Âncora

200 9 17
                                    


Aviso! Essa história pode despertar alguns gatilhos. Leia com cuidado.


O despertar naquele dia foi mais difícil. Ela não estava lá.

Era estranho acordar sem Shira do seu lado, era como se algo muito importante estivesse faltando. Era vazio acordar sem ela em seus braços, era triste, era enlouquecedor, era frio. Não importava se eles tivessem ido dormir no lugar de lava que havia construído para ela, não ter ela fazia tudo parecer mais frio.

Ele sentia falta do calor dela, da sensação de ter ela em seus braços, de ter ela ali. Ele sentia falta dela. Não ter ela ali com ele fazia sua mente entrar em um estado de caos sem fim, o que ele faria se ela não voltasse, e se não tivesse mais volta para o que a Princesa do Abismo iria fazer? Como ficaria o Harry? O Lux? Ele...?

Como ele se manteria são sem uma das suas âncoras?

Ele sabia que ela não queria que ele enlouquecesse, que ela iria querer que ele continuasse a viver sem se culpar, mas como ele faria isso? Era impossível se manter são sem ela ali, mesmo naquele momento tudo que ele mais queria era ter ela de volta e destruir o Abismo estar fazendo isso com ela, enfiar uma espada na cabeça da Princesa do Abismo e queimar o que quer que ele fosse.

Mas ele não podia fazer isso. Shira não gostaria que ele enlouquecesse assim. Mas o que ele faria sem ela?

Não ter ela ali o fazia enlouquecer, fazia ele sentir um frio extremo, o fazia sentir uma tristeza interminável e incontrolável. Ela era sua âncora, sua paz, sua felicidade, ela era a sua princesa.

Sua respiração a cada momento se tornava mais descompassada, o caos se espalhava em sua cabeça e fazia seu corpo entrar em pane, mas ele não conseguia perceber isso.
Sua mente estava em um estado tão caótico com todos aqueles pensamentos que ele não percebia sua respiração falhar, ele não sentia seu corpo tremer e ficar cada vez mais agitado, não sentia as lágrimas saírem de seus olhos e correrem por suas bochechas, não notava a dor insuportável em seu peito.

Aquele era mesmo seu corpo? Ele não sabia dizer, parecia tudo tão caótico, confuso e errado. Sua mão não era mais sua mão, seu corpo não parecia ser mais seu corpo, ele não conseguia sentir nenhum de seus sentidos, não conseguia sentir nada além do mais puro caos.

Sentado no sofá Stevve não estava mais conseguindo controlar seu próprio corpo, se é que aquele corpo fosse mesmo dele, tudo que ele conseguia focar era em seus pensamentos caóticos que iam do mais puro caos e da raiva para a mais profunda tristeza e saudade. Seu mundo parecia ter caído, ele não tinha mais chão, tudo havia colapsado.

Ele não havia escutado os passos rápidos e caóticos ao seu redor, seu cérebro não conseguia processar o que escutava ou que seus olhos viam e nem poderia, tudo estava embaçado e os sons pareciam tão distantes que pareciam nada em comparação ao barulho alto que seus pensamentos eram naquele momento.

Tudo o que ele conseguia compreender além do caos de seus pensamentos era sentir muitos bracinhos o abraçando, conseguia ver várias cores embaçadas o cercarem, Roxo... Branco... Amarelo... Vermelho... Laranja... Verde... Rosa... Azul Escuro... Azul Claro...

Todos os ovinhos estavam ali o abraçando, tentando acalmar ele e o tirar desse estado caótico em que se encontrava. Em sua frente, havia uma figura completamente embaçada roxa e azul, ou seria verde. O que quer que estivesse em sua frente segurou o que Stevve pensava ser sua mão e ele conseguiu ouvir um pequeno barulho chegar até sua mente.

Aos poucos a sombra tomava cada vez mais forma conforme o barulho fazia mais sentido em sua mente. Emi estava ali, tentando o tirar de sua crise, tentando reensinar a sua mãe como respirar, como sentir seu próprio corpo, como movimentá-lo aos poucos, como perceber que ele existia.

A voz calma de sua filha aos poucos alcançava a mente de Stevve, ele começava a ouvir ela em meio aos pensamentos caóticos e as lembranças. Ela explicava como respirar e como se movimentar, aos poucos o tirando do caos.

-Emi... -Sua voz saiu baixa e dolorida, Emi conseguia sentir a dor e a tristeza em sua voz, era impossível não sentir. -A Shira...A princesa...

-Se acalme primeiro mãe, a gente vai dar um jeito. -Emi disse, soltando sua mão e o abraçando com força. Os ovinhos que antes o abraçavam agora estavam atrás de Emi, todos virados em sua direção, claramente muito preocupados, Umi estava quase no mesmo estado que ele estava antes, mas Lux estava tentando acalmar ela, da mesma forma que Emi estava fazendo. -A gente sempre dá um jeito, né?

-É... -Stevve conseguiu se movimentar, retribuindo o abraço de sua filha com força. Sua respiração havia voltado ao normal e agora havia uma única frase em sua mente, já não mais em caos.

A Shira não iria querer que eu ficasse assim.

-Como... vocês chegaram aqui? -Perguntou olhando para todos os ovinhos. Até onde ele sabia apenas Lux e Harry conheciam essa área e Emi e alguns ovinhos nunca haviam vindo na montanha, além de como eles sabiam que ele estava mal?

-Harry e Lux me chamaram, nós estávamos na escolinha. -Emi respondeu soltando o abraço de sua mãe ainda segurando sua mão.

"A gente tava dormindo com você pap-titio Stevve" A plaquinha branca de Lux apareceu em sua frente.

"Acordamos com você respirando com dificuldades e fomos chamar a titia Emi" Harry disse com sua plaquinha roxa.

"Mamãe está bem agora?" Umi perguntou, preocupada com sua mãe ainda, Harry e Lux ainda seguravam suas mãos, assim como Emi segurava a sua.

-Eu to melhor, só... -Stevve parou por um instante, olhando para o lugar onde Shira estava quando foram dormir. Ainda era difícil olhar para aquele lugar e não ter ela ali.

"Nós vamos salvar a papai" A plaquinha surpreendeu todos ali, afinal ninguém estava esperando que Umi chamasse Shira de papai, do mesmo jeito que Emi fazia.

"A Umi tá certa papai!" Lux disse, não se importando mais se Stevve aceitaria o adotar ou se Umi e Harry gostariam de o ter como irmão "Vamos salvar a mamãe Shira"

"E expulsar a princesa dela" Harry disse, segurando uma das mãos de Lux, enquanto Umi pegava a outra. Eles eram uma família e iriam ajudar o pai/mãe deles a salvar Shira.

"Ela vai pagar por ter mexido com a minha tia" Niko disse segurando sua espada em uma mão e uma TNT na outra.

"SIM!" Hope disse segurando ambas suas Quelíceras.

-Estamos todos com você mãe. -Emi disse, apertando um pouco mais sua mão. -E nós iremos atrás da papai Shira, juntos.

Concordando com a cabeça fracamente, Stevve sorriu fraco, ainda triste por não ter sua princesa do seu lado, mas ele não iria deixar isso continuar assim. Ele iria resgatar ela junto com todos da sua família, eles seriam felizes de novo.

Isso era uma promessa.

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