capitulo 15

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Falei que ia voltar mais rápido, ? Então estou eu com mais um capítulo lindo pra vocês. aviso que temos yastel nesse.

Comentem muito e aproveitem o capítulo.

Dessa vez, eu consegui manter meus olhos
abertos. Pude ver todos os borrões nos quais os prédios, árvores, pedestres e carros tinham se transformado com a velocidade contrastando com o cinza tempestuoso do céu. Pude aproveitar o vento revigorante de cada metro velozmente percorrido pela moto de Fernanda, que roncava alto como se tivesse vida própria e gostasse da adrenalina. Pude sorrir com a sensação gostosa de estar praticamente voando sem asas.

Diferente da ida, paramos em vários sinais
vermelhos. E em nenhum deles, Fernanda
sequer demonstrou se lembrar de que eu estava bem atrás dela, agarrada com
firmeza às suas costelas. Mesmo sem poder
olhar em seus olhos, eu soube que aquela
era novamente a Fernanda de sempre. Ela
tinha voltado a se trancar em seu casulo
impenetrável, e eu sabia que eu talvez não
voltasse a ver o que se escondia dentro dela. Porque eu não pretendia me deixar cair na tentação novamente. Eu não podia fazer isso com Yasmin, por mais difícil que fosse resistir à atração que Fernanda exercia sobre mim.

Não demoramos a chegar à minha casa.
Assim que ela estacionou a moto, eu desci e
entreguei seu capacete, que ela colocou no
bagageiro sem nem me olhar. Eu a observei
subir na moto outra vez, com sua expressão
indecifrável, e finalmente tomei coragem de dizer alguma coisa.

- Hm, obriga...

Nem bem eu abri a boca, um ronco de motor ecoou e ela foi embora. Suspirei, sem nem me dar ao trabalho de terminar a palavra. Eu já devia saber desde o início que seria assim, Fernanda não era o tipo de mulher que se preocupava com os sentimentos dos outros. Pelo menos não a Fernanda que eu estava acostumada a ver.

Entrei em minha casa vazia e calmamente
subi até meu quarto, sem saber direito o que fazer nem o que pensar. Eu já não me sentia tão culpada como da primeira vez ,e algo me dizia que o motivo pra isso não era dos mais angelicais. Eu não tinha me esquecido de que aquilo era errado e muito menos tinha deixado de amar Yasmin, mas ficar com Fernanda era melhor do que praticamente tudo. Poucas vezes eu me lembrei de querer tanto alguma coisa como eu queria agora. Eu queria passar o tempo todo sentindo os arrepios que as mãos dela provocavam em meu corpo, me sentindo tão desejada apenas com um olhar, o olhar dela, sempre intenso em mim como se eu fosse sumir num piscar de olhos.

Me perguntei por um momento se Fernanda estaria arrependida por ter me levado até sua casa, ou pelo que fizemos. Me perguntei se ela já havia se cansado de mim, se já tinha realmente conseguido o que queria, como ela mesma disse uma vez, mas não consegui me convencer de que isso tenha sido a razão por trás de sua frieza. Se ela havia esperado e insistido por tanto tempo para finalmente me fazer ceder, ela já teria conseguido se entediar tão cedo? Talvez fosse algum motivo que eu não tivesse como descobrir, ou talvez fosse o mesmo sentimento que eu carregava comigo: culpa por Yasmin. Tudo bem, retiro o que disse, Fernanda não sentia remorso nem culpa por nada, isso estava mais do que claro.

Estava tão imersa em pensamentos que
só voltei a prestar atenção no que estava
fazendo quando um trovão ecoou pelo
quarto, e eu me encontrei deitada em minha cama, encarando o teto. Coloquei uma mão dentro do bolso da calça e de lá tirei o bilhete que Yasmin havia me dado na escola. Fechei os olhos, apertando o papelzinho em meu peito, que pulsava de acordo com meu coração acelerado. Por menos culpada que eu me sentisse em relação a Yasmin, fato que continuava me fazendo sentir um monstro, eu ainda estava refletindo sobre tudo que tinha feito com Fernanda. E por mais que eu tentasse pensar em Yasmin durante o resto do dia, meus pensamentos voltavam a ser atraídos para a professora Bande, como um disco irritantemente arranhado, ainda mais com o tempo chuvoso e cinzento, que só me fazia lembrar da comparação que Fernanda havia feito. Naquele dia, o tempo realmente poderia ser comparado ao meu estado emocional.

My Biology - Adaptação PitandaOnde histórias criam vida. Descubra agora