C̷o̷r̷p̷o̷ ̷M̷e̷m̷ó̷r̷i̷c̷o̷

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Eu, com meu histórico
De corpo memórico sem sistema digestório.

Eu, simplório acumulador de lembranças
Que pros outros não têm mais importância.

Eu, catador anafórico
Que resgato o que já foi digerido
Anos-luz antes de me tornar ressentido.

Em vão, me arrasto pelo chão
Enchendo as mãos de memórias
Tentando fazer com que me completem novamente.
Mas não importa quantas vezes eu tente,
Elas nem cabem mais em mim.
Ainda assim, carrego nas costas
Um peso que não me dá respostas.

Como eles conseguem digerir e expelir lembranças tão facilmente?
Será que o fato de eu  não ser tão marcante me torna suscetível a ser esquecido pelos outros?
Esquecível ao ponto de nossas  lembranças juntos já serem ultrapassadas demais pra se nivelarem às novas vivências?

Em homenagem ao passado das suas essências,
Faço memoriais das nossas histórias
Como um adorador assíduo
Que continua amando
Que continua revivendo
O que já não existe mais.
O que já foi deixado pra trás.

Poesias de Uma Vez Poeta MortoOnde histórias criam vida. Descubra agora