[04] Luxúria

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Luxúria. Sob a ótica cristã, um dos sete pecados capitais.

Acredito eu ser uma característica natural dos seres humanos. Uma busca pelos prazeres carnais, desordenada, ilimitada. E eu tenho lidado a minha vida inteira com esse sentimento; impulso sexual forte, atração excessiva por contato físico sexual; apenas sexo.

A luxúria é impaciente, escravizadora, sem compromisso... É egoísta, busca excepcionalmente um corpo que satisfaça nossos desejos. E quando se trata do proibido, ela expressa-se desenfreadamente.

De qualquer forma, eu não sou devoto ao cristianismo.

Chan-yeol voltou quatro dias após a minha noite com o Jeon — muito mais cedo do que o previsto. E eu me sinto aliviado por finalmente ter a companhia do moreno, eu detesto ficar sozinho nessa casa enorme.

Após um banho quente e relaxante, eu estou em frente ao espelho aplicando um pouco de hidratante em minha face. Minhas olheiras estão bastante evidentes, resultado das últimas noites mal dormidas.

Ouço a porta do banheiro ser aberta. Pelo reflexo do espelho, eu vejo Chan-yeol entrar no cômodo e caminhar em minha direção — vestido em uma camiseta que valoriza seus bíceps e um short leve. O moreno tem um corpo bonito, quatro anos mais velho e um olhar marcante. Seus lábios são pequenos e finos, porém atraentes.

Sinto os seus braços envolverem a minha cintura, os lábios molhados depositando selares suaves em meu pescoço. O perfume do moreno é suave, acolhedor.

— O seu cheiro é muito bom... — Sorrio para o homem através do reflexo do espelho. Chan sempre elogia o meu cheiro, na verdade, ele está sempre me elogiando. — Está bem?

A pergunta não é exatamente sobre o meu estado de saúde. O seu "Está bem?" pode ser interpretado como um "Podemos transar hoje?"

Eu deixo o hidratante facial de lado e me viro dentro do seu abraço. Meus olhos sobem para os seus, desejo nítido em suas íris claras. Bom, eu nunca recusei sexo, e desde a noite intensa e marcante com o Jeon, eu não estive com nenhum outro homem.

Entretanto, eu me excito constantemente somente em pensar nele e em tudo o que fizemos naquela suíte.

É inegável que Jeon Jungkook deixou sua marca em mim — e não me refiro somente aos chupões ainda presentes por todo o meu corpo, quase imperceptíveis. Um homem nunca me tocou ao ponto de ficar grudado em meus pensamentos, afetando a minha rotina.

Em resposta ao meu esposo, eu beijo os seus lábios — um beijo lento e não profundo.

Os lábios finos e pequenos contornam os meus com suavidade, inconscientemente, eu busco por uma sensação específica.

Contudo, não há.

O seu beijo não causa cambalhotas em meu estômago. Não me deixa tonto ou entregue, é apenas um simples beijo, como qualquer outro.

Chan-yeol desfaz o nó do meu roupão, expondo o meu corpo nu. Seus lábios deixam os meus, os olhos pesados descendo para o meu corpo.

— Parece que alguém fez um belo trabalho por aqui... — Suas expressões faciais se tornam frias, o tom de voz soa como irritação, amargo. Eu ergo minhas sobrancelhas, confuso com a sua reação inesperada.

— Chan-yeol? — Chamo sua atenção para mim. Ele me olha, suavizando suas expressões em um estalar de dedos. — Foi só mais um caso com um desconhecido, uma noite sem importância. Nada fora do comum.

Meu tom de voz é firme. Mais do que Chan-yeol, eu quero cegamente acreditar em minhas palavras, como se elas fossem a minha única salvação em meio a todo esse mar agitado.

Flames, jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora