Capítulo 15

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Atravessei a rua e caminhei até a Sofia. Ao chegar perto dela, vi que Sofia estava se tremendo. Eu não entendia por que ela estava fazendo isso. Por que tinha dormido ali. Ela me parecia uma pessoa disposta a fazer de tudo, para ter o perdão da Lucy.

- Por que não vai embora, Sofia. Está frio na rua.

- Eu não saiu daqui até falar com a Lucy.

- Seus dedos estão roxo. Vem comigo! - Disse levantando Sofia do banco. Atravessamos a rua e entramos em casa.

- Não acredito que trouxe ela, pra dentro da nossa casa. - Disse Lucy.

- Fique aqui, eu vou ligar a lareira e pegar um cobertor pra você. - Disse ajudando Sofia a se sentar no sofá.

Fui até o quarto e peguei dois cobertores.

- O que você está fazendo ?

- Se não ajudarmos ela, Sofia vai ter uma hipotermia. Você não viu como ela está?

- Sim eu vi.

Fomos para sala e Sofia continuava se tremendo. Coloquei as cobertas sobre ela, mais não adiantava. Lucy olhava tudo, sentada no canto, sem dizer uma palavra. Sofia continuava se tremendo. Olhei para Lucy e ela me olhou. Então Lucy se aproximou de Sofia e abraçou. Depois ajeitou as cobertas sobre elas e continuou abraçada com Sofia. Aquela era a Lucy que eu conhecia.

- Eu sabia que me perdoaria.

- Eu não te perdoei. Só não quero ser o motivo da sua doença.

- Eu senti tanto a sua falta. Lucy foi um acidente. Era pra mim ter tirado as drogas de dentro do carro um dia antes de você ir pra faculdade, mais eu bebi de mais e acordei tarde. Acabei esquecendo que as drogas estavam lá.

- E por que não disse a policia que a droga era sua?

- Eu tive medo. Eu não queria ir pra cadeia.

- Eu era inocente, Sofia! Tem noção do que eu passei lá?

- Me perdoa, Lucy. Eu não fiz por querer. - Disse Sofia tremendo os dentes.

- Eu não consigo te perdoar, não agora.

- Eu intendo. Mais não me deixe longe de você, por favor Lucy! Eu não consigo mais viver longe de você. - Disse Sofia chorando. Lucy então se levantou e saiu da sala. Sofia parecia arrependida. Me aproximei dela e toquei em seu ombro.

- Eu sei que é difícil, mais tente entende- lá. - Eu intendo.

- Fique aqui. Eu já volto. - Disse saindo.

Ao chegar no quarto, vi Lucy sentada na beira da cama chorando. Me sentei ao lado dela e abracei ela.

- Eu sou humana Clark, não me olhe daquele jeito de novo. Acha que eu não fiquei triste quando vi ela fria e tremendo? Eu amava tanto ela. Fazia de tudo para ver ela feliz.

- Por que não perdoa ela?

- Porque não e fácil pra mim. Quando olho pra ela me lembro de tudo que aconteceu. E tudo o que vejo quando olho pra ela. E só o que eu vejo.

- Eu te intendo, mais ela e sua irmã. Tente se aproximar dela devagar, ou melhor, deixe ela se aproximar de você novamente e mostrar que ela mudou.

- Eu não sei. Preciso de um tempo pra pensar.

- Você quem sabe. Eu vou lá ver como ela estar.

Ao voltar para sala, não vi Sofia em quanto nem um. Os cobertores estavam em cima do sofá. Fui até a rua e olhei em volta. Sofia tinha ido embora. Voltei pra dentro de casa e fui para o quarto.

- E ai ?

- Ela sumiu. Não está mais na sala, nem na rua.

Me sentia mal pela Lucy. Não gostava de ver ela triste. Isso doía em mim também. Naquele dia fiquei com a Lucy o tempo que podia, depois fui pintar mais quadros para próxima exposição. Quando pintava os quadros fiquei pensando na irmã da Lucy. O jeito como ela se vestia não parecia que usava drogas ou coisa do tipo. Será que depois do que aconteceu ela mudou, parou de usar drogas? Ao anoitecer fui para casa. Estava cansado e com muita dor de cabeça. Ao chegar em casa tomei um remédio e fui tomar um banho. Depois do banho deitei na cama. Estava frio e nevava lá fora. Tudo que eu precisava agora era de um chocolate quente que a Lucy faz perfeitamente. Do nada me bateu uma saudade dela. Queria que ela estivesse aqui comigo. Peguei no sono esperando qualquer sinal da Lucy. Acordei duas horas depois com o barulho de porta abrindo. Lucy finalmente entrou no quarto com uma sacola na mão e a bolsa na outra. Ela era tão linda, delicada e meiga.

- Dormindo uma hora dessas?

- Estou com dor de cabeça.

- Tomou remédio? - Perguntou Lucy ao colocar a bolsa de lado.

- Tomei.

- Só remédio não adianta. Deixa eu te fazer uma massagem na cabeça. - Disse Lucy sentando na cama.

Coloquei minha cabeça sobre a perna de Lucy. Ela massageava minha cabeça devagar. Por alguns minutos fechei os olhos desejando que o relógio parasse. Ao abrir os olhos novamente, olhei para Lucy e fiquei admirando ela. Meu medo sempre foi não conseguir fazer ela feliz. Ela era meu tudo e sem ela eu não era nada.

- Qual você prefere, menino ou menina?

- Eu não tenho preferência. Você tem ?

- Não. Só de ter um filho com você já e tudo pra mim. - Disse pegando na mão da Lucy.

- Eu comi oito panquecas hoje e depois comi uma torta de maçã.

- Nossa! Não vai soltar gases aqui não né? Por que olha aonde eu estou, com a cabeça cima da sua perna.

- Nossa foi só você falar que me deu uma vontade de...

- Hooo! Calma ai. - Disse me levantando logo.

Lucy começou a rir de mim.

- Eu estou brincando seu besta.

- Sei. - Disse me deitando na cama.

- Eu vou tomar um banho quente. - Disse Lucy se levantando e tirando o casaco.

- Por que chegou tão tarde hoje ?

- Eu contei para o pessoal que eu estava gravida e fizeram uma festinha depois de fecharmos o restaurante.

Lucy foi para o banheiro e fechou a porta. Lucy estava mentindo. Eu sabia quando ela mentia. Me levantei e peguei o casaco dela. Enfiei a mão dentro dos bolsos do casaco e achei um cartão com um nome nele. Oliver Johnson. Não tinha nada, só o nome e o telefone. Escutei um barulho e coloquei o cartão de volta no lugar e voltei pra cama. Lucy saiu do banheiro alguns minutos depois e colocou seu pijama. O que ela estava aprontando ? Lucy era misteriosa as vezes e isso me deixava nervoso. Ela não me contou da Sofia por anos. O que ela estava me escondendo dessa vez? Eu não ia perguntar quem era esse cara, porque Lucy ia ficar sabendo que eu mexi nos bolsos do casaco dela, é ia ficar furiosa. Tentei esquecer isso e dormir.

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