha alma, buscando respostas que eu não queria dar. Eu sabia que não podia revelar a verdade sobre minha missão para encontrar os ingredientes mágicos. Isso só complicaria ainda mais as coisas.

— Não tenho pressa, posso ouvir. — Disse-me.

Sua voz era calma, mas havia uma intensidade por trás dela que me fez tremer.

Eu engoli em seco, sentindo-me encurralada. Não tinha ideia de como explicar minha presença ali sem revelar demais. Mas, ao mesmo tempo, não podia simplesmente inventar uma desculpa convincente.

— Vim atrás de flores para uma questão pessoal. — Murmurei, desviando o olhar para longe dele. — Eu só... preciso resolver algumas coisas.

Gaara estudou-me por um momento, parecendo ponderar minhas palavras. Sua expressão era indecifrável, e isso só aumentava minha ansiedade.

— Eu não acredito em você. — Disse ele finalmente, sua voz firme e decidida.

Gaara virou-se para a saída do jardim, indicando para que eu o seguisse. Com um suspiro pesado, o segui sem hesitar, nossos passos pesados ecoavam no silêncio da noite. A bagagem emocional dos dias misturava-se com a mais nova complicação que era o Kazekage. E como eu iria sair dessa situação agora?

Doce DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora