Eu queria dizer que você foi a primeira pessoa que eu já gostei, e que finalmente amei. Mas você não foi.
Não foi a primeira garota que fez o meu coração acelerar, ao ponto de achar que iria enfartar.
Não foi a primeira garota que me fez ficar suando e ansioso de tanto pensar o que iria te falar, quando fôssemos conversar.
Não foi a primeira garota que troquei o meu primeiro beijo, que dirá que perdi a minha virgindade.
Você não foi a primeira garota que pensei que os meus sentimentos nunca iriam mudar, e que seria para sempre.
Mas você foi a única garota que me fazia feliz, só de te olhar.
Você foi a única garota que quando eu te olhava, iluminava tudo ao seu redor e ao meu redor.
Você foi a única garota que não precisei ensaiar, inventar ou cogitar algum diálogo. Porque com você era tudo diferente, espontâneo, e único.
Com você eu sentia que estava sempre na estação da primavera, um reflorescimento não da flora, mas da nossa vida estando juntos. Algo novo, lindo e vivo todos os dias.
Com você eu sentia que era a primeira vez que sabia o que era amar alguém de verdade.
Com você eu também me sentia ansioso, com o coração acelerado e até um pouco nervoso em saber que iria te ver, estar com você. Mas por ser você, sentir isso tudo me impulsionava a estar logo com você.
Você foi a melhor coisa que já me aconteceu.
Porque de todo coração, finalmente consegui entender, que você foi a única que eu realmente já amei.
— Filha? De novo lendo isso? – disse a minha mãe, que tinha me surpreendido chegando tão de repente perto de mim. Não tinha ouvido ela se aproximar, que dirá quantos minutos já estava lá.
— Nossa, mãe! Eu não sabia que estava aí – eu disse enquanto dobrava a carta e colocava ela na mesma caixinha que sempre ficava, dentro do armário da minha mãe. – Eu verdadeiramente amo ler essa carta, essa poesia que escreveram para você. É tão intensa!
— Eu também gosto muito dela, mesmo não fazendo ideia de quem me mandou – disse a minha mãe
— Eu nunca entendi direito isso.. como assim você não faz ideia de quem escreveu aquela poesia pra você? Eu sempre achei que era algum tipo de brincadeira secreta entre você e o papai, dizendo que não foi ele que escreveu para você – eu disse por fim, mais confusa do que outra coisa.
— Não, não 'rs' – ela respondeu rindo - É que nessa época eu não era uma menina que levava muito à sério os rapazes que conhecia, me envolvia. Às vezes estava com mais garotos do que os dedos das minhas duas mãos 'rs' – ela respondeu rindo, e explicando a dúvida que me rondava.
— Então como essa poesia chegou em suas mãos? – perguntei
— Bom, um dia fui verificar a caixa de correio de casa, e vi que tinha um envelope endereçado para mim. O que foi uma grande surpresa, porque nunca tinha recebido alguma carta – minha mãe começou a explicar - E quando abri o envelope, vi que tinha essa carta dentro, essa poesia. – ela falava como se aquilo tivesse acontecido a pouco tempo - E fiquei completamente boba ao terminar de ler, porque nunca tinham escrito algo assim para mim. E ler ela, me fez pensar no seu pai do início ao fim da poesia, o que me fez pensar de imediato que foi ele que tinha mandado e escrito para mim.
Eu nem cheguei a questionar de cara se tinha sido ele, simplesmente deduzi, parei de andar com os outros rapazes, que aliás, nenhum sabia da existência um do outro 'rs' – ela explicava rindo de toda a situação em que tinha se metido - E pedi o seu pai em namoro, já que ele volte e meia me pedia, e os outros também.
— Mas quando foi que você descobriu que não foi ele? – perguntei querendo saber cada brecha da história.
— Quando citei sobre a poesia nos votos do casamento 'rs' – minha mãe dizia e ria da situação que lembrava - Na hora ele fez uma expressão muito esquisita quando ouviu, mas não disse nada. Só depois na hora da festa do casamento, ele veio me questionar sobre o que tinha dito na hora dos votos, sobre "uma tal de poesia que ele tinha feito", porque ele nunca tinha escrito algo assim, ainda mais me mandado sem dizer que foi ele, não via sentido nisso. – ela terminou de explicar
— E no fim você nunca descobriu quem foi? – perguntei mesmo já imaginando qual seria a resposta
— Não, nunca descobri e nem faço ideia de quem tenha sido que escreveu essa poesia – ela me respondeu, algo que já imaginava ser
— Sinto um pouco de tristeza pela pessoa que escreveu para você, porque no fim, os sentimentos dele escrito na poesia para te tocar, te fez lembrar de outra pessoa que não era ele.
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Uma chance
Short StoryCada capítulo, uma chance, um conto diferente. Uma chance para que as minhas palavras te alcance e toque em você. Uma chance para descrever e trazer em detalhes aquilo que deveria lhe dizer. Uma chance, entre inúmeras chances e possibilidades que a...