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Saio do quarto com o pequeno animal em meus braços, procurando pelo gato branco.
Passo pela cozinha e nada dele.
Vou para o corredor e nada.
Nem mesmo na sala ele estava.Já que eu não fazia a mínima ideia de onde ele poderia estar, coloquei Suki no chão com toda a delicadeza possível e fui pegar algumas sacolas para trazer os alimentos até em casa.
- Suki, você sabe o caminho até a vila? - pergunto inconscientemente para o animal que estava sentado no pequeno sofá no canto da sala. Eu não esperava receber alguma resposta, já que era apenas um gato e provavelmente selvagem.
Saio em direção à porta de saída, a fechando em seguida. Olho novamente para aquele grande terreno cheio de pequenas flores brancas e a grama que parecia estar recém feita, mesmo que ninguém morasse ali a anos.
Por minha visão periférica, vejo o outro gato branco escondido em meio às flores, o que me surpreendeu de certa forma."Ele não estava ali a um minuto atrás...", penso porém logo sou tirado de meus pensamentos ao sentir Suki correr por entre minhas pernas indo em direção ao animal de pêlos brancos como a neve que tanto presenciou quando estava na Inglaterra.
Lembranças que me traziam um sentimento de tristeza.
Balanço a cabeça tentando afastar tal pensamento, levando meus olhos aos animais que agora se encontravam perto um do outro, juntos. O gato branco lambia os pêlos de Suki que parecia apenas apreciar seu ato.
"Gostaria de ter alguém para me consolar também...", penso, porém logo me arrependendo. Novamente aquelas memórias de algo que só existia na minha cabeça.
Não era culpa dele, era somente minha por não saber como diferenciar seus atos e gestos, e por confundir tudo.De repente, uma palavra me vem à cabeça: cauteloso. Não era muito adequado para um nome, mas era perfeito para esse animal que ainda me causava um certo medo e que a essa altura já me observava intensamente novamente.
- Hum... Vai ser difícil achar um nome a sua altura, gatinho branco. - penso mais um pouco e resolvo ir pelo lado mais fácil e chamá-lo de Snow, já que o tinha comparado com neve. Era um pouco brega mas achei que serviria no momento.
- Bom acho que Snow é um ótimo nome para você. - digo para o animal ameaçador, recebendo um miado carinhoso de Suki parecendo estar de acordo com a nomeação. Snow apenas se levantou de onde estava sentado, sem tirar os olhos de mim, e foi andando pela grama que quase o escondia por completo, sendo seguido por Suki, na direção oposta a minha.Vou andando pelo gramado em direção ao portão de madeira que me lembrava de ser caminho para um pequeno bosque por onde havia passado, quando cheguei em meu mais novo lar. Por um momento acho uma ideia completamente idiota, e que provavelmente me daria muitos julgamentos se alguém descobrisse, mas resolvo seguir ambos os animais que já iam saindo pelo portão meio enferrujado. Acho que a cada dia que se passa mais louco fico por conta de todo o isolamento. Mas isso não importa, não teria nenhum mal em só seguir quem já tinha mais experiência pela área, mesmo que fossem dois gatos selvagens.
O bosque é bem tranquilo e me trás um sentimento de calmaria. Não era um vasto campo verde, mas tinha um tamanho bem razoável. Assim como no meu quintal, havia muitas flores, porém a única diferença era que haviam de todas as cores. Vermelhas, roxas, amarelas... Porém nenhuma branca.
Me pergunto se elas cresciam apenas em um tipo de terreno específico. Mas logo lembro das vezes que fugia para não ir às aulas de floricultura que tio Tankhun me ensinava quando menor.
Seguindo os animais que pareciam correr sem mais preocupações, logo consegui ver uma pequena casa ao longe, o que significava que a vila já estava a vista.
Andei com mais um pouco de pressa até uma plaquinha na entrada da vila, e identifiquei que havia apenas uma pequena vendinha da cidade, então me encaminhei ao local rapidamente.No caminho, vi uma mulher que parecia estar com uma certa dificuldade em carregar dois grandes galões. Me aproximei um pouco da senhora por detrás da senhora.
