Capítulo 1

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SHU KURENAI

Não gosto de festas. Poderia até mesmo dizer que desgosto. Ainda mais ao descer do carro, quando os flashes de luzes me deixaram momentaneamente cego. Detesto essa sensação de estar sendo observado de todos os lados, por mais que já esteja acostumado. Ao menos, ao adentrar o salão de festas, a movimentação era bem menor. O ambiente calmo, o som apenas das conversas baixas de pessoas que desconheço, é menos irritante do que o lado de fora, porém desagradável comparado aos ambientes que frequento. A única coisa boa é...

Valt — Shu! Aqui!! — Ele se levanta, todo desajeitado levantando os braços de uma forma tão exagerada que chegava a ser vergonhoso. Ele nunca muda.

Andei até a mesa em que se encontravam. Valt e Rantaro estavam sentados, obviamente entediados com a festa.

Shu — E aí? Como estão? — Digo assim que me aproximo, sentando-me na cadeira que eu sabia que era para mim.

Valt — Muito bem! — Seu sorriso aberto e tom alegre eram os mesmos, a diferença é que agora o baixinho se tornou um poste. Quem diria que Valt Aoi me ultrapassa na altura, alcançando 1,78 metros. E o poste tem uma voz um pouco mais grossa, porém ainda é quase a mesma, não foi uma mudança muito drástica.

Rantaro — Essa festa está um porre, estamos pensando em sair para beber depois daqui, vamos? — Ele é direto ao ponto.

Realmente, festas de gala são um saco, mas estou receoso de aceitar.

Shu — Não sei, amanhã eu tenho aula, vai ser difícil se eu acordar de ressaca. — Minha cabeça dói só de pensar nisso.

Valt — Você pediu transferência, não foi?

Shu — É, como eu mudei de casa é melhor uma faculdade que seja mais perto da minha casa, e o nível de ensino é o mesmo, então acho que fiz bem.

Rantaro — Pode apostar que fez, eu olhei na internet e a universidade em que você está agora é bem melhor que a outra em muitos aspectos.

Valt — Você está pesquisando sobre universidades? Você odeia estudar, chefão!

Rantaro — Odeio mesmo, mas a minha mãe está me cobrando um diploma e...

Os dois começam a conversar, em parte por reclamações do Kiyama. No início da conversa eu estava atento, mas em meio às reclamações os meus olhos procuraram alguma distração. Seria raro, essas festas chiques de bladers só servem para quem quer investir ou arrumar investimento. Para nós que só representamos fisicamente algum time ou marca, não há nada a fazer além de estar aqui. Após um tempo, Kristina Kuroda se juntou a nós na mesa, juntamente daquele treinador do BC e uma outra mulher.

Kristina — Estão aproveitando a festa, garotos? — Ela questiona com um sorriso. Rantaro apenas entortou a boca em desgosto e Valt desviou o olhar.

Trad — É, realmente essas festas não são muito divertidas, mas fiquem tranquilos pois essa acaba rápido.

Valt — Quem é essa? — Ele apontou para a mulher que estava ao lado de Trad. É uma mulher loira, alta, de olhos verdes e que usava um vestido longo, branco e justo de ombro a ombro.

Trad — O nome dela é Dahaki, eu a chamei.

Rantaro — Finalmente está desencalhando, ein? — O loiro aplaudiu enquanto eu apenas a encarava em silêncio, ela estava me olhando tão fixamente que chegava a ser desconfortável, intenso demais.

Trad — Não é nada disso que está pensando, eu a paguei para estar aqui... — Ajeitou a gravata, constrangido.

Rantaro — Cara, eu entendo que você seja um encalhado, mas pagar uma garota para te acompanhar é até demais, não acha não? — Valt baixou a cabeça na mesa para prender a risada com aquele comentário sincero.

Defina o relacionamento (Short-fic Shu Kurenai)Onde histórias criam vida. Descubra agora