🌺Capítulo dez

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  Suas feições estavam congeladas em puro choque, podia sentir—facilmente—seu corpo esfriar.

  — Por quê?! 

  Era uma pergunta idiota, de fato. Mas estava chocado demais para pensar.

  — Porque eu te amo?! E quero que você passe todos os milênios junto a mim!

   Sem resposta, encarou o chão, apoiando as mãos na cintura, seu melhor amigo o olhava igualmente desacreditado. Precisava de uma boa resposta e definitivamente não a tinha.

  Quando enfim, sua atenção foi direcionada a Dante, ele estava de joelhos, com o buquê em uma mão e a caixa aberta na outra. Lentamente, tampou a boca.

  "Eu creio em Deus e creio que isso é um sonho!"

  — SANTO ANTÔNIOOOO! — Giovanni gritou eufórico, tirando-o na marra do transe. Ele o sacudia pelos ombros, pulando a sua volta. — ANASTASEEE! DIZ ALGUMA COISA!

  —Pô... valeu, Dante! — Sorriu constrangido, fazendo um joinha com a mão, tentando apenas não piorar aquilo.

  — Que "valeu, Dante"! Ele tá te pedindo em CASAMENTO!

  — Fica calmo Giovanni! —  Se sacudiu nervosa, batendo os pés na grama. — Não posso me casar com você, Dante!

As sobrancelhas escuras franziram-se e em seguida, o dono delas se ergueu. Ele o olhou notoriamente confuso, como se encarasse um bicho de sete cabeças.

  — Por que não?

  — Você não me conhece e eu não te conheço. Não sei nada sobre você e nem você sobre mim! Somos dois estranhos um para o outro!— Justificou-se receoso, juntando as mãos a frente do corpo.

  — Eu não te entendo! Como pode dizer que não nos conhecemos depois de tudo aquilo?! Como pode ser tão leviano? — Ofendido, abaixou o buquê e fechou a caixa de veludo, o olhando inconformado.

  — Eu que não te entendo! Eu não sou leviano por não querer me casar com você! É um casamento! E eu nunca quis nada com você! Qual o seu problema?!— Não poderia deixar de sorrir levemente em dizer aquelas palavras, estavam afogadas a tempos.

  — Qual o seu? Por que está agindo dessa forma comigo? O que eu te fiz? Nós nos dávamos bem antes de você vir até aqui, fazer só Deus sabe-se lá o que! Por que me trata como se eu fosse um estranho?

  — Porque você é um estranho! Nunca nos demos bem. Eu aturei você no meu pé. Não se iluda. Eu não vim aqui para fazer "sabe-se sei lá o que"! Eu vim a trabalho!

  — Você está agindo assim, por causa de um homem?

  — O quê?

  — Você tá agindo assim, por causa daquele criminoso, que vive como um animal selvagem aqui?

  Se palavras pudessem corroer a alma e rasgá-la em pequenas e finas tiras, aquelas teriam esse efeito. Seu corpo que antes estava gelado, esquentou em segundos, podendo sentir seu coração acelerado, pela raiva repentina que o domou.

  — Modere suas malditas palavras para falar dele. — Seu tom rígido, foi ditado em parcelas, sentindo seus dentes rangeram.

  Pelo canto dos olhos, pode ver Giovanni suspirar e revirar os olhos, impaciente.

  — Você com esse seu complexo de superioridade, sempre em busca de pessoas que alimentem seu ego. Era óbvio. Eu deveria imaginar, que vindo de você, poderia acontecer qualquer coisa. Fácil como sempre.

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