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Diego Cardoso

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Diego Cardoso.
DG.

📍Favela da Nova Holanda, Rio de Janeiro.

Meu nome é Diego, mais conhecido por aqui como DG por conta do tráfico mermo, nego foi me apelidando assim e quando eu vi já estava conhecido como DG pela favela toda.

Devem me achar um perdido mesmo mas não, pior que não sou e eu sou um dos vários que entrou com consciência do que queria e era isso que eu queria mesmo, na época minha mente era meio bitolada das ideias.

Sabe aqueles menorzinhos de favela revoltado? Era eu, não vou dizer também que foi a convivência com o mundo do crime que me tornou assim não, foi a ganância, a revolta e a ambição que me deixou cada dia mais pensativo sobre o que eu queria viver.

Mas o estopim pra tudo virar de cabeça pra baixo foi ver minha irmã mais nova quase ser morta e a minha mãe perder a vida com bala perdida em uma invasão, nesse dia em diante eu joguei tudo pro ar e resolvi entrar pro crime.

Não é pra sentir pena não, nem achar que eu sou um cara que não teve oportunidade na vida porque eu sempre tive mas quem era a coluna da minha casa tinha acabado de partir e como eu com a minha irmã de 12 anos e eu com 17 anos íamos sobreviver?

Sei que tem vários jeitos e me poupem da ladainha de arrumar trabalho porque pra nós do morro tudo é mais difícil na pista então eu corri pro mais fácil mesmo e to aqui até hoje nessa correria, são 9 anos já.

Criei a Yasmin, tirei ela da casa da minha mãe porque não dava pra morar ali depois de saber que a bala tinha comido e nossa mãe tinha sido morta com uma bala perdida.

Aliás, bala perdida não, bala ACHADA.

Pro favelado nunca tem bala perdida, sempre bala achada porque eles entram atirando pra tudo quanto é lado sem pensar duas vezes.

Tiro vai em cima de criança, de adulto quem tiver no meio toma e eu não to dizendo que nós não somos culpados também não porque somos, mas se o estado não entender que enquanto cada um não se manter no seu canto mais e mais pessoas vão morrer.

Porque me conta qual o fundamento da guerra?
Vai morrer eu e vão entrar mais vinte e essa porra nunca vai acabar, morre nós, morre eles, morre inocente mas isso aqui que eu vivo, não vai acabar.

Subi rápido de cargo e quando vi já estava dando o melhor pra minha irmã e não faltava nada na nossa mesa, tinha tudo o que nós nunca podemos ter e o sorriso no rosto dela era o que me fazia feliz.

Mas eu não era aquele irmão que facilitava não, nunca facilitei, tinha que estudar pra ser gente, não queria envolvida com bandido, não queria!

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