09.

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ROMANO.

📍 Complexo da Maré, Vila do João, RJ.

— Traz, que esse merda eu mesmo quero ter o prazer de matar. — falei pro Escobar.

Boca de fumo não tem um dia de paz não, não tem essa que é de manhã, de tarde ou de noite não.
O dia todo tem coisa pra fazer, coisa pra contar, algo pra checar e eu era 100% o crime digamos que eu não tinha outra vida a não ser a vida que eu levava pelo morro e pela comunidade, então minha vida não parava e não tinha sossego nem um minuto.

Mas contar, eu gostava, gostava pra caralho da adrenalina que isso dava na minha vida e eu nunca abandonei tráfico por nada mas eu pensei, quando eu me envolvi com a mãe da minha filha que infelizmente foi levada e morta com a minha menina na barriga por causa dos cana.

Isso me tornou pior e me tornou a pessoa que eu sou, podre de alma e sem compaixão nenhuma por ninguém, sabe porquê? Porque na vez que tiveram que tirar o meu bem mais precioso que era a minha família tiraram sem dó e nem piedade.

Então por que eu teria piedade de alguém se não tiveram de mim?

Bandido não presta mesmo, então não tem motivos para você querer fazer a linha traficante bonzinho, sou bom com quem merece e com quem anda totalmente na linha, o resto eu dou um tratamento só, o meu tratamento de luxo.

Chegou no meu ouvido um papo de informante, bagulho de x9 dentro da minha favela não se criava nem por um minuto sequer e eu não queria saber se era x9 dos cana ou dos alemão, eu matava sem piedade nenhuma.

Subiram com o menor, segurando ele pelo braço e jogaram ele na sala, sem querer muito papo eu olhei dentro dos olhos dele e o meu ódio vibrava dentro de mim.

Mais um ou menos um nas minhas costas não fazia diferença.

— Qual é o seu nome?

Foi a primeira coisa que eu perguntei, eu gostava de saber o nome antes de matar e dar fim, esse eu tinha certeza que não ia sobreviver na minha mão.

GB: Gabriel...

Filho da puta era meu xará...
A voz trêmula e o olhar assustado denunciou o medo e naquele momento pra mim ficou claro que ele devia porque quem não deve nada, chega na minha frente pro desenrolado sem medo.

GB: Por favor, não me mata... — pediu misericórdia. — Eu tenho família...

Dei risada, vagabundo achava o que? Que eu também não tive uma família e que esse papinho de ser chefe de família me comovia?

— Você jura? — ri.

GB: Pelo amor de Deus, eu não sei de nada não Romano.

— Então eu peguei a pessoa errada? — olhei nos olhos dele.

GB: Sim...

— Pega o celular dele aí Escobar.

Celular denunciava muita coisa e se você fosse x9 burro, você não apagava os seus rastros e ele era um desses, eu não pego ninguém na mancada e mando matar sem motivo.

Antes de qualquer coisa eu tenho certeza.

Escobar: Tá tudo aqui mano.

— Já era de se espera né. — ri e voltei minha atenção pra ele. — Eu podia te deixar passar dessa muito bem vivo, mas sabe qual foi o seu erro? Mentir...

GB: Pelo amor de Deus... — chorou.

— Nunca te contaram que quem fala a verdade não merece castigo?

Antes que ele pudesse responder qualquer coisa descarreguei um pente na cabeça dele que caiu no chão com alguns miolos espalhados, virei as costas saindo.

— Da fim, joga na vala, não sei o que vocês vão fazer, só tira esse merda daqui. — virei as costas saindo. — Escobar chega ai comigo.

Desci pro QG com o Escobar afinal a carga chegava amanhã e pelo visto muita gente já estava sabendo mais do que devia saber e eu não queria erros, muito menos percas.

Não estava com cabeça nenhuma pra poder perder nada pra ninguém e se eu perdesse quem pegou não ia ter paz, da mesma forma que eu não tenho.

Escobar: Mano, tá tudo certo! — falou. — O que podemos ver é que ele não passou muitas informações importante pra eles não, então sem saber como é o caminhão, por onde vai passar e o horário, eles não tem como fazer nada.

— Correto, assim eu espero. — falei. — Essa mercadoria é importante demais e não pode ser perdida de maneira nenhuma.

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