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Tudo o que Tulio tinha na vida estava na mochila em suas costas e foi com isso que subiu na moto de Julio, o segurando com força e fechando os olhos, sentindo-se no lugar mais seguro do mundo.

— Pra onde nós vamos? — perguntou ao pé do ouvido de Julio.

— Pra minha casa

— Ah… — foi tudo o que o ruivo conseguiu falar.

Julio quis questionar, mas estava muito concentrado no trânsito, portanto deixou para fazer isso quando parou a moto na frente da casa simples em uma das muitas ladeiras do morro.

Esperou Tulio descer e em seguida desceu, desligando a motocicleta.

— Não queria ter vindo pra cá?

Tulio negou com a cabeça.

— Não é isso. Na verdade, eu não tenho mesmo pra onde ir

— Se não quiser ficar, só me avisar, ta?

— Não, Ju, você tá fazendo tudo por mim — se apressou em falar, tocando as mãos de Julio — Eu só não quero incomodar, a sua mãe… ela nem sabe que eu vim, né? Deveríamos ter pedido dela antes

— Não pilha com isso, tu sabe que a minha mãe gosta de ti e é claro que ela não vai se incomodar contigo

— Tem certeza?

— Tu pergunta muito — Julio segurou a mão do menor, puxando-o para dentro de casa.

Tulio sentiu suas bochechas arderem quando alguns olhos se viraram em sua direção assim que entrou.

Conhecia Jussara e sabia quem era Juliana por foto, mas as outras pessoas ali, não conhecia.

— Ô mãe, será que a gente pode dar uma palavrinha ali? — Julio apontou para o próprio quarto e Jussara assentiu, seguindo os meninos.

Tulio segurou forte na mão de Julio, temendo ser recusado na casa da mulher que costuma limpar sua casa.

— Tulinho, é uma surpresa te ver aqui — Jussara abriu um sorriso e o ruivo tentou retribuir, mas estava murcho o suficiente pra não conseguir passar tanta verdade na tentativa de um sorriso — O que aconteceu?

— Mãe, ele… a mãe dele chutou ele pra fora — Julinho explicou, vendo que o nariz de Tulio estava vermelho, assim como os olhos inchados.

— Te botou pra fora?

— Foi… — Tulio murmurou.

— Mas por que? O que aconteceu?

— A gente pode falar disso depois, mãe? Na verdade queria saber se o Tulinho pode ficar alguns dias aqui com a gente

— É só por alguns dias, Jussara, eu prometo. Assim que eu resolver minha vida, vou embora, eu juro — Tulio se apressou em dizer e Jussara negou com a cabeça.

— Você é de casa, meu querido. Pode ficar aqui o quanto quiser, não é incômodo nenhum

— Eu só preciso de alguns dias

— Você já tem outro lugar em mente? — Jussara perguntou.

— Na verdade, não. Mas eu arranjo

— Não, não tem isso, não. Você vai ficar aqui com a gente e só vai embora depois que tiver um lugar seguro pra ficar

— Eu já falei pra ele, mãe. Mas ele é um boboca, acha que ta incomodando

Tulio olhou para Julio, que estava ao seu lado, ainda segurando sua mão.

— Você já comeu?

— Não, só tomei café da manhã

— Eu vou fazer um pratinho pra você. Se alimenta e depois a gente conversa sobre isso, tá bom? — Jussara falou já se encaminhando para fora do quarto, sem ouvir a resposta de Tulio.

ALGO PARECIDO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora