00 - Prólogo

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Josette Parker

Era difícil, uns dias mais do que os outros. Eu acordava com um sorriso no rosto, fazia tudo o que tinha que fazer e então descia para o café da manhã, era quando o sorriso verdadeiro morria e o falso começava a aparecer. Tentava me convencer da ideia de que estava feliz por ela estar feliz, mas até quando? E ela estava realmente feliz?

— Suas cartas e pacotes de hoje estão comigo, quando eu chamar seus nomes, venham pegar — Dorian, o professor autodefesa e monitor dos alunos falou.

Dorian estava de pé do lado de um mesa que tinha caixas e envelopes recebidos separados por pessoa. Alguns até formavam pilha.

Olhei o relógio digital no meu pulso, final de mês, dia daquela carta. Eu continuava fugindo dela todos os meses. Era até estranho ninguém além de Lizzie perceber a estranha que eu fazia toda vez que eu pegava o envelope.

— Andrew Jones — Dorian comecou a chamada.

Enquanto isso eu pegava uma xícara de capuccino e um sanduíche e voltava para a mesa com a bandeija em mãos. Aos poucos os alunos que receberam cartas foram se levantando e indo buscar suas correspondências. Quando olhei para a mesa de café procurando por MG, avistei Hope, sozinha, vindo em nossa direção. Lizzie limpou a garganta enquanto ela se sentava em minha frente com um sorriso bonito. 

— Bom dia Jo... — Hope começou a dizer, porém a voz grave de Dorian foi mais alta quando ele chamou:

— Josie Parker. 

Sorri amarelo e me levantei enquanto dizia a ela bom dia de volta. Dorian estava segurando a carta na mão direita enquanto olhava o nome da próxima pessoa que chamaria. A carta estava lacrada com um selo de cera dourada que estava marcada com a inicial "P" por cima de um pequeno raminho de flor branca. Penélope sempre foi muito caprichosa em tudo o que fez.

Voltei para a mesa guardando a carta dentro da mochila enquanto recebia um olhar de Lizzie.

— Onde está seu... Landon? — Elizabeth perguntou para Hope. Lizzie se recusava a chamar Landon de namorado da Hope porque segundo ela "ele não serve para ser namorado de ninguém". Não que eu discordasse.

— Podemos não falar sobre isso agora? — Praticamente implorou com o olhar. 

— Então, como está indo as aulas intensivas de magia natural, Lizzie? — Perguntei, principalmente para ajudar Hope, mas também porque minha irmã odiava suas intensivas mas tinha notas péssimas em magia natural mesmo sendo seu último ano.

Hope me agradeceu baixinho e nós voltamos a olhar para minha gêmea, que desengatou a reclamar sobre suas aulas. 

— Sinceramente, um horror, aquela bruxa velha da Amélie é tão lerda para explicar que em dez minutos de aula eu fico com sono.

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— Ele finalmente apareceu — MG suspirou, negando com a cabeça. Olhei na mesma direção que ele só para ver Landon entrando na biblioteca com a cara mais lavada do mundo. 

Aparentemente Hope o viu também, porque se levantou da mesa apenas para ir até ele. Ela o agarrou pelo punho e o saiu levando para outro lugar fora de nossas vistas. Então eles iram brigar, passar o dia inteiro um longe do outro apenas para estarem juntos de noite como se nada tivesse acontecido. Até quando? Dessa vez foi eu quem suspirou e meu amigo tocou meu ombro, em conforto.

Lembrei-me da carta em minha mochila e a peguei. Quase nunca lia inteiramente a carta porque o final era sempre o mesmo. Penélope começava contando seu mês, me falava como era legal sua academia e como eu gostaria de conhecer os lugares de lá e no final, me chamaria para ir a Bélgica com ela, para estudar na Académie des Sorcières Colline e junto da carta haveria uma passagem só de ida para a Bélgica. Recebo o convite de Penélope todo final de mês, há um ano e meio. 

Looking Through Your Eyes | HosieOnde histórias criam vida. Descubra agora