Capítulo VI

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Semanas Depois

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Semanas Depois

     Lirael quase desabou da escada ao avistar Thalassa cruzando a soleira da porta principal, parecendo a mesma Ceifadora de sempre. Longe da versão inanimada que passou dias trancada no quarto, impedindo que qualquer pessoa entrasse. Os únicos momentos em que a viu após sua conversa foram os relances de sua figura magra sob as cobertas todas as vezes em que trazia o jantar.

Depois do seu retorno à cidade, Thalassa desapareceu completamente dentro de si. Não importava o que ele fizesse. Ainda agora, quando o Narfin fitava seus olhos, uma parte vital dela parecia faltar.

Ao contrário dele, que havia contado mais do que deveria sobre sua vida a uma estranha, a Ceifadora pouco revelou a Lirael. E quando o fez deixou um emaranhado de informações incompletas que de alguma forma pareciam não se encaixar.

Observando-a tomar coragem para falar, ele prendeu a respiração.

— Irei embora.

O chão aos pés de Lirael desabou.

Ele não era ingênuo e sabia a muito tempo que esse momento chegaria, mas não conseguiu evitar a surpresa diante da mudança repentina.

Os dias pareciam mais leves com a presença de Thalassa, por mais inusitado que parecesse, e ele adorava isso. A familiaridade que criaram, os hábitos que formaram. Tudo parecia girar em torno daquela amizade estranha.

Piscando para o nada, ele a encarou.

— Entendo — pigarreou, tentando dissipar a sua confusão mental — Quando?

— Agora.

Fingindo naturalidade, o Narfiniano acenou com a cabeça. Um bolo apertando sua garganta e forçando-o a buscar apoio no corrimão ao seu lado.

— Entendo.

Ele desejou bater em si mesmo.

O que estava acontecendo com ele?

Encarando em silêncio a figura pequena demais, mas tão letal quanto os dragões que a muito existiram, Lirael desejou mais do que nunca tocá-la. Diante dela seu coração doeu, estando próxima e ainda assim distante demais.

Algo dentro do jovem, por um longo tempo enterrado, agitou-se e subiu à superfície ansiando por ar.

Ele estava arruinado.

— Lirael — a voz suave de Thalassa soou próxima — Você está bem?

Fitando a Ceifadora agora a alguns centímetros de distância, parecendo tão perdida quanto ele, tentou despertar de sua mente caótica. Repreendendo-se por seu desejo egoísta em prendê-la a si, quando o coração dela sangrava em luto e ansiava por liberdade.
Assentindo levemente, ficou feliz em ver a preocupação dela desaparecer um pouco.

𝑽𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆 𝑨𝒔𝒂𝒔 - Em Revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora