Capitulo 29

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Em meio a um quarto grande de paredes brancas e um vento frio, a um coração que chora em silêncio e olha para as gotas de chuva na janela. A chuva era o reflexo de uma alma que não queria mais solidão. Um coração sensível por conta de tantas feridas observava atentamente a rua vazia. O coração que chorava em silêncio era de alguém que não era mais amado por quem amava incondicionalmente. O coração que chorava em silêncio era de quem um dia sorria de alegria por ser amado. O coração que chorava em silêncio é de quem só consegue pensar no passado e tem medo da realidade. O que fazer agora além de aceitar a realidade? Eu e o meu coração, chorava em silêncio todas as noites frias em Milão. Não entendia como alguém poderia comprar um quadro tão triste e vazio de cores. Estava colocando tudo que sentia no pincel e pessoas compravam esses quadros cada vez mais. A saudade do meu filho machucava. Estava começando a ficar impaciente com a demora do Hunter para voltarmos para casa. Sempre surgia uma nova exposição. Até que um dia cansei.
- Se eles quiserem ver mais quadros meus em uma exposição teram que ir para Nova York, porque é pra lá que eu vou. Já chega!
- Mais Clark...
- Não tem mais! Eu estou indo fazer as minhas malas. - Disse saindo.
Fui para o meu quarto e comecei a fazer as minhas malas. Estava cansado de Milão e com saudade dos meu filho. Além de Bela reclamar que não gostava de lá e falar que estava com saudades de casa. Isso me matava toda vez que ela falava isso.
- Papai o que está fazendo?
- As malas. Vamos ir pra casa.
- E sério!?
- Pode me ajudar pegando suas coisas e colocando aqui?
- Uhum.
Depois que terminamos de fazer as malas ajudei a Bela no banho. Coloquei uma roupa nela e depois fui tomar um banho também. Não ficaria nem mais um dia em Milão. Depois do banho coloquei uma roupa e saímos do hotel. Pegamos um táxi e fomos para o aeroporto. Nunca tinha trabalhado tanto. Precisava descansar e curtir os meus filhos. Ao chegar no aeroporto pegamos um avião para os Estados Unidos. Horas depois estavamos em Nova York. Pegamos um táxi pra casa. Ao chegar em casa Bela desceu do táxi e começou a correr atrás de uma borboleta. Peguei as malas e entrei em casa. Alice tinha cuidado de tudo pra mim. Coloquei as malas no quarto e voltei lá fora. Estava um dia lindo. Mais ao olhar a aliança ainda na minha mão bateu uma tristeza. Muitos me conheciam, poucos me intendiam e ninguém sabia o que eu sentia, porque nunca compartilho eles a não ser com as lágrimas no silêncio da noite. Não conseguia entender como eu conseguia sentir saudade depois de tanto tempo. Era uma dor sem explicação e sem cura. Mais prometi que nunca mais ia forçar alguma coisa de novo. Amar era a melhor sensação do mundo, mais o amor também te destrói de maneira que deixa cicatrizes. Eu queria nunca ter amado, só pra não sentir a dor que o amor nos causa. Machuca saber que não fiz falta, que não sou lembrado.
- Bela, o que acha de conhecer o meu filho hoje?
- O Enzo?
- Isso. O que acha?
- Tudo bem.
- Então vamos lá. - Disse pegando em sua mão.
Pegamos um táxi e fomos direto pra casa da Lucy. Eu estava ansioso pra ver meu filho, e pra ver se Lucy estava bem. Chegando lá bati na porta duas vezes. Logo Lucy abriu a porta e ao me vê fez uma cara estranha.
- Clark!?
- Oi Lucy! Eu cheguei hoje de viagem e queria ver o Enzo. Essa e Bela. Bela essa é a Lucy.
- Mais que menina linda! Tudo bem Bela?
- Tudo. - Disse Bela sorrindo para Lucy.
- Vamos entrar. Enzo ta brincando no berso.
Lucy estava diferente. Tinha cortado o cabelo e pintado de castanho claro. Estava linda como sempre.
- Como foi em Milão?
- Foi bom, e ruim ao mesmo tempo.
- Ruim por causa do Enzo né.
- Também. Mais não foi só por causa do Enzo.
- Vou fazer um café por enquanto que você mata a saudade do Enzo.
- Ta bom.
Bela e eu fomos direto para o quarto do Enzo. Ao chegar lá vi Enzo brincando com um ursinho de pelúcia. Ele estava mais gordinho e crescido. Peguei ele no colo e comecei a brincar e a conversar com ele. Bela tinha se encantado com ele e o olhava com admiração. Bela ficou brincando com os brinquedos junto com o Enzo. Senti um cheiro de café e caminhei até a cozinha. Lucy estava de costas para mim, fazendo o café. Fiquei olhando-a por alguns minutos até ela olhar para trás e ver.
- Ele cresceu.
- cada vez mais lindo. - Disse Lucy.
Me sentei a mesa e Lucy colocou café pra mim em uma xícara.
- Obrigado.
- Então, o que aconteceu em Milão?
- Hunter começou a ver uma mais do que amizade. Acho que o dinheiro subiu a cabeça. Ele exigia que eu fizesse mais quadros, e que eu ficasse mais tempo em Milão. A gente vivia discutindo por conta disso. Então, ontem falei pra ele que estava indo embora. Eu não aguentava mais ficar longe do Enzo, e da minha casa.
- Não deve ter sido fácil pra você.
- E não foi. E você, como você ta?
- Estou bem. Trabalhando pouco agora por conta do Enzo, mais eu consigo administrar tudo muito bem.
- A minha mãe disse que você me procurou do dia em que estava indo pra Milão. Disse que queria falar comigo. Sobre o que era?
- Não era nada de mais. Era pra te entregar um casaco que deixou aqui em casa.
- Ata. Eu queria sair com o Enzo hoje. Será que você deixa a gente ir até o Central Park?
- Claro!
- Se você não tiver nada pra fazer poderia ir junto também.
- Eu adoraria. Só preciso de um minuto pra me trocar e colocar uma roupa no Enzo.
- Tudo bem.
Depois que Lucy se trocou e arrumou Enzo pegamos um táxi e fomos. Chegando lá descemos do carro e começamos a caminhar. Estava um dia lindo. Compramos sorvete e sentamos na grama. Bela brincava com a bola e Enzo ficou em meu colo.
- Me falaram que você comprou uma casa de frente pró lago.
- Eu estava vendo umas casas. Quando a Bela viu aquele lago ela amou. Queria morar na casa, então comprei.
- Julie mandou uma carta pra mim...
- Clark!? - Chamou uma voz familiar.
Quando olhei para trás vi Carly.
- Carly! Como você ta?
- Melhor agora, e você? Como foi em Milão?
- Foi bom, mais senti falta daqui.
- Imagino.
- Me deixe te apresentar. Carly essa é Lucy, Lucy essa e Carly.
- Prazer em conhece-la. - Disse Lucy comprimentando Carly formalmente.
- Prazer. Você ta diferente, mais bonito. O que fez em Milão?
- Trabalhei muito.
- Clark eu já vou indo. Me lembrei que tenho umas coisa pra fazer. - Disse Lucy se levantando.
- Mais já?Acabamos de chegar.
- Se você quiser ficar com o Enzo, pode ficar. Mais tarde você leva ele pra mim.
- Quero ficar sim. Então a gente se vê mais tarde.
- Até mais! - Disse Lucy saindo.

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