Capítulo 8

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SHU KURENAI

Meu maior receio era que ela negasse minha ajuda, que as palavras que tinha dito tivessem sido da boca para fora.

"Eu aceito sua ajuda."

Era o que ela tinha dito. Apesar de fingir, eu não acreditei que ela tinha aceitado assim com tanta facilidade. Por isso, fiquei muito hesitante ao ir para a universidade ou para o RB, deixando-a sozinha durante um dia inteiro. Tive medo de voltar e ela não estar mais lá. Porém, quando cheguei em casa à noite, ela estava sentada no sofá assistindo algumas partidas minhas de beyblade, enquanto comia macarrão instantâneo.

Shu — Cheguei! — Anuncio, tirando o casaco e os sapatos.

Dahaki — Bem vindo de volta! — Disse, de boca cheia.

Shu — O que está fazendo? — Me aproximei dela, sentando ao seu lado no sofá.

Dahaki — Passando o tempo. Aceita? — Oferece parte de seu macarrão, mas recuso.

Shu — Deveria comer mais saudável, cuidar da sua saúde.

Dahaki — Eu sou uma decepção na cozinha, o primeiro miojo que eu fiz eu queimei, esse daqui é o segundo. Não consigo cozinhar.

Shu — Ainda é cedo para jantar, se tivesse esperado eu faria algo para comermos. — Olhei para o relógio na parede, ainda não são nem 19:30.

Dahaki — É que eu não almocei... nem lanchei na verdade. — Olhei para ela, repreendendo-a. — Não me olha assim, tudo que eu como eu vomito depois, perco até o apetite dessa forma.

Shu — Por isso está enagrecendo tanto. Não é saudável. No final de semana iremos à nutricionista e à terapia, ok?

Dahaki — Terapia?

Shu — Sim. Precisa de terapia. Passou por um acontecimento que pode ser traumático, fora isso você mesma disse que não se entende muito bem, a terapia cura tudo. Eu sei disso, eu já passei pela terapia e ainda tenho consultas uma vez ao mês com meu psicólogo, não é com a mesma frequência que eu precisava antes, mas eu melhorei bastante e isso vai te abrir portas também. Podemos começar indo uma vez por semana e quando for melhorando, diminuímos as sessões. Você ficará bem... prometo. — Aliso seus cabelos com minha mão e ela olha para o chão, incerta.

Dahaki — Isso é caro?

Shu — Não se preocupe com o dinheiro, não é um problema. Eu disse que te ajudaria, não?

Dahaki — Eu já estou pesando muito nas contas. Pode deixar que eu vou arrumar um jeito de ajudar... — Sorriu. — E então... como foi no trabalho hoje?

Assim que se afastou, voltando a comer, começamos uma conversa mais cordial sobre nosso dia.

DAHAKI LINARA

Após muita conversa, fui para o quarto de hóspedes, lugar que atualmente é meu quarto. Minhas malas estão aqui e aproveitei o dia para desfazê-las, organizando tudo no closet. Eu tomei um banho quente. Essa casa do Shu é enorme, a minha sequer tinha água quente, a sala era grudada na cozinha, só tinha um quarto e um banheiro. Uma casinha pequena, mas era o que eu tinha. Nunca tive um trabalho desde que saí do orfanato, meu dinheiro era todo conseguido em apostas, festas caras e alguns bicos que eu fazia. O dinheiro que eu ganhava nas apostas ia 25% para a mensalidade da universidade, 25% para contas básicas do meu dia a dia, e os 50% restante era para eu poder apostar mais sem me individar. Eu vivi ao máximo, tinha uma vida ótima e nunca passei necessidade. Gostava do que tinha, mas... quando as coisas perdem a magia, elas acabam. A adrenalina que corria em meu sangue como uma nascente inesgotável, finalmente secou, agora tenho que acordar para a realidade e dar um rumo na minha vida. Depois do banho, vesti um pijama e bati na porta do quarto do Shu, segurando uma sacolinha.

Defina o relacionamento (Short-fic Shu Kurenai)Onde histórias criam vida. Descubra agora