- Com licença...
- AAAHHHH!!! - gritou a mulher dando um pulo para trás perecendo extremamente assustada. - LADRÃO!!!
- Calma, senhora. Não sou ladrão e lhe quero fazer nenhum mal. Apenas vi a senhora com dificuldades e resolvi ajudar.
- Ah... Nossa garoto! Você me assustou. Eu poderia ter tido um enfarto agora mesmo! - disse colocando um dos galões no chão com certa dificuldade. - Bom, agradeço pela gentileza, por mais que quase tenha me assustado até a morte! - falou abrindo um pequeno sorriso gentil, ajeitando o galão restante em seus braços. - Peço perdão pelo escândalo, não estou acostumada com visitas. Inclusive você não me parece familiar...
- Me mudei recentemente para a casa da minha vó. Aquela que fica após o bosque. - respondo retribuindo o sorriso pegando o outro galão. Nós começamos a andar enquanto ainda conversávamos. - Falando nisso, me chamo Porchay.
- Prazer, Nong Chay. Se você não se importar que eu te chame assim...
- Não, sem problemas. - retribuo o sorriso. Só meu irmão tem o costume de me chamar de Chay, mas eu não me sentia estranho quando as palavras saiam de sua boca.
- Inclusive meu nome é PhraNang. Você é neto da Khun Buppha? - perguntou a mulher curiosa.
- Sim. Ela faleceu e acabou deixando a casa em meu nome.
- Meus pêsames, meu jovem. Eu passei os últimos dias que Khun Buppha ainda estava viva com ela.
- Sério? A senhora viu a minha vó antes de falecer? - pergunto curioso. Não sabia que minha avó tinha estado com alguém muito antes de falecer.
- Sim sim. Ela era muito ativa aqui na vila. Ela ajudava a todos, e nós éramos muito amigas. Ela cuidava de mim quando eu era criança para que meus pais fossem trabalhar na cidade. Isso já faz um bom tempo.
- A senhora não parece ser tão velha, peço até perdão pela palavra se lhe ofender...
- De jeito nenhum, Nong Chay. Não sou tão mais nova que sua avó quando faleceu. Tenho 42 anos.
- Nossa! A senhora é bem mais nova que minha avó quando viva. Não parece que a senhora tem a idade que tem. Eu lhe daria facilmente uns 35 anos.
- Ah, Nong. Não precisa exagerar. Assim me sinto lisonjeada. Fico feliz que os cremes importados da cidade estejam fazendo efeito. - disse a mulher envergonhada porém orgulhosa, parando de andar de repente. Olhei em volta e estávamos parados em frente a uma pequena casa ao lado de um poço. - Bom muito obrigada por ter me ajudado e me elogiado. Foi um grande prazer conhecer o neto de uma tão querida amiga que infelizmente partiu tão cedo. Quer entrar? Não tenho muito a oferecer na minha humilde vendinha, mas chá e biscoitos sempre tenho.
- Essa é a vendinha da cidade? - pergunto surpreso, vendo a mulher assentir com um sorriso no rosto. - Deve ser coisa do destino. Estava procurando justamente por ela. Tenho que abastecer minha dispensa.
- Então além dos biscoitos e chá, por você ser um garoto tão bom, vou lhe dar um desconto.
- Não, não precisa. Eu posso pagar. - nego a proposta, por mais que aceitaria um desconto sem nem reclamar. Não queria parecer necessitado aos olhos daquela mulher tão gentil.
- Que nada, Nong. Você é muito gentil por ter me ajudado a carregar esses galões. Sem sua ajuda minhas costas teriam sofrido mais do que já sofrem por conta da idade. E você é neto de uma amiga muito querida e não vai ser nenhum incômodo. - falou PhraNang me puxando pela mão para dentro da pequena casa.
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Beast of the Florest
RomancePorchay, um garoto que vivia uma vida difícil depois de problemas com seu primeiro amor, que como consequência o fez desacreditar no conceito de "Felizes para Sempre", herdou a casa de sua avó. Uma casa no meio de uma floresta dita por muitos como...