CAPÍTULO SETE
RON
O salário era milionário. O clube, o mais famoso do mundo. O luxo estava por toda parte e minha família se sentia honrada em receber de mim uma vida incrível, mas nada disso parecia tapar o imenso buraco formado em meu coração.
Seis meses se passaram desde que parti e deixei, novamente, todos para trás, incluindo meu grande amor.
— Parabéns, Green. — Um de meus companheiros, John, bateu em minhas costas quando me encontrou no vestiário — Aquele gol foi excepcional!
— Obrigado... — Continuei ajeitando minhas chuteiras, pronto para aposentá-las dentro do armário, visto que a temporada havia se encarrado com mais um título nosso — Pensei que este ano seria mais complicado, mas todos estávamos em sincronia. Foi uma ótima temporada.
— Você, apesar de meio cabeça de vento... — John tocou em minha nuca de maneira divertida — Conseguiu dar conta de tudo com êxito — Baixei o olhar e tentei sorrir, mas nada saiu de dentro de mim. O vazio era imensurável e todos ao redor eram capazes de entendê-lo — Somos amigos faz um tempo. Se você quiser desabafar, sabe que pode contar comigo.
— É sobre algo que deixei para trás — Em meu braço esquerdo, avistei a tatuagem com a letra "H" maiúscula e senti como se meu coração se aquecesse. Apertei o punho pelo impulso desesperado que tinha de correr até o mais perto que fosse dela, mas me controlei quando me dei conta de que há seis meses novamente parti e quebrei todas as possibilidades — Algo que perdi para sempre com a ideia de querer ser alguém.
— É uma mulher, não é? — Concordei com a pergunta dele imediatamente — Bom, seis meses se passaram e a temporada acabou. Você pode ir para casa durante algumas semanas.
— Minha casa é aqui. — Dei de ombros e voltei a arrumar minhas chuteiras — Meus irmãos estão casados, meus pais vivem bem juntos e eu... Meu lugar é aqui.
— Ela não está te esperando?
Tal pergunta ardeu em meu coração e me lembrei de que a última foto que Hannah postou nas redes sociais foi no casamento de Gabriele. Ao sumir e esconder totalmente sua intimidade, Hannah deveria estar namorando ou vivendo algo realmente importante. Eu a conhecia bem o suficiente para saber que nada foi capaz de fazê-la responder qualquer mensagem que enviei, mesmo depois de muito eu ter insistido.
Não houve sequer uma ligação respondida. Sequer uma frase curta ou coisa parecida.
Hannah ignorou completamente minha existência e tudo que eu podia pensar era que havia alguém em sua vida agora. Uma mulher tão extraordinária jamais ficaria sozinha para sempre e certamente havia encontrado um homem tão brilhante quanto ela ou que ao menos pudesse entender o mínimo do direito e ela pudesse apresentar as pessoas de seu meio.
Hannah foi minha. Não era mais. Talvez nunca tenha sido e eu apenas me iludi.
— Não. Ela não está me esperando. — Afirmei com convicção — Vou ficar o recesso todo por aqui, treinando e trabalhando para a próxima temporada. É o melhor que posso fazer, no momento.
John não soube dizer mais nada, apenas comprimiu os lábios em um cumprimento triste e começou a se trocar. Coloquei-me de pé também, segurando no peito a emoção por ter me lembrando de Hannah. Cada vez que falava dela era como abrir uma ferida gigante e, mesmo tendo marcado a lembrança dela em minha pele, recordá-la era como morrer mais uma vez.
— Green... — Ouvi meu nome sendo chamado pelos jogadores que estavam próximos da televisão — Essa não é sua amiga juíza? Aquela que é super gata!
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JOGANDO COM O DESTINO
RomanceHannah Parker foi criada por seu pai viúvo, mas tudo mudou quando se tornou melhor amiga de Gabriele Green e se apaixonou secretamente pelo irmão dela! Ronald era seu inimigo declarado, mas todo o tempo que passavam juntos acabou resultando em um am...