14.

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- olá. - susurrou joão ao meu ouvido.

- olá. - dei lhe um beijinho.

- podemos ir lá fora? - ele pôs as mãos nos bolsos.

- claro. - sorrimos.

- estás desconfortável com a margarida aqui? - perguntou ele.

- porque estaria? - estranhei.

- ela é minha ex, ex namorada. - contou ele.

- e? ainda gostas dela? - suspirei.

- não, preferia matar-me. - sorriu.

- então para quê este assunto? - disse.

- ela esta com ciúmes, provavelmente esta noite vai correr mal. - ele engoliu em seco, estranhei.

- o que pode acontecer de mal? de que tanto tens medo joão? - disse.

- não tenho medo, é só estranho. - disse ele fazendo me arquear as sobrancelhas.

- mas sei.. - encostou-me a uma parede.

- não quero que ela me arranque os olhos. - ri-me.

- isto nunca me ocorreu, nem com a margarida ou qualquer outra. - pausa. - é a primeira vez que não me consigo controlar. - a mão dele subiu pelas minhas pernas.

- bom saber. - tirei a mão dele da minha perna, quando margarida aproximou-se.

- querem jogar verdade ou consequência? estamos lá dentro. - ela entrou denovo na discoteca.

- queres? - joão perguntou.

- porque não? - disse.

joão estava estranho, demasiado estranho, a face dele não me favorecia.

- vamos então. - entramos os dois na discoteca.

o encaracolado que me comprimentou primeiro não tirava os olhos de mim, fazendo joão cerrar o maxilar.

- beatriz costa. - margarida olhou me com um olhar desafiador, olhei para ela com o mesmo olhar.

- verdade ou desafio? - levou a bebida á boca, pousando-a 5 cm ao seu lado.

- desafio. - sorri para ela.

- sem ser o joão, beija o primeiro gajo que ias para a cama, assim, num piscar de olhos. - sorriu de volta.

odeio-a tanto.
joão olhou para mim como quem diz, eu sabia que isto não era uma boa ideia.
com seu olhar tive a autorização de dar um beijo a alguém.
ajoelhei-me para beijar o encaracolado.
quando o beijo acabou joão levantou-se da roda e foi á casa de banho.
ia me levantar.

- ele já vem. - margarida disse.

levantei-me na mesma.

- é um jogo joão, uma porra de um jogo, queres que pare o jogo, eu paro, bastava teres dito. - beijou me fortemente.
não percebi a sua reacção.

- não estás chateado ou algo assim? - ele abanou a cabeça abrindo a porta para voltarmos á roda.
joão foi desafiado a beijar uma gaja, e lá estava eu a fingir que não tinha ciúmes porque não passava de um jogo patético.

joão pediu para um amigo dizer uma verdade, já que o mesmo tinha escolhido verdade.

depois veio para mim, denovo, ficamos nisto uns 45 minutos, quando a verdade chega a joão.

- conta-lhe. - margarida leva o último golo á boca.

- margarida. - joão disse.

- dizer-me o que? - perguntei preocupada.

- nada. - joão enterrou o assunto.

- vais desembuchar agora. - disse.

- queres que mostre? - margarida sorriu para joão.

joão não abriu a boca, margarida desbloqueou o seu telemóvel, virando-o.

no vídeo estavam numa casa, casa de joão.
ele dizia, ele dizia que conheceu uma menina, e que ia fazer de tudo para que ela se apaixonasse por ela, e no meio de tudo ia deixa-la, sem mais nem menos.

- é verdade? - disse com um oceano nos olhos.

o olhar dele, o olhar dele disse-me tudo o que eu não queria.
levantei-me da roda a ir chorar lá pra fora, pronta para pedir um uber para ir para casa.

- ei, bia. - ele chegou a correu.

- não, não digas nada. - disse ainda a chorar.

- desculpa, eu fiz merda. - disse ele.
- não me deixes assim, porfavor. - implorou.

- não, tu é que me deixaste assim. - disse a chorar imenso.

o novo vizinho - joão neves ;Onde histórias criam vida. Descubra agora