Capítulo 11

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Gonçalo emergiu de seu quarto com passos pesados, percorrendo os corredores silenciosos da mansão com uma expressão austera. Seu destino era o quarto de Cândida, onde, ao se aproximar, percebeu a luz tênue emitida por uma vela que denunciava a insônia da mulher. Uma pontada de irritação transpareceu em seu rosto ao constatar que suas instruções específicas sobre o comportamento e a presença de Cândida não haviam sido seguidas.

Ao se deparar com a porta entreaberta, Gonçalo notou o quarto iluminado pela fraca luz da vela. A cena dentro do aposento revelava uma Cândida inquieta, lutando contra o sono. Essa visão não condizia com as expectativas de Gonçalo, que desejara encontrar a mulher de forma impecável e em seus aposentos.

A contrariedade de Gonçalo aumentou, e ele deixou escapar um suspiro audível de frustração. Sua irritação se misturava à percepção de que suas instruções não haviam sido seguidas à risca, alimentando um descontentamento latente.

Decidindo deixar Cândida repousar e, ao mesmo tempo, afastar-se da tensão na mansão, Gonçalo direcionou-se ao jardim da casa. A noite silenciosa o envolveu enquanto ele percorria os caminhos ladeados por vegetação exuberante.

Chegando à fonte no centro do jardim, Gonçalo deteve-se para contemplar as águas serenas. Sob a luz fraca das estrelas, a memória de sua primeira mulher surgiu em sua mente. Ela compartilhava características físicas marcantes com Isabel: olhos penetrantes e cabelos que caíam em ondas sedutoras pelos ombros.

A lembrança da primeira esposa, agora misturada à aura de mistério que Isabel emanava, trouxe uma complexidade adicional aos pensamentos de Gonçalo. A fonte, iluminada apenas pela luz da lua, testemunhou o homem perdido em suas memórias, buscando paralelos entre duas mulheres que, de maneiras distintas, desafiavam sua compreensão e controle.

Gonçalo, imerso em suas recordações, deixou-se levar pelo fluxo das lembranças que remontavam a uma noite de gala esplêndida. Foi em uma dessas celebrações, onde a alta sociedade se reunia em um espetáculo de elegância, que ele viu sua primeira esposa pela primeira vez.

O cenário da festa irradiava opulência, com lustres cintilantes, músicos habilidosos e risos que ecoavam pelos salões suntuosos. Gonçalo, vestido impecavelmente em um terno escuro que realçava sua presença imponente, estava entre os convidados que se misturavam em uma dança de conversas e gestos refinados.

Foi então que um amigo em comum, percebendo a aura magnética de Gonçalo, decidiu apresentá-lo a uma jovem de beleza notável. Ele a conduziu até Gonçalo com um sorriso cúmplice, revelando um encontro predestinado.

Ao se voltar para cumprimentar a jovem, Gonçalo ficou momentaneamente cativado pelos olhos da moça, que pareciam refletir uma mistura de inocência e curiosidade. Seus cabelos, suavemente ondulados, caíam como uma cascata dourada sobre os ombros delicados. Vestida em um traje elegante que realçava sua feminilidade, ela irradiava uma beleza que não podia passar despercebida.

A primeira troca de olhares entre Gonçalo e sua futura esposa foi como um prólogo silencioso para uma história que estava prestes a se desenrolar. Naquela noite, a magia do encontro, permeada pela música envolvente e pela atmosfera de festividade, selou o destino dos dois.

A lembrança daquela primeira vez, agora revisitada nos jardins tranquilos da mansão, trouxe consigo não apenas a beleza da juventude, mas também a promessa de um amor que, por um tempo, floresceu sob os holofotes da alta sociedade. Gonçalo, enquanto recordava aquela noite de gala, sentia-se envolvido pela nostalgia de um passado que moldara suas percepções sobre o amor e a vida.

O quarto de Gustav, mergulhado na penumbra silenciosa da noite, testemunhava o sono profundo do homem. Sua cama, cuidadosamente arrumada, não conseguia conter a agitação noturna de Gustav, cujos movimentos causavam dobras desleixadas nas cobertas e nas roupas.

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