08 - Final Countdown

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Bruxesville, Valônia

O sol ainda estava se pondo, o lindamente céu tingido em um degradê de laranja e roxo. Os ventos estavam sacudindo as árvores gigantes e agitando os cabelos loiros do jovem que repousava sentado em um galho grande e alto, onde seus irmãos não poderiam vê-lo escondido entre as folhas.

Aproveitando o clima ameno após nevasca — uma vez que não pode sair de casa nos últimos dias com tanta neve e vento muitíssimo mais forte —, ele olhava para o alto, visualizando a paisagem mudar aos poucos para o céu noturno enquanto a mesma playlist tocava rapidamente em seu fone de ouvido. Ele apertava um medalhão bronze contra peito, tão forte como se aquele contato fosse trazer de volta a pessoa cuja memória era guardada em formato de fotografia dentro da antiguidade. 

— Luka? — Seu nome foi chamado. Seu irmão estava o procurando. 

Em sequência o choro de uma criança soou mais alto que o volume da música que ele escutava e seus olhos então buscaram no chão pela figura pequena e rechonchuda de seu caçula. Ele soltou um suspiro ao ver um homem na casa dos vinte anos adentrar o cercado de madeira aberto, ele carregava no braço direito um menininho de três anos e segurava a mão de uma menina de cinco. Seu próximo ato foi virar-se para o lado, deixando seu corpo cair do alto da árvore. 

Luka caiu com os dois pés no chão, atrás do homem, definitivamente maior que si próprio. A menina tomou um susto, dando um pulinho e gritando com barulho repentino enquanto o cara virou-se. O bebê parou de chorar no momento em que viu o rosto do rapaz, estendendo os bracinhos para que o pegasse. 

— O que você estava fazendo lá em cima? — O homem entregou o bebê de olhinhos vermelhos de choro.

— Me escondendo de você e de Michael. Principalmente do Michael — Revirou os olhos, agarrando-se ao garotinho —  Ele tá um pé no saco gigantesco.

Mesmo que quisesse continuar em seu galho, não conseguia ignorar o choro de seu irmão menor que só escutava a ele e agora estava mais carente e sensível do que nunca. 

— Belo lugar para se esconder — Ele olhou para cima, só conseguia ver folhas. — Elliot estava fazendo birra para te ver, só por isso eu o trouxe. E também porque choro começou a deixar o Michael irritado, ele anda bastante emocional.

— Todos estão emocionais Jean, o papai morreu — Respondeu — Mas não é por isso que vamos descontar nossas frustrações nos outros. Pelos menos não a maioria de nós. Não é Louise? 

A menininha que procurava algo para brincar nos arredores virou seus olhos grandes e azuis para o irmão e mesmo que não estivesse acompanhando a conversa e não fizesse ideia do que estava sendo dito, ela concordou. 

— É! 

Os dois sorriem fraco com a convicção e inocência de Louise. 

O clima entre eles ainda estava estranho, a sensação mórbida os cercando de todos os lados, não importa onde e com quem estivessem. Todos estavam de luto, cada um levando de um jeito diferente, mas estavam. 

Sempre fora o mais sensível entre seus vários irmãos, o mais sentimental e também o mais pacífico. Estava tentando mesmo se manter neutro e respeitar o próprio luto enquanto seu outro irmão, o agora mais velho de todos, procurava com o resto da alcateia por evidências que os levassem até os assassinos de seus companheiros, incluindo na nota fúnebre, seu pai o alfa e sua irmã mais velha. 

Para Luka era um enorme desrespeito com os que se foram que eles não pudessem ao menos respeitar os sete dias de luto e manterem-se quietos, porém no momento em que a repentina tempestade baixou, Michael convocou um grupo de busca e queria arrastar o garoto loiro nessa, levando-o a se esconder no segundo em que o mais velho tirou os olhos dele.

Looking Through Your Eyes | HosieOnde histórias criam vida. Descubra agora