Capítulo 7

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SHU KURENAI

Seguro com força o gelo por cima de meu rosto, frustrado. Estou tendo que fazer isso todos os dias desde que cheguei no hospital. Felizmente não foi nada grave, só quebrou o meu nariz, por isso todo o sangue. Eu tinha desmaiado, tando pela embriaguez quanto pelas vezes em que ele bateu na minha cabeça, sorte que não tive nenhum problema sério além do nariz quebrado. Estou com um negócio ridículo na cara que fica segurando o meu nariz, tipo um gesso. Fora o mau humor, estou em constante tédio. Me recusei à ir para a universidade nos últimos dias, com certeza deve ter virado fofoca. Dakota e Jake me visitaram no hospital e vieram aqui em casa na sexta para me passar o conteúdo perdido. Não plenejo voltar tão cedo, queria até me transferir novamente, porém é diferente dessa vez. Eu tenho amigos, não posso deixá-los. Isso não me impede de ficar frustrado comigo mesmo. No que eu estava pensando?! Eu não estava pensando. Não posso ter uma noite de paz, sem ter que me preocupar com o maldito pensamento lógico, sem pensar em cada passo que tenho que dar para não fazer um escândalo. Entendo que é um das consequências de ser alguém famoso, ou de estar em uma festa lotada, mas... só de pensar que era ela ali, me senti muito mal, chateado e mais furioso do que estive em muito tempo. Não demorei para constatar que a gosto, talvez não a ame, mas no mínimo uma paixão, pois ela me faz sentir como se eu não precisasse ser eu, como se eu fosse... apenas um cara normal, com uma garota nada normal. Nosso tempo junto, mesmo que pouco, é divertido. Não sei se a amo, só sei que nunca estive triste em sua presença, ela sempre consegue me fazer rir ou me fazer gemer. No entanto, agora, pensando em tudo que eu fiz, me sinto um lixo. Nem tenho o direito se falar que estava com ciúmes dela, afinal de contas o que nós somos? Não assumimos um compromisso, sequer uma amizade temos. Apenas somos estranhos que transam de vez em quando, é isso que eu sou para ela? Pois, com certeza não é isso que ela é para mim. Depois da uma semana que eu tinha de atestado, faltei mais uma semana. Hoje é uma bela sexta feira, planejo ficar a noite toda deitado no sofá assistindo batalhas de beyblade, campeonatos estrangeiros, quando escuto a campainha tocar.

Shu — Espera. — Calço meus chinelos que estavam de baixo do sofá, seja lá quem for é muito impaciente, toca a campainha uma vez à cada 5 segundos.

Assim que abri a porta, nem tive tempo de raciocinar, vi somente uma cabeleira loira entrando no meu apartamento sem mais nem menos.

Dahaki — Ainda está machucado? — Arregalei meus olhos, surpreso por sua visita. Ela foi até o sofá e se deitou, pegando a pipoca que eu tinha feito para mim. — Hm... isso tá gostoso. É de microondas? Qual marca? — Encheu um punhado, colocando-o na boca.

Shu — O que você está fazendo aqui? — Gemi de dor, insatisfeito com sua visita repentina.

Dahaki — Companhia. Já que você não pode ir se divertir... a diversão vem até você. — Sorriu. Estou mau humorado, a última coisa que preciso é o centro de todos os meus problemas comendo minha pipoca, deitada no meu sofá, me fazendo companhia.

Shu — O que nós somos? — Disparo a pergunta sem rodeios, eu preciso saber.

Dahaki — Como assim? — Ela parou de comer, me olhando confusa.

Shu — O que nós somos um para o outro?

Dahaki — Quer dizer... tipo... amigos ou namorados? É isso que quer saber? — Comeu a última pipoca.

Shu — Exatamente.

Dahaki — E eu posso perguntar o motivo disso, assim, do nada?

Shu — Quero saber até onde eu preciso ir, porque já fiz muitas loucuras por você e se isso não é o bastante... — Ela me interrompeu.

Dahaki — Eu não sei.

Shu — O quê?

Dahaki — Não sei o que somos. Quer dizer... amigos não transam e no nosso caso não foi um erro, pois fizemos 3 vezes. Mas também não nos conhecemos direito para afirmar que somos namodados, e eu nem sei se estou pronta para um relacionamento com tanto compromisso então...

Defina o relacionamento (Short-fic Shu Kurenai)Onde histórias criam vida. Descubra agora