7.

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— precisamos de ir, joão. - engoli de novo em seco.

— não tenho pressa nenhuma. aliás, acabou a época. - vi-o a sorrir para mim.

bufei.

— o que queres fazer? - liguei o carro á espera de resposta.

— cinema, oceanário..tu escolhes. - ele disse depois saí do lugar que tinha estacionado o carro e fomos direitos ao oceanário.

— ótima escolha. - saio do carro para me abrir a porta.

— estou com uma camisola do benfica num date, joão. - ri-me.

— e daí? vamos. - agarrou me pela mão, fomos direitos as lontras.
desde pequena que o meu pai me levava ao oceanário, um sitio bonito, sempre gostei de lontras, sempre as achei totalmente fofas e super habilidosas.
gravei para depois postar nos meus stories.
quando fomos lá para dentro, para ver os peixes, joão tirou me uma foto completamente destraida.

— ei! - cruzei os braços.

— o que? não fiz nada. - guardou o telemóvel no bolso e olhou a redores.

suspirei fundo e depois ri-me.

— olha para este. - joão apontou para um peixe amarelo e azul, parecido com a dory, do filme "á procura de nemo".
também teve direito a foto.
olhou para mim com os braços cruzados.

— também tiras te uma minha! - ri-me.

— vais apaga-la. - ele cruzou os braços.

— porquê? - ri-me quando ele tava a tentar pegar o telemóvel da minha mão, mas o que aconteceu é que ficamos demasiado perto.
estamos agora mais ou menos 5 centímetros um do outro.
ouve-se os suspiros de joão.
tive de virar o rosto porque estavamos quase a beijar-nos.

— eu quero ver um destes. - afastei-me concentrei-me nos peixes que estavam por tras do vidro.
joão deu alguns passos para se fixar ao meu lado, com as mãos nos bolsos, também a olhar diretamente para o vidro.

— porque é que sempre te esquivas? - perguntou ele, ainda a olhar para os peixes.

— não sei do que falas. - tirei uma foto a um peixe que tinha achado giro e voltei a guarda-lo no bolso.

— sabes sim, biatriz. - olhou para mim.

olhei para o ecrã do telemóvel que tinha as horas, eram 23h30, horas de o oceanário fechar.

— deviamos ir. - apontei para a saída, atrás de mim.

— sim, claro. - fui á sua frente a caminhar até ao carro, quando subimos pelo prédio, dissemos apenas um "boa noite".

porque é que simplesmente não o beijei? simplesmente porque tenho medo, tenho medo de voltar a sentir uma chama, tenho medo, tenho medo de que ele me possa magoar, eu tenho medo de o magoar, a verdade é que o ano passado foi dignosticada com cancro, e sim, estou cheia de medo que volte, por mais que seja impossível, não lhe disse nada, pois tenho medo que ande comigo por pena, e não por amor.
bem, foi um grande dia, boa noite.

o novo vizinho - joão neves ;Onde histórias criam vida. Descubra agora