Ⅰ • Capítulo 11

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Aviso rápido: o capítulo de hoje ira oscilar entre flashback e o presente. Sempre que houver mudança pra alguma memória, a primeira letra estará em negrito e as outras em itálico.

"Doces e cruéis estrelas dos sonhos"

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Observo Harry lendo o livro em suas mãos com demasiada atenção. Os olhos fixos, traçando as linhas com delicadeza, os lábios hora abertos em choque, hora mordidos com a mesma leveza delicada característica.

Olha-lo de forma tão casual trás a tona sentimentos antigos, como se tivessem sido desenterrados de um lugar onde jamais deveriam ter saído. Ou será que nunca realmente tinham sido enterrados?

Recordo-me de minha conversa com minha mãe minutos atrás. Meu corpo e mente não estavam em paz, mas uma conversa acolhedora sempre abrirá espaço para a tranquilidade, não importa a situação.

Caminhei até a enfermaria, encontrando Niall tentando cuidar de dois pacientes ao mesmo tempo. Entre eles, está minha mãe, mais preocupada do que estava hoje de manhã.

- Filho! -Ela correu até mim com os olhos azuis preocupados, mesmo que quisesse me abraçar, senti seu medo em machucar-me mais, como se realmente pudesse me fazer mal com sua presença amável- Como está se sentindo?

- Sem febre. -Niall apontou tranquilamente- O cio passou e a ferida não infeccionou. Seu filhote crescido ficará bem, tia Jay.

Mamãe olhou para mim com os olhos lacrimejados. Vê-la deprimida, tomando minhas dores me fazia sofrer mais, desejando encolher até finalmente poder caber em seu colo novamente. Ver sua incerteza alentava meus questionamentos negativos sobre meu papel como filho, questionando se realmente conseguiria exercer-lo corretamente.

- Eu posso... Te abraçar? -Ela pergunta, dando um passo para trás ao se impulsionar para frente. Sempre respeitando meu próprio espaço.

Aceno para ela, que, mesmo incerta, caminha até mim. Ao me acolher em seus braços, seu calor vem com a nostalgia de uma infância plenamente feliz. Seu cheiro é como a mais relaxante das plantas, sempre delicada e marcante.

- Vou deixá-los a sós, volto depois. -Niall anuncia, fechando uma cortina azul e nos separando da bagunça da enfermaria.

Mamãe acaricia meus cabelos, cuidando até da menor ferida de minha alma. Seu toque é gentil, confortável, aquecendo até o coração mais frio.

- Como eu gostaria de carregar suas dores, meu filho. -Seu comentário me trás mais dor, sei que minha melancólica a faz sofrer- Me perdoe por não ser a melhor das mães, eu sempre tentei ser o melhor que pude.

Sua confissão me faz querer relutar, refuta-la e conforta-la assim como sempre faz por mim, por meus irmãos. Abraço seu corpo, como se pudesse realmente suprir a falta de minhas palavras.

- Eu queria tanto deixá-los longe desse caos, mas não posso. -Ela lamenta, apertando os olhos azuis com força, sinto que a herança de família vai além da pigmentação das iris, trazendo consigo traços no destino, imutáveis.

- Mãe, é possível se apaixonar duas vezes? -Pergunto um pouco incerto, seu conforto me trás a liberdade da fala- Sou falho por amar duas pessoas que parecem tão distintas em aparência mas tão semelhantes na personalidade?

Ferrário •ls ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora