Capítulo Um

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RON

Toda minha família já tinha construído sua própria família e eu seguia sendo o único idiota incapaz de sustentar um relacionamento sério em tempo suficiente para me casar.

Nenhuma mulher parecia boa o suficiente. Nenhuma era tão inteligente quanto Hannah. Nenhuma tinha os olhos dela, muito menos a capacidade ilimitada de me fazer perder a cabeça.

Hannah Parker me enlouquecia e sempre soube me tirar do sério, mas não havia no mundo ninguém que eu amasse mais do que ela. A parte ruim é que eu sabia que ela jamais poderia ficar.

— Está tudo bem com a Hannah? — Vincent, o marido de minha irmã, me encarava enquanto tomávamos um drink no bar, em meio a festa de casamento — Ela parece... Perdida.

Hannah estava bem a nossa frente e encarava a roda de madrinhas tagarelas ao seu redor como se não conseguisse enxergar ninguém. Seus olhos castanhos e preocupados não sustentavam a imagem impositiva que uma mulher como ela, prestes a assumir o cargo de juíza federal, constantemente transmitia.

Era como encarar uma menina indefesa. Totalmente frágil. Perdida.

— Já perguntei milhões de vezes, mas é como insistir com uma porta fechada. — Suspirei e apertei os olhos brevemente — Ela me odeia, Vincent. Jamais vou conseguir nada com Hannah, por mais que eu lute para ao menos chegar aos pés dela.

— Ou será que ela está assim porque você vai embora de novo, cara? — Voltei o rosto rapidamente para ele — Não pensou na possibilidade de Hannah também te amar e estar devastada com a sua partida para outro país, justo agora que vocês se reencontraram?

Sorri sem graça, coçando a cabeça brevemente.

— Sou apenas um passatempo para ela, Vincent. — Dei de ombros e apoiei os cotovelos na mesa do bar — Hannah sempre foi inteligente, grandiosa em todos os aspectos e uma mulher formidável. O que um jogador de futebol burro como eu poderia oferecer para uma mulher intelectual como ela, uma das personalidades mais geniais do país?

— Não se menospreze, amigo. — Vincent tocou meu ombro em consolação.

— Sou um bruto, como ela enfatizou a vida toda. A única coisa promissora que fui capaz de fazer foi chutar uma bola e marcar gols. Sou um farrista, bêbado e imoral, como ela gosta de ressaltar... Porque raios te ocorreu a ideia de que Hannah me amaria?

Vincent baixou o olhar e pensou por alguns instantes, comprimindo os lábios de maneira derrotada.

— Nunca pensei que um dos melhores jogadores de futebol do planeta se enxergasse como um completo idiota, muito menos que se resumisse a um "imoral, bêbado e farrista". — Ergueu o copo em sinal de brinde — Tem razão, cara. Enquanto você se resumir a isso, Hannah realmente não vai se apaixonar por você.

Direcionei o olhar para ela novamente, parada na roda de madrinhas em completo silêncio.

Foi assim a vida toda... porque justo agora as coisas mudariam?

— Se Hannah me amasse, ela me pediria para ficar, coisa que jamais fez antes. — Expliquei — Já estivemos nessa situação antes, Vincent, onde estávamos juntos e recebi um convite para jogar fora, pela primeira vez. Sabe quantas vezes Hannah me pediu para ficar ou sequer mencionou que sentiria saudade? — Ele deu de ombros e sorri sem humor — Nunca!

— Amor! — Gabriele apareceu ao nosso lado com seu lindo vestido de noiva e tocou no ombro do marido delicadamente — Os fotógrafos estão esperando. — Vincent se levantou e segurei o pulso de minha irmã brevemente. Gabriele, impecavelmente vestida de noiva e linda com seu cabelo e maquiagem, me encarou como se esperasse a minha pergunta — Juro que não sei o que está acontecendo com ela. — Lançou um olhar longo para Hannah, ainda parada da mesma maneira — Pensei que fosse culpa sua...

JOGANDO COM O DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora