Era um espaço em branco, não havia nada, nada além de Josie. Jogada em uma poça de sangue, a dor alucinante em seu pescoço foi o que a fez acordar, mergulhada no líquido vermelho que escorria infinitamente de seu próprio pescoço. O longo vestido que usava e que deveria ser branco, estava manchado, molhado e pegajoso.
A bruxa levantou seu tronco, usando seus braços para se apoiar, se situando no meio de tanto nada. Buscou encontrar algo ao alcance de sua vista. O ambiente era assustador e vertiginoso, a absoluta falta de paisagem foi capaz de aterrorizar Josie, que lutava contra a dor que sentia. Estava sozinha e assustada, seu coração batia fortemente dentro do peito mas ela sequer sabia se estava viva.
Como um sopro de sanidade, uma voz ecoou por toda a extensão do local, como se atravessasse o corpo inteiro da morena. Era a voz de Penélope, cantando.
— Pez? — Josie levantou-se com dificuldade, conforme ela se sustentava de pé, o espaço ao seu redor mudou lentamente, tomando a forma da floresta branca de neve.
As árvores cresceram mais altas do que os olhos castanhos poderiam alcançar. Um caminho de terra se abriu e o sangue que escorria do pescoço de Josie formava uma uma grande trilha que se seguia à sua frente. Como se ela fosse a própria nascente de uma queda d'água.
Os olhos vacilantes acompanhavam o trajeto se abrir e o horizonte se formar, as suas costas, um grande paredão de terra. Tudo indicava para ela seguir em frente pela trilha vermelha.
Sem outra opção a não ser ficar parada, ela andou no caminho de sangue. Houve por um momento, uma sensação estranhamente reconfortante ao afundar ainda mais seus pés no plasma quente, que a afastou do frio intenso que vem das árvores ao seu redor, o sentimento a fez caminhar lentamente pelo caminho que se abria diante de seus olhos.
Era brutal, selvagem, vivo, afável, potente, seu. Cheio de magia e de Josie.
— Penélope? — Ela a chamou, procurando ao seu redor por pelo menos a sombra da garota.
Levantou a barra de seu vestido para caminhar melhor, segurando o tecido na altura das coxas. Caminhou e caminhou pela trilha que não parecia ter mais fim.
Um grito alto, o grito de Lizzie se sobressaindo da cantoria calma de Penélope chamou a atenção da gêmea. Alguns metros à frente, a figura de Lizzie apareceu quase como um fantasma. Ela estava translúcida. Assustada, os fios loiros caiam em frente ao rosto. Josie não conseguia ver muito da distância em que estava, então ela correu.
Lizzie olhava para baixo, olhando algo no chão em desespero.
— Eu não sei, é uma sensação estranha… Algo está estranho e eu não consigo parar — As árvores ao redor da garota começaram a sacudir violentamente, como se uma grande ventania estivesse soprando, mas não havia vento.
— Lizzie fala comigo! — Josie pediu, tentando seu possível para alcançar a irmã, mas o sangue se tornou mais denso, segurando seus pés e os puxando de volta para o chão.
A sifã mais nova começou a andar de um lado para o outro, as mãos tremendo. Seus olhos se fixaram em um ponto do nada, e ela puxou o ar com a boca.
Quanto mais Josie tentava alcançar Elizabeth, mais ela parecia desvanecer.
— Por favor — A morena implorou. Não sabia a quem, mas implorou.
— Algo aconteceu com a Josie — E Lizzie sumiu.
A queimação em seu pescoço voltou com força total. Josie quase perdeu as forças novamente. Ela estava atormentada.
— Não! Não, não, não, não. Volta por favor! Por favor…
Seus pulmões endureceram depois do último grito deixar sua garganta. Ela tremeu. Não era possível, tudo estava voltando novamente. Ela abriu a boca tentando respirar nem que fosse um sopro de oxigênio. Josette se dobrou de dor, ardia e pela primeira vez ela sentia o sangue de verdade. Começava pelo pescoço e descia se espalhando pelas costas, ombros e peito.
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Looking Through Your Eyes | Hosie
FanfictionUma série de fatores levam Josie Parker deixar seu lugar de origem e viajar para Bélgica, onde pretende começar uma nova era em sua vida. Ela só não esperava pelas reviravoltas turbulentas que iriam começar com essa mudança.