Capítulo Oito

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CAPÍTULO OITO

RONALD

MESES ANTES

— Como teve coragem de me trazer aqui com ela? — Jéssica gritou quando ficamos sozinhos no quarto de hotel, já que ela insistentemente exigiu que não ficássemos na casa de meus pais.

Três dias foram suficientes para que ela entendesse que Hannah significava muito mais em minha vida do que uma presença distante de antiga namorada. Evitei todo contato com Hannah nos últimos dias para que Jéssica se sentisse mais segura e a vontade, porém não foi suficiente para que ela ignorasse a profundidade de meus sentimentos.

Cada vez que Hannah e eu dividíamos o mesmo ambiente ficava claro a maneira como nos desejávamos, mesmo que fizéssemos de tudo para evitar qualquer contato ou conversa, principalmente a sós.

— Ela é a melhor amiga de minha irmã, Jéssica. Não é simplesmente uma pessoa que posso eliminar de minha vida, trata-se de alguém que é considerada por todos e cresceu com meus pais. Não posso abrir mão de Hannah!

Jéssica tomou meu rosto em suas mãos de modo a me encarar profundamente.

— Então terá que abrir mão de qualquer relacionamento que apareça em sua vida! Terá que abrir mão de uma família e um futuro com alguém, porque nenhuma mulher em sã consciência aceitará se envolver com um homem cujo qual a família trata a ex como uma rainha. Isso não existe, Ronald!

Engoli em seco ao ouvir seu argumento, ciente de que Jéssica tinha razão.

— Não pode entender que ela é passado para mim? — Tentei, mas ela se afastou alguns passos — Hannah foi minha namorada de adolescência. Não temos mais nada, Jéssica.

— Se vocês não tivessem sentimentos um pelo outro eu poderia entender, mas cada minuto que passei com os dois no mesmo ambiente não me deixou dúvidas de que ainda sentem algo um pelo outro... — Neguei com um aceno, mas ela parecia convencida — Ron, você é louco por ela! Está escrito na sua cara!

— Hannah nunca me amou de verdade. Quando parti, ela sequer se importou em me deixar ir e nunca pediu para que eu ficasse. Porque deveria significar algo para você? — Segui tentando, pois Jéssica era o relacionamento mais longo que consegui manter após Hannah. Nossos sete meses juntos significavam um avanço, mas que estava com os dias contados.

— Porque não quero ficar com um homem que espera ansiosamente por qualquer sinal da parte de outra para correr para os braços dela!

Suspirei profundamente e tentei pensar em algo, mas me parecia impossível negar.

— Isso nunca vai acontecer... — Apoiei minhas mãos na cintura para falar, incapaz de encará-la.

— Mas você amaria que acontecesse, Ronald! — Desviei o olhar do dela e tomei fôlego — Jamais entendi sua maneira de pensar, sempre esperando que algo acontecesse. Agora sou capaz de ver o real problema. Você vive esperando por ela... Sua vida é baseada em esperar por ela!

Não fui capaz de negar.

Não consegui argumentos suficientes para manter Jéssica em minha vida e me dei conta da grande verdade por trás dela. Enquanto Hannah fosse presente em meus pensamentos e no meu coração, não haveria lugar para qualquer outra mulher em minha vida, por mais que eu quisesse lutar por isso.

Jéssica surtou quando convidei Hannah para dançar em um jantar pré-casamento, movido pela loucura de precisar, ao menos por um instante, estar perto dela. Hannah mostrou-se hesitante, mas aceitou meu pedido assim que o mesmo foi feito e dançamos por alguns minutos no centro da pista, chamando a atenção de quem quisesse ver. Nos atraiamos e era nítido, algo que não podia ser evitado.

JOGANDO COM O DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora