A Dança Das Facas (Episódio 2)

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Dias antes...

Na cidade dos Echos, uma garota vagava pelos corredores desertos da base dos Echos, sem se preocupar com nada além de sua própria missão secreta. Eram três da manhã, e o lugar, embora silencioso, não representava perigo - pelo menos não do lado de dentro até então. Para ela, aquela seria uma noite incrível, pois finalmente descobrira o truque para conseguir o refrigerante Crystal das máquinas de venda automática de graça.

Apesar dos corredores escuros, sempre havia umas ring lights roxas nos cantos, emitindo uma suave iluminação que transformava o cenário em algo digno de um vídeo extremamente descolado para as redes sociais. Porém, mesmo com a atmosfera descolada das ring lights, uma estranha sensação de ser observada persistia.

Foi então que ela ouviu o som de passos sutis ecoando atrás dela, o que a fez virar-se rapidamente, mas tudo o que encontrou foi a escuridão completa - pois as luzes haviam sido apagadas, mergulhando o corredor em um silêncio sinistro.

A cena desdobrou-se arante dela, uma imensidão de escuridão repentina que engoliu todas as luzes ao seu redor. Um suspiro entrecortado escapou de seus lábios enquanto ela tentava entender a situação, seus olhos se arregalando de surpresa e medo. - Mas o quê..? - sussurrou em voz baixa, sua voz ecoando no vazio que a cercava.

Seus sentidos estavam à flor da pele, cada pequeno ruído amplificado em sua mente enquanto ela recuava, incapaz de enxergar absolutamente nada à sua frente.

Porém, no turbilhão do momento, ela esqueceu-se de olhar para trás, uma falha que custaria caro.
Um arrepio a percorreu quando algo frio e implacável perfurou suas costas, não apenas penetrando sua pele artificial, mas também atravessando o "metal" que a compunha por dentro. Era uma sensação estranha, a fusão dolorosa de seus componentes "mecânicos" com o sangue que escorria pela sua roupa.

O horror daquela experiência bizarra desafiava todas as noções que ela tinha sobre sua própria natureza. Robôs não deveriam sentir tanta dor assim, muito menos sangrar! Mas ali estava ela, confrontada com uma realidade distorcida que a fazia questionar tudo o que sabia sobre si mesma.

- E-essa não... - Murmurou ela, colocando a mão na ferida que, estranhamente, ao invés de ser quente, era fria ao toque. Tudo ao seu redor parecia escurecer ainda mais, uma sensação opressiva de confusão e perigo envolvendo-a completamente. Com um esforço para entender o que estava acontecendo, ela deu uma olhada rápida para trás, apenas para se deparar com uma figura encapuzada, a fonte de sua aflição.

- É... foi o que eu imaginei. - Disse o causador, sua voz soando fria e sem emoção, sem fornecer qualquer contexto para suas ações.

A garota caiu de joelhos no chão, os sistemas internos já começando a "desligar" lentamente enquanto o mundo ao seu redor parecia girar em câmera lenta. Sabia que seja lá o que ela era feita por dentro, aquilo não era normal.

O responsável pela queda, imperturbável, abaixou-se e retirou a faca de suas costas, observando o sangue escorrendo como se fosse um detalhe insignificante em seu plano já traçado.

Seus olhos não revelavam qualquer emoção enquanto ele considerava os próximos passos, como se já tivesse tudo meticulosamente planejado, tanto com seu objetivo e como se livrar daquele corpo robótico. - Essa geração... - Suspirou, sabendo muito bem o que estava fazendo.

(...)

- Aí me conta logo Mavi! - Neo disse, extremamente curioso. Mavi guiava Neo até o lixão, um tanto quanto com pressa. Se perguntava se realmente iria vê-lo novamente. Apesar de ambos terem feito aquele trato por interesse próprio, ele era até que um bom amigo apesar de ser um Hyde.

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