Capítulo 7

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A aparente paz entre Joe e eu durou menos do que imaginei. Nesse final de semana, fomos a uma pequena festa de um dos seus amigos, e todos os nossos problemas retornaram.

Joe se cerca de homens autointitulados intelectuais, que na realidade são uma comunidade de pretensiosos, arrogantes e, em sua maioria, desagradáveis. Meu namorado e seus amigos se consideram superiores à maioria das pessoas por serem mais frios e terem um grande repertório cultural. Modéstia à parte, me considero uma mulher inteligente, mas de vez em quando Joe me irrita demais com essa postura que, no início da nossa relação, eu costumava achar atraente e admirável. Com o passar do tempo, toda essa admiração se transformou em repulsa pela postura pedante de Joe.

Durante a reunião com seus amigos, tive que tolerar Joe tentando me diminuir perante eles. Primeiro com alguns pequenos comentários, zombando do meu intelecto e de minhas crenças; depois, de maneira mais direta, já que seus "ideais" não compactuam com minha profissão. Ele e seus amigos são totalmente contra o mercado publicitário e me veem como um monstro capitalista.

Por mais que me constranja pensar sobre isso, relevei todos os comentários, até que em um momento, quando estava voltando do banheiro, ouvi Joe fazer um comentário muito desagradável sobre mim para Alison, uma colega de elenco dele.

— Taylor está estranha — ela disse.

— Ela é um pouco desequilibrada às vezes, não se preocupe — ele respondeu.

Senti o sangue ferver e meu coração acelerar. Tentei me acalmar antes de confrontá-lo, mas minhas emoções estavam à flor da pele. Cheguei ao grupo e dei um sorriso tenso, apenas para esconder a raiva que estava crescendo dentro de mim.

Rapidamente, recolhi minha bolsa e comecei a me despedir dos amigos de Joe. No final, cheguei até meu namorado para comunicar minha ida.

— Não estou passando bem, Joe. Vou para casa.

— Eu não estou afim de ir agora. Aconteceu alguma coisa, Taylor? — ele questionou.

— Você aconteceu. Depois conversamos. Não precisa ir para casa agora — respondi.

Enquanto me afastava, pude sentir o olhar de Joe queimando nas minhas costas. A raiva fervia dentro de mim, e eu mal conseguia segurar as lágrimas até sair da casa. Não viemos de carro porque estávamos bebendo; peguei um táxi e, assim que entrei, desabei.

No caminho para casa, as palavras de Joe ecoavam na minha mente. "Desequilibrada". Não era a primeira vez que ele fazia comentários que minavam minha autoestima, mas dessa vez realmente doeu. Eu sabia que precisava fazer algo, mas a decisão parecia tão difícil.

Cheguei em casa e imediatamente me joguei no sofá, tentando acalmar os pensamentos. Permaneci ali por muito tempo, refletindo sobre toda aquela situação.

— Por que saiu daquela maneira? — Joe perguntou ao atravessar a porta, cerca de uma hora depois da minha chegada.

— Está pronto para esta conversa, Joe? — perguntei, tentando manter a calma.

— O que foi aquilo? — ele perguntou com o tom de voz levemente alterado. — Ninguém entendeu o porquê de sua saída repentina.

— Talvez eu realmente seja "desequilibrada", não é? Pelo menos é assim que você fala de mim pelas minhas costas.

Joe parecia desconcertado.

— Tay, você está exagerando. Foi só um comentário, não quis ofender. Nem era para você ter ouvido essa merda.

— Não quis ofender? — repeti, incrédula. — Você sabe o quanto me dói quando você me diminui na frente dos seus amigos. Sempre tem sido assim, Joe. Eu tento, tento de verdade, mas você não faz o mínimo esforço para me respeitar.

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