- Kyle... Kyle...
É a voz dele me chamando para despertar. Abro os olhos lentamente e enxergo David, iluminado pela luz da lua enquanto está sentado ao meu lado. Reparo que ele está vestido com aquelas roupas masculinas que fazem jus ao seu estilo. Jaqueta e calça jeans, camisa preta e botas de couro. Ao contrário dele, ainda estou nu e coberto pelos lençóis, deitado em sua cama.
- Vai à algum lugar? - indago, sonolento.
- O carro da sua mãe pregou no meio da estrada. Ela me ligou pedindo pra eu ir até lá ajuda-la. Se importa de ficar sozinho por algumas horas?
- Fazer o que, né? Vai lá. Eu vou ficar bem.
- Não seja maldoso - ele ri.
- Eu queria ter você só pra mim.
Ele me beija na testa e se afasta. Com uma última olhada pra mim, ele fecha a porta. O relógio digital da cômoda marca exatamente onze da noite. Eu devo ter pegado no sono umas oito horas. O sexo me causou exaustão, porém uma satisfação inegável. Saboreio as lembranças do ápice ouvindo meu padrasto tirar a viatura da garagem e partir. Mais uns minutos e volto à dormir.
Acordo novamente. Dessa vez, com alguns barulhos vindo do andar de baixo. É o tilintar da campainha. Checo o horário, que marca 2 da manhã. O chamado soa de novo. Reviro os olhos, automaticamente irritado pela perturbação. Que infeliz viria até em casa em plena madrugada?
Pulo da cama, visto minha cueca e saio do quarto. Faço questão de demorar alguns minutos no meu quarto só pra vestir o pijama. Na real, tô cagando pra quem seja e seria uma benção se esse indivíduo fosse embora achando que não tem ninguém. No entanto, e se for mesmo importante?
Apanho meu celular, desço as escadas e me aproximo do Hall. Cuidadosamente ando até a janela e me agacho. Enfio os dedos entre a persiana, abrindo uma brecha pra eu espiar. Eis que uma sombra aguarda de pé em frente a porta.
Era pra lâmpada da varanda estar acesa, assim a escuridão não ocultaria o rosto do que acredito ser um homem. Sim. É um homem. Mas quem é ele? Mais uma vez ele toca a campainha.
O celular vibra na minha mão. Ligo o aparelho e visualizo na tela umas mensagens de um usuário desconhecido. Clico no chat e meu sangue vira gelo.
Kyle!
Não abra a porta!
Se esconda!
Isso é uma ordem!
Espantando, digito uma resposta às pressas.
Quem é você?
E o anônimo responde:
Alguém que quer salvar a sua vida.
Nessa hora, toda a atmosfera da casa é acorrentada por um medo rastejante. Corro escada à cima. Pulo pra dentro do meu quarto e tranco a porta. Ao mesmo tempo, ouço, apavorado, o homem andando pela casa.
Na ponta do pé, deito no chão e rolo pra de baixo da cama. Ligo o celular e visualizo mais mensagens do meu anjo da guarda.
Eu já liguei pra polícia. Eles estão indo pra sua residência. Só fica quieto e não faça nenhum barulho. Ou ele vai pegar você.
Teclo nas teclas e envio.
Quem é esse cara? O que ele quer? Quem é você?
O usuário manda: É o meu marido. Richard. Ele tentou me machucar. E agora tá indo atrás de você. Quem tá falando sou eu: Sarah Vaughan.
É A SRA. VAUGHAN!
A maçaneta faz barulho. Richard está do outro lado, no corredor, tentando empurrar a porta. Meu coração se agita como nunca se agitou antes e já estou soando frio.
Digito mais uma mensagem e mando pra Sarah.
Ele tá aqui. Ele quer tentar entrar no meu quarto. Estou de baixo da cama.
Ela responde: Que Deus lhe ajude, meu rapaz. Reze para que nada lhe aconteça. Reze.
Desesperado, fecho os olhos e clamo a Deus para que Ele intervenha agora mesmo. Reúno todas as forças em meu coração, agarro-me na esperança de conseguir sair vivo. Não sei o que o invasor fará caso me pegue.
Richard Vaughan. Nunca conversamos. Ele só me encarava, assim como fez hoje mais cedo. Havia algo de errado desde que a esposa dele veio em casa procurar por ele, e também, sempre que eu o avistava. Quem sabe eu fosse um escolhido. Um nome na sua lista. Pra fazer o que? Nada que fosse bom.
Penso em minha mãe, que ainda está na estrada, eu acho. Penso em David, que eu queria tanto que estivesse aqui. Ele iria deter o invasor, ele foi treinado pra isso. Já eu, não. E essa é a coisa mais aterrorizante vibrando na minha frente.
Um baque forte é dado contra a madeira. Depois mais outro. E de novo. Outros cinco. E um som despedaçado fura os meus ouvidos. Consigo ver os pés dele, calçando botas de borracha, andando cautelosamente em volta. Estou tremendo e paralisado com a respiração desregularizada. Logo ele para de frente pra mim.
Ele se agacha, levanta a colcha e sorri para mim.
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Padrasto Selvagem (Conto Gay) - Macho Sujo Safado
RomanceEm Lake City, o jovem estudante Kyle Garnier terá que passar uma noite em casa com o seu padrasto e policial, David Bourne, enquanto sua mãe, Megan, viaja para visitar o pai em Clearwater. O que ela não sabe é que seu marido só queria uma oportunida...