Doce Desastre

𝄪 Capítulo VII 𝄪

Lembrei-me das antigas receitas da minha avó, que, embora guardadas e pouco utilizadas, poderiam conter a inspiração que eu precisava. Talvez fosse hora de dar uma nova chance às suas ideias extravagantes e criar algo verdadeiramente especial.

— Não importa, Emi. Tenho certeza de que sua ideia será incrível, apenas se dedique a ela e verá — Shizuka tamborilava os dedos pela bancada com um sorriso iluminado.

Minha amiga era uma ótima incentivadora. Agora, mais do que nunca, eu tinha certeza do que deveria fazer.

À medida que a noite caía sobre Suna, decidi dar uma olhada em um livro antigo que havia sido guardado com carinho em uma estante empoeirada nos fundos da padaria.

Era um livro que minha avó deixou para mim, repleto de receitas tradicionais transmitidas de geração em geração. Meu pai, por algum motivo, não apoiava as ideias das receitas da vovó. Mas naquela altura, eu faria o que fosse preciso para limpar o meu histórico. Aquele pequeno momento de descontrole me fez passar por uma maluca desequilibrada. Daqui a pouco, até mesmo os países vizinhos ficarão sabendo da louca do pão.

Será tipo: "Oh, não! Não podemos atacar Suna! Eles têm uma maluca lá que faz chover pão!"

Ah, não! Não deixarei um erro estragar a minha nem tão boa reputação.

A estante era um pouco mais alta do que o previsto, ou, talvez, eu fosse baixinha demais. Procurei por alguns livros na parte de baixo, mas até o momento nada parecia chamar muito a minha atenção. Até o momento, as receitas não me eram inspiradoras e nem me pareciam tão extravagantes, como meu pai dizia, muito pelo contrário, tudo parecia quase perfeitamente idêntico às receitas que usávamos no dia a dia em demais pães, doces e bolos.

Meus olhos varriam as prateleiras baixas da estante. Quando terminei, puxei uma velha cadeira e subi para vasculhar as prateleiras altas. Não havia mais ninguém na padaria além de mim. Meu pai sempre ia embora para casa mais cedo em dias de sexta-feira, e como eu geralmente não trabalhava nos finais de semana, ficava até um pouco mais tarde para fechar o local.

Em outras palavras, não havia risco algum, mas toda aquela busca sem resultado já estava me fazendo pensar em desistir. Quando tive quase a certeza de que já tinha procurado por todas as prateleiras, um livro marrom de capa grossa me chamou a atenção, não pela cor, mas sim, pelo título: "Receitas Secretas da Vovó, deixe o Sabor da Magia Permear a Vida". Excêntrico, mas curioso. É a cara da vovó!

Retirei o livro da estante com ansiedade. Ao abri-lo, uma fina camada de poeira se desprendeu das páginas amareladas. O cheiro nostálgico do papel antigo encheu o ar. Comecei a folhear as páginas, buscando inspiração para criar algo exclusivo na padaria. No entanto, à medida que lia os textos manuscritos, percebi que não pareciam apenas receitas culinárias. Havia um toque diferente naquilo tudo. Os ingredientes me pareciam confusos.

"Onde em sã consciência eu encontraria lágrimas de duendes derretidas?"

Uma pitada de mistério permeava cada página.