Impossível Não Amar
Mansão Vonstein
Dias AtuaisO som da maçaneta girando reverberou pelo quarto como o grito de uma gralha, ensurdecedor diante tamanho silêncio do cômodo. Thalassa permaneceu imóvel sob as pesadas cobertas, segurando a respiração na esperança de que o visitante apenas deixasse a vasilha do jantar e saísse.
Ouvindo os passos costumeiros, percebeu que ele largou a bandeja na mesa ao lado e caminhou até a cama, parando atrás da Ceifadora.
O batimento dele era a única melodia do lugar.
Thalassa não poderia vê-lo. Não conseguiria encarar seu rosto tão sereno e acalentador sem desabar completamente. O olhar caloroso demais, o toque delicado, a voz tranquila. Tudo aquilo seria muito para suportar.Seu coração doía. Doía demais. Não queria. Não podia desabar.
Quando o ouviu ir até a porta, finalmente se permitiu respirar, porém, tão rápido quanto o vento, ele estava ao seu lado. O doce perfume familiar das thunbergias invadindo seus sentidos.
Um soluço baixinho saiu dela.
Eles tinham o mesmo cheiro.
Sua mãe e Lirael.
Eles cheiravam a casa.Sem que pudesse impedir, lágrimas quentes começaram a rolar por seu rosto, manchando os travesseiros. Em uma enxurrada, elas corriam sem vergonha ou receio e vieram a vida ansiosas pelo cair. Ainda com os olhos fechados, ela sentiu Lirael secá-las com um cuidado torturante.
- Abra os olhos.
Ela os fechou ainda mais, balançando a cabeça em negação e a palma de Lirael cobriu a lateral de seu rosto. Firme e quente. Uma promessa de segurança.
- Por favor, querida.
Exitante, ela obedeceu.
Na meia luz do quarto, iluminado pelas velas, Lirael encontrava-se ajoelhado ao seu lado. Seus rostos frente a frente. A Ceifadora absorveu cada pequena mudança e, como sempre, perdeu-se nele.
Lirael demonstrava um cansaço que antes não estava ali, suas sobrancelhas juntas em preocupação e lábios franzidos não eram uma expressão que a jovem estivesse acostumada a ver nele.
- Você está bem? - perguntou ela.
O Narfin bufou incrédulo.
- Essa fala é minha.
Devagar, seu polegar começou a formar círculos em sua bochecha e o bolo de angústia que se formava nela deu indícios para desaparecer.
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𝑽𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆 𝑨𝒔𝒂𝒔 - Em Revisão
FantasyAs Crônicas de Selmor e Sigor - Conto I Quando tudo o que Thalassa conhecia é destruído, resta-lhe apenas... recomeçar. Treinada para ser mais uma arma no exército de Beril, pouco ela sabia além da sobrevivência. Seus conceitos e princípios a prepar